Mulheres da Amazônia


escrito por: Tricia em quinta-feira, outubro 26, 2006 às 4:53 PM.



Essa fotografia me marcou. A expressão do olhar determinado dessa mulher desmanchou toda e qualquer coragem que eu tenho de me orgulhar de alguma coisa que faço na minha mediocre vidinha de capital. Ela mora na floresta Amazônica, e está levando os filhos, incluindo um bebê recém-nascido (no colo) pro roçado que fica hà TRÊS horas de distância rio "acima".

Essa foto foi retirada desse site maravilhoso cuja coletânea de imagens deixa qualquer um de queixo caído, e cujo objetivo é mostrar a vida de mulheres que moram nas regiões mais afastadas do badalado sudeste.

Simplesmente imperdível e emocionante.

Site do fotógrafo Pedro Martinelli*

*Em 1997 é Indicado para o Prêmio Estadão Cultural. Publica os livros Casas Paulistanas (São Paulo, 1998), Panará a Volta dos índios Gigantes (com exposição individual no SESC Pompéia, São Paulo, 1998) e o livro Amazônia o Povo das Aguas (com exposição individual no Museu de Imagem e do Som, São Paulo, 2000) É fotógrafo independente, tendo inúmeras reportagens publicadas nos principais periódicos do país. Dedica-se a documentação fotográfica da Amazônia desde 1970, registrando o primeiro encontro dos índios Panará com o homem branco, as queimadas ou a pesca do pirarucu. Busca respostas para perguntas tais como quem é o homem da Amazônia, como vive, como se relaciona com o próximo e com o meio em que habita? Trabalha atualmente no livro As Mulheres da Amazônia.

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autoras: Nilce Xavier de Souza Machado[1], Neide de Souza Praça[2]

RESUMO

Levando em conta os vários estudos e reflexões a respeito do novo modelo de assistência ao parto e nascimento assistência humanizada), e trabalhando como enfermeira obstétrica em um Centro de Parto Normal, surgiu o questionamento a respeito desse conceito, devido às diversas conotações dadas a esse termo. Este artigo foi produzido com a finalidade de divulgar nossa proposta de substituição da expressão “assistência humanizada ao parto”, por “assistência obstétrica centrada nas necessidades da parturiente”, e de discorrer como essa assistência é prestada no Centro de Parto Normal do Hospital Geral de Itapecerica da Serra (SP), que segue um protocolo de condutas obstétricas e normas preconizadas pelo Ministério da Saúde.

DESCRITORES: Humanização do parto. Enfermagem obstétrica. Assistência centrada no paciente.


* Extraído da Dissertação:

“ Infecção puerperal em um Centro de Parto Normal”, Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP), 2004.

1 Enfermeira Obstétrica do Hospital Geral de Itapecerica da Serra, SP. Mestre em Enfermagem Obstétrica e Neonatal pela EEUSP.
nxsm@ig.com.br
2 Enfermeira Obstétrica. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da EEUSP.
ndspraca@usp.br.

Rev Esc Enferm USP
2006; 40(2):274-9.
www.ee.usp.br/reeusp/

INTRODUÇÃO
Desde meados da década passada, vem se disseminando pelo país um modelo de assistência obstétrica, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que
realça a mudança no olhar do profissional de saúde sobre a parturiente e sua família. Trata-se dos Centros de Parto Normal.

Os Centros de Parto Normal atendem as normas preconizadas pelo Ministério da Saúde(1), conforme Portaria 985/99 GM. Constituem-se em unidades de atendimento ao parto normal, localizadas fora do centro cirúrgico obstétrico. Dispõem de um conjunto de elementos destinados a receber a parturiente e seus acompanhantes, permitindo um trabalho de parto ativo e participativo, empregando práticas baseadas em evidências recomendadas e que os diferenciam dos serviços tradicionais de atenção obstétrica. As primeiras recomendações para esta modalidade de assistência foram citadas pela Organização Mundial da Saúde, em 1996(2).

Vale destacar que os Centros de Parto Normal surgiram com o objetivo de resgatar o direito à privacidade e à dignidade da mulher ao dar à luz num local semelhante ao seu ambiente familiar, e ao mesmo tempo garantir segurança à mãe e seu filho, oferecendo-lhes recursos tecnológicos apropriados em casos de eventual necessidade. Seguem um padrão de procedimentos previamente estabelecidos e que direcionam as ações que realizam.

O estímulo à implantação deste modelo de assistência, no país, ganhou força, a partir da década de oitenta, quando o movimento de mulheres, no Brasil e no mundo, passou a questionar as práticas obstétricas de rotina e apresentar propostas para humanizar o atendimento(3).

Nesse período disseminou-se a divulgação de que na maioria dos países desenvolvidos a assistência ao parto e nascimento de baixo risco fundamenta-se na atenção prestada
por enfermeiras obstétricas e por parteiras especializadas, cuja formação está voltada para o suporte emocional e o atendimento da mulher e do recém-nascido, sem interferir no processo fisiológico do parto, permitindo à mãe vivenciar esse momento de forma prazerosa e segura. Este modelo de assistência prevê que, durante a gestação, a mulher tem a oportunidade de estabelecer o plano de assistência ao parto, junto com o profissional que a atende, e seu primeiro contato, como parturiente, se dá na primeira relação com os profissionais não médicos, garantindo-se, contudo, o acesso a níveis de assistência de maior complexidade.

Este movimento de mudança na assistência obstétrica envolve, também, legitimidade profissional e corporativa, com um redimensionamento dos papéis e poderes na cena
do parto, com o deslocamento da função principal no parto normal, do médico obstetra para a enfermeira obstétrica (procedimento legitimado pelo Ministério da Saúde), e do centro cirúrgico (palco da ação) para a sala de parto ou casa/centro de parto(4).

No espaço hospitalar, existe uma série de obstáculos para se implantar uma metodologia de assistência que promova o parto normal. A equipe de saúde não aceita com tranqüilidade a mobilidade da mulher, e ela própria sente-se pouco à vontade para decidir sobre os procedimentos de seu parto. Sobrepondo-se a essa situação, os Centros de Parto Normal tornam menos hierarquizadas as relações entre as parturientes e os prestadores de cuidados, e oferecem um ambiente onde a mulher sente-se mais à vontade diante dos eventos que a circundam(5).

O Ministério da Saúde(1), exercendo seu papel normatizador, implantou um conjunto de ações por meio de Portarias Ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da
assistência obstétrica e de regulamentar a atuação do enfermeiro obstetra na realização do parto normal sem distocia, aplicando práticas baseadas em evidências.
Essas considerações nos mostram a estreita relação entre os Centros de Parto Normal
e a assistência obstétrica baseada em evidências, ambos tendo a enfermeira obstétrica
como principal aliada e implementadora.

Considerando essa situação e levando em conta os vários estudos e reflexões a respeito do novo modelo de assistência obstétrica ao parto e nascimento - assistência humanizada em Centro de Parto Normal - julgamos que a expressão assistência humanizada não reflete a abrangência da assistência prestada nesses serviços de assistência ao parto e nascimento, o que originou nosso questionamento a respeito desse conceito. Acresce-se o desgaste do termo pelas diversas conotações a ele atribuídas.

Nossa trajetória profissional, como enfermeira obstétrica, com atuação em diversos serviços de obstetrícia, que seguiam o modelo tradicional de assistência ao parto foi
enriquecida pelo trabalho atual no Centro de Parto Normal de Itapecerica da Serra, SP, inserido em uma instituição que tem como objetivo a redução do número de cesarianas e o incentivo ao parto normal. Nele é adotada a tecnologia apropriada
ao parto e nascimento com estímulo à assistência que valoriza as necessidades da parturiente.

Essa experiência, agregada à vivência profissional anterior, motivou-nos a refletir sobre a abrangência do termo assistência humanizada, amplamente empregado pelos órgãos e profissionais de saúde ao tratarem dos Centros de Parto Normal. Este artigo, extraído de pesquisa anterior(6), foi produzido com o objetivo de justificar a proposta de adequação de nova terminologia à assistência prestada a parturiente em Centro de Parto Normal. Sua finalidade é divulgar nossa proposta de mudança de terminologia, melhor adequando o conceito de assistência humanizada ao parto. A expressão assistência humanizada não reflete a abrangência da assistência prestada nesses serviços de assistência ao parto e nascimento


JUSTIFICANDO A PROPOSTA

As presentes transformações no modelo assistencial direcionado à parturiente e a conseqüente valorização do trabalho da enfermeira obstétrica, nos Centros de Parto Normal, para a realização do parto e nascimento, remete-nos à importância de realçar o significado da relação entre assistência e Centro de Parto Normal.

As instituições deveriam propor-se a organizar os serviços de assistência obstétrica na perspectiva da promoção e da facilitação de um parto saudável, fisiológico e da prevenção de possíveis intervenções e agravos, inclusive aqueles resultantes da assistência, como a dor iatrogênica e a lesão genital da episiotomia desnecessária, entre outros(4).

A literatura é rica em trabalhos voltados à assistência à mulher que vivencia o ciclo gravídico-puerperal e que, em sua totalidade, emprega o termo assistência humanizada. Por sua vez, existem autores que referem que para trabalhar com humanização é necessário despojar-se da onipotência própria da formação médica, trabalhando com uma equipe multiprofissional em que o espaço de cada um deve ser respeitado(7).

Na assistência humanizada, demonstrar interesse e compromisso com o outro requer a conscientização dos possíveis dilemas éticos presentes nessa relação. Na proposta de
relação humanizada, as informações a serem transmitidas aos clientes e deles recebidas são fundamentais(8).

A humanização da assistência reside, também, nas relações interpessoais, em especial entre o profissional e o cliente e o acompanhante(9). O relacionamento entre paciente e profissional e instituição é fundamental para o processo de humanização, sendo
este composto por fatores como comunicação, empatia, conhecimentos técnico-científicos e respeito pelos seres humanos(10).

A humanização engloba uma série de diferentes aspectos referentes às idéias, aos valores e às práticas, envolvendo as relações entre os profissionais de saúde, os pacientes, os familiares e os acompanhantes, incluindo os procedimentos
de rotina do serviço e a distribuição de responsabilidades dentro dessa equipe. No entanto, tais fatores tornam- se fragmentados se a experiência do nascimento não
for reconhecida em seus aspectos emocionais(11).

Ao prestar assistência humanizada à mulher, que vivencia o ciclo gravídico puerperal, os profissionais devem desenvolver habilidades relacionadas ao contato com essa mulher, favorecendo sua adequação emocional à gravidez e ao parto(12). Podem também ajudá-la a superar os medos, as ansiedades e as tensões. No modelo humanizado de atendimento, a parturiente e seu acompanhante devem ser recebidos
pela equipe com empatia e respeito, considerando sempre suas opiniões, preferências e necessidades. Acreditamos que a assistência humanizada está representada na expressão assistência centrada nas necessidades da cliente e vale ser aqui apresentada em maior profundidade.

Não encontramos diferencial na assistência a que ambas de propõem, apenas cremos que a segunda apresenta maior amplitude para destacar a real assistência prestada
e os elementos nela envolvidos.

Consideramos que a assistência obstétrica centrada nas necessidades da cliente deva ser baseada não apenas em procedimentos e normas técnicas pré-estabelecidas, mas na valorização da individualidade, visto que o ser humano é diferenciado pela própria natureza por ser racional e possuir características específicas, como caráter, personalidade, sentimentos, opiniões, crenças, desejos, aspirações, valores próprios, dignidade e senso de justiça, que devem ser respeitados, considerados e valorizados. Ao assistir o indivíduo, o prestador do cuidado deve considerá-lo como um todo, com sua subjetividade e complexidade, sendo membro de um grupo familiar e de uma comunidade(13). Deve, ainda, identificar as mensagens enviadas pelo cliente/paciente e reconhecer seus códigos, compreendê-los e atuar de maneira a satisfazer as necessidades de atenção e de cuidado da clientela. Nesse processo de cuidar, não devem ser esquecidos o contexto de vida e os valores que o cliente traz quando de sua internação. Saber identificar as diferenças culturais e individuais contribui para a redução de desequilíbrios entre a assistência prestada e as necessidades básicas da cliente/paciente.

Nesse sentido, o cuidado deve ser oferecido de maneira holística, valorizando-se a pessoa que o recebe(14). Portanto, a parturiente deve ser considerada como um ser biopsico- sócio-espiritual, para a qual a assistência de enfermagem deve atender as necessidades. Dentre outras, devemos destacar a promoção de sua adaptação ao ambiente institucional e a interação harmônica com o contexto onde recebe o cuidado – Centro de Parto Normal.

As necessidades humanas possuem diversos conceitos, porém nenhum deles é definitivo. Assim sendo, é possível estabelecer bases para futuras abordagens e reformulações. Essas necessidades são universais e classificam-se em nível psicobiológico, psicossocial e psicoespiritual, diferenciando- se apenas no modo de satisfazê-las para cada indivíduo. A assistência das necessidades humanas básicas consiste em um trabalho de equipe, que visa ao autocuidado, a recuperação, a manutenção e a promoção da saúde em colaboração com outros profissionais(15). Como se vê, há estreita relação entre a filosofia de assistência que deve ser oferecida à mulher que vivencia o nascimento e o parto, e o Centro de Parto Normal. Julgamos oportuno, portanto, discorrer sobre a relação deste binômio - Centro de Parto Normal - assistência centrada nas necessidades da parturiente.

Discorrendo sobre assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente

Julgamos que o conceito de atenção obstétrica centrada nas necessidades da cliente melhor dimensiona o conceito de assistência humanizada, amplamente empregado, atualmente. Justificamos tal opção pelo seu caráter amplo que envolve um conjunto de conhecimentos, de práticas e de atitudes que visam não só a promoção do parto, mas também um nascimento saudável e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal, com início no pré-natal e garantia de que a equipe de saúde realiza procedimentos comprovadamente benéficos, para a mulher e para o recémnascido, que evite as intervenções desnecessárias, que preserve sua privacidade e autonomia, já que o nascimento é um evento fisiológico e mobilizador, considerado um dos fatos mais marcantes da vida(1). Existem autores que acreditam que as ações assistenciais para ser eficazes devem considerar não só as atividades técnicas, mas as expectativas da mulher. Toda a equipe deve estar atenta no sentido de oferecer-lhe apoio, atenção e respeito de suas crenças e valores, seus medos, suas necessidades(16). Conforme dito anteriormente, os textos com abordagem na assistência obstétrica prestada em Centros de Parto Normal reforçam o papel da humanização, porém, acreditamos que substituir esta expressão por assistência centrada nas necessidades da cliente mostrará a real abrangência da proposta de atenção desse novo modelo de assistência ao parto e nascimento.

Consideramos, outrossim, que a assistência obstétrica centrada nas necessidades da cliente caracteriza-se pelo direito à autonomia da parturiente, em que a informação é fator relevante, sendo a base principal para que tenha a liberdade de escolher ou recusar qualquer procedimento relacionado com seu próprio corpo, e que esta escolha seja pertinente e convergente ao seu bem-estar. Portanto, esta informação deve ser inteligível, exata, concisa, adaptada ao nível sociocultural e cognitivo de quem a recebe, para que o indivíduo possa ser capaz de, conscientemente, escolher qual a proposta para sua assistência que melhor se adapte, conforme seus princípios morais e éticos. Se não houver informação com qualidade, o direito de decidir adequadamente torna-se inexistente.

Vale esclarecer que, no Centro de Parto Normal, campo desse estudo, a parturiente e seu acompanhante são informados, constantemente, pela enfermeira obstétrica que os assiste, sobre a evolução do trabalho de parto e sobre eventuais mudanças de conduta para que possam colaborar durante todo o processo do trabalho de parto ativo até o nascimento. À cliente em trabalho de parto é permitido expressar seus sentimentos quanto aos procedimentos com os quais não concorda, cabendo à equipe, dentro de suas possibilidades, mudar a conduta de modo que a parturiente sinta-se segura em relação à assistência prestada.

Acreditamos também, que o empenho em manter o relacionamento entre os próprios profissionais e clientes, constitui- se parte da assistência obstétrica centrada nas necessidades da cliente, em que o respeito e a dignidade se tornem uma constante e sejam vistos como norma a ser praticada naturalmente. Vale acrescentar que ainda há maternidades que não oferecem assistência obstétrica centrada nas necessidades da cliente, pois não priorizam a individualidade, a cultura e os costumes de cada mulher. Submetem-na, no momento da internação, a rotinas preestabelecidas pela organização, e na maioria das vezes retiram-lhe o direito à privacidade. Para evitar essa situação, a instituição deve preocupar-se com as necessidades da cliente como princípio da assistência de enfermagem definido em sua filosofia, oferecendolhe condições que, muitas vezes, são representadas por recursos humanos qualificados, por materiais e equipamentos e pela apropriada estrutura física do local(17). Para essa visão ampliada da assistência obstétrica, chamada de atenção humanizada, propomos sua substituição pela expressão assistência obstétrica centrada nas necessidades da cliente, considerada por nós de maior amplitude e pertinente à implantação e implementação de Centros de Parto Normal.

Demonstrando a assistência obstétrica centrada
nas necessidades da parturiente aplicada
em Centro de Parto Normal


Acreditamos ser oportuno citar que a assistência obstétrica centrada nas necessidades da parturiente é plenamente desenvolvida no Centro de Parto Normal de Itapecerica
da Serra, SP, pois este segue os procedimentos definidos pelo orgão gestor máximo do país para a atenção à mulher durante o parto e o nascimento. Esta unidade, cujos partos são atendidos por enfermeiras obstétricas, realizou 10.559 partos normais no período compreendido entre janeiro de 2000 e janeiro de 2003.

A assistência obstétrica centrada nas necessidades da cliente caracteriza-se pelo direito à autonomia da parturiente

A seguir, destacamos os procedimentos adotados por esta unidade de atenção ao parto normal, os quais reforçam nossa certeza quanto à proposta de mudança de terminologia(18). No Centro de Parto Normal de Itapecerica da Serra, a parturiente conta com dieta livre, tem direito a um acompanhante de sua escolha, tem liberdade para movimentação durante o trabalho de parto, é estimulada à adoção de métodos não farmacológicos no alívio à dor - banho de aspersão e de imersão para relaxamento, massagens na região lombossacra, exercícios de respiração e de relaxamento, estímulos a movimentos corpóreos, tais como abaixar, levantar e balanço pélvico – o acompanhante é estimulado a participar na realização de massagens relaxantes para alívio da dor, são estimuladas as eliminações espontâneas (micção e evacuação). É a parturiente quem autoriza a realização do exame tocoginecológico, com respeito a sua privacidade. O profissional deve considerar o desejo de independência da parturiente no início do trabalho de parto e sua dependência no final deste, deve estimular a ingesta hídrica, realizar monitoramento fetal pela ausculta intermitente, usar o partograma, encorajar o parto em atmosfera favorável, permitir interação entre mãe e filho, estimular o contato pele a pele imediatamente após o nascimento, bem como o aleitamento precoce com estímulo à amamentação na primeira meia hora após o nascimento, estimular o vínculo afetivo com a secção do cordão umbilical pelo acompanhante, em condições estéreis, prevenir hipotermia do recém-nascido, favorecer a dequitação fisiológica com exame rotineiro da placenta e de membranas ovulares, permitir que a família fotografe o parto e o nascimento se desejar, autorizar alta precoce pós-parto para mãe e filho, com retorno ambulatorial após 48 horas, para consulta de ambos. Ao acompanhante é permitido o esclarecimento de dúvidas sobre condutas e procedimentos, bem como o estímulo à participação em todos os procedimentos durante o trabalho de parto e o parto.

Com esta relação de condutas recomendadas pelo Ministério da Saúde, e definidas no protocolo de atendimento da unidade, acreditamos que conseguimos caracterizar a amplitude da assistência obstétrica prestada à mulher em Centros de Parto Normal, a qual, com base nos estudos anteriormente citados e em nossa experiência profissional, seria melhor caracterizada como assistência obstétrica centrada nas necessidades da parturiente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vale ressaltar que mesmo comprovado por evidências, o modelo assistencial empregado nos Centros de Parto Normal é gerador de resistências entre profissionais da área da saúde que têm dificuldade em admitir que a assistência obstétrica prestada nessa unidade é coerente com uma proposta de atenção integral à mulher em trabalho de parto.

Acreditamos que, por tratar-se de unidade com proposta inovadora, os Centros de Parto Normal em funcionamento, atualmente, no país, constituem-se em ricas experiências assistenciais e de ensino, tanto para os profissionais, quanto para os estudantes da área da saúde, mas em especial para as mulheres neles atendidas, pois podem usufruir de sua autonomia durante a atenção recebida. Cabe a nós, enfermeiras obstétricas que atuamos nessas unidades, divulgarmos nosso trabalho, favorecendo, portanto, a troca de experiências; assim, estaremos contribuindo para a disseminação da proposta deste modelo de assistência. A dimensão dos fatores assistenciais, profissionais e institucionais que regem a filosofia dos Centros de Parto Normal reforçam nossa proposta de substituição da expressão assistência humanizada para assistência obstétrica centrada nas necessidades da parturiente.

REFERÊNCIAS
(1) Brasil. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. (FEBRASGO) / Associação Brasileira de Obstretrizes e Enfermeiros Obstetras (ABENFO). Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília; 2001.
(2) Organização Mundial de Saúde (OMS). Maternidade segura. Assistência ao parto normal: um guia prático. Brasília; 1996. (OMS/SRF/MSM).
(3) Costa Filho CF. Tratado de obstetrícia FEBRASGO. Rio de Janeiro: Revinter; 2000. Infecção puerperal. Cap. 28, p. 380.
(4) Diniz CSG. Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidades e limites da humanização da assistência ao parto [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina da USP; 2001.
(5) Osava RH. Assistência ao parto no Brasil o lugar dos nãomédicos [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 1997.
(6) Machado NXS. Infecção puerperal em um centro de parto normal: ocorrência e fatores de risco [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem da USP; 2004.
(7) Fabre ZL, Tobias L, Berreta IQ, Santiago ML. Humanização em UTI pediátrica: a equipe e a família. Arq Catarinenses Méd. 1992;21(1):34-7.
(8) Guimarães RL, Lunardi VL. O dilema ético frente à necessidade de revelação do diagnóstico de infecção hospitalar. Texto Contexto Enferm. 2000;9(2):137-46.
(9) Basile ALO, Pinheiro MSB, Miyashita NT. Centro de parto normal: o futuro no presente. São Paulo: JICA; 2004.
(10) Malik AM. Humanização. Coren-SP. 2000;(29):2-5.
(11) Rattner D. Humanizando o nascimento e parto: o workshop. In: Síntese do 1º Seminário Estadual Qualidade da Assistência ao Parto: contribuições da enfermagem; 1998 maio 14-15;
Curitiba. Curitiba: ABEn - Seção PR; 1998. p. 24-5.
(12) Carneiro LM. Parto humanizado: humanizar é preciso. J Rede Saúde. 2000;
(20):16-7.
(13) Cianciarullo TI. A avaliação do sistema de assistência de enfermagem como base do desenvolvimento do conhecimento na enfermagem. In: Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM, Anabuki MH. Sistema de assistência de enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Ícone; 2001. Cap. 16, p. 293-302.
(14) Souza MF. As teorias de enfermagem e sua influência nos processos cuidativos. In: Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM, Anabuki MH. Sistema de assistência de
enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Ícone; 2001. Cap. 2, p. 29-39.
(15) Horta WA. O processo de enfermagem. São Paulo: EPU/Edusp; 1979. p. 33-4.
(16) Paschoal MLH, Rogenski NMB. Sistema de assistência de enfermagem perioperatória. In: Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM, Anabuki MH. Sistema de assistência de enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Ícone; 2001. Cap. 11, p. 201-19.
(17) Ceccato SR, Van der Sand ICP. O cuidado humano como princípio da assistência de enfermagem à parturiente e seus familiares. Rev Eletrôn Enferm. [on-line] 2001; 3(1) Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista.html. [Acesso em 19 mar. 2002].
(18) Hospital Geral de Itapecerica da Serra (SP). Protocolo de assistência humanizada ao parto e nascimento. Itapecerica da Serra: HGIS; 1999.

Correspondência: Nilce Xavier de Souza Machado
Rua Concórdia, 44 CEP06850-000 - Itapecerica da Serra – SP
Artigo retirado do link:
Universidade de São Paulo

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Parto humanizado é direito da mulher


escrito por: Tricia em às 4:51 PM.


por: Leandra Rajczuk

Quem passa pela rua Jorge da Silva Luz, travessa da avenida do Oratório, no bairro de Sapopemba, zona leste da cidade, não imagina que ali existe um ambiente criado para que os bebês possam nascer mais tranqüilos e felizes. Esse lugar é a Casa de Parto, uma iniciativa do Projeto Qualis (Qualidade Integral em Saúde) da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, que integra o Programa Saúde da Família (PSF) do Ministério da Saúde e tem apoio do Instituto do Coração e da Fundação Zerbini (leia texto abaixo). A região, que tem cerca de 300 mil habitantes, foi escolhida para sediar a casa porque não possui nenhum leito de maternidade.

Inaugurada em 18 de setembro do ano passado, é a primeira e únida casa de parto do País onde é desenvolvido um trabalho de atendimento público e contínuo com plantões de 24 horas durante todos os dias da semana. "Muitas mulheres grávidas não tinham onde dar a luz e se queixavam da peregrinação a que eram submetidas em busca de uma vaga", afirma Ruth Osava, diretora da casa. "A partir daí surgiu a idéia de se criar a casa, que é um local sem características hospitalares dedicado ao contato mais próximo com a gestante antes, durante e após o parto."

É uma casa simples com folhagens desenhadas nas paredes, canteiros com flores e espaços que revelam um clima harmonioso. Um aquário com peixes ornamentais, próximo à entrada, tornam o ambiente ainda mais agradável e familiar. Para lá são encaminhadas gestantes do PSF/Qualis em condições clínicas de realizar o parto de forma normal, assistido pelas parteiras e sempre acompanhadas por um familiar que a própria gestante escolhe durante o pré-natal. "As mulheres triadas por médicos e enfermeiras de família passam por nova avaliação de risco na casa", explica Ruth. "Realizado o parto, o pai ou o acompanhante corta o cordão umbilical."

A equipe da casa é composta por enfermeira obstétrica ou parteira, que é a diretora técnica responsável, além de auxiliar de enfermagem, auxiliar de serviços gerais e motorista. Não há médicos no estabelecimento, mas existem obstetras e pediatras, designados pelo PSF para participar do treinamento específico da equipe da Casa de Parto para as situações de risco e de emergência. A capacitação das parteiras deve ser realizada através de aulas teóricas e práticas. "Temos uma sala devidamente equipada para proceder a ressuscitação dos recém-nascidos que precisarem de procedimentos mais avançados como, por exemplo, uma massagem cardíaca externa", enfatiza a diretora. "Apesar da suposta simplicidade do parto humanizado que realizamos, tanto a gestante como o bebê devem ser atendidos de forma eficiente."
A mulher é acompanhada desde o final de sua gestação, e admitida quando em trabalho de parto. Ela permanece no local entre 6 e 12 horas após o nascimento do bebê e recebe refeições preparadas de acordo com sua preferência. Após retornar ao domicílio, a mãe recebe também a visita da enfermeira ou médico de família. No dia 26 de março, às 11h40 da manhã nasceu Josué Ferreira da Silva, o primeiro filho do casal de evangélicos Josias e Helena, moradores da região. "Essa iniciativa é importante porque auxilia principalmente famílias carentes que não podem pagar um convênio particular", afirma Josias. "O trabalho feito pelas funcionárias é excelente e minha esposa recebeu muita atenção, reagindo com mais segurança frente ao parto. Isso me faz sentir tranqüilo como pai." Desde sua inauguração, a casa já realizou mais de 120 partos e, hoje, faz em média 30 por mês.

Elaboraçãode propostas

O Brasil é um dos campeões mundiais em número de cesarianas. Aproximadamente 35% dos partos realizados no Brasil são cirúrgicos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que no máximo 15% teriam justificativa para a operação. Segundo a professora Maria Luiza Riesco, do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Escola de Enfermagem da USP, em São Paulo praticamente todos os partos ocorrem em hospitais e essa experiência nem sempre é positiva para todas as mulheres e também para as práticas assistenciais necessárias nessas situações. "Atualmente, o parto é muito medicalizado com várias intervenções e pouco espaço para a atuação da enfermeira obstétrica", diz. "Portanto, a casa de parto vem como uma opção de assistência mais humanizada para a mulher, pois possibilita, entre outras vantagens, a participação dos familiares."

A professora explica que cerca de 80% das gestações são de baixo risco, sendo importante ter a Casa de Parto como alternativa de um modelo assistencial diferenciado e de qualidade. "A casa ainda não é regulamentada como Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) porque não se trata de um serviço de pronto atendimento, nem uma unidade de internação hospitalar ou ainda um serviço ambulatorial", argumenta Maria Luiza. "Para debater a questão, promovemos um workshop em março com a participação de especialistas da área que apresentaram propostas para a elaboração de um documento que está sendo produzido."

Nesse sentido, foi organizado o evento Missão Técnica São Paulo — 99, entre os dias 13, 14 e 15 de maio, na Faculdade de Saúde Pública da USP, com o objetivo de estruturar propostas para implantação de casas de parto em outras cidades brasileiras. No dia 14 foi a vez do professor Maresden Wagner, assessor e ex-chefe da Saúde da Mulher e da Criança da OMS, considerado o grande estimulador do parto normal e humanizado. Em sua palestra, o especialista procurou abordar temas como a progressiva hospitalização da assistência ao parto, a incorporação crescente da tecnologia e a elevação das taxas de cesariana que produziram um impacto negativo sobre as oportunidades de capacitação e atuação de enfermeiras obstétricas no parto.
Para o professor, a população precisa ser informada sobre a verdade da cesariana que aumenta em até oito vezes a possibilidade de morte materna e é responsável pelo desenvolvimento de infecções em até 20% das mulheres que se submeteram a essa cirurgia. "A Suécia é o país com a menor taxa de mortalidade infantil e materna do mundo, pois 90% dos partos acontecem sem a presença do médico", avisa. "O modelo de assistência mais moderna e eficiente que existe é a casa de parto, porque oferece maior segurança e menor custo."

De acordo com Ruth Osava, há apenas 40 anos a parteira saiu de cena da cidade de São Paulo. "Em 1956, 80% dos partos aconteciam nos próprios domicílios", conta. "Hoje, temos hospitais que realizam até mil partos por mês, ou seja, é um local que parece ter sido planejado para que os partos normais não ocorram. É preciso voltar a acompanhar o ritmo de um parto natural como fazemos aqui na Casa de Parto, oferecendo uma assistência mais digna e segura ao nascimento e parto das mulheres."
Segundo a diretora, as mulheres precisam saber que não existe uma data provável de parto, mas um período. "No Japão, 10% das mulheres dão à luz nas casas de parto e esse índice vem aumentando cada vez mais", ressalta. "Ao invés de saber quando a gestante terá o bebê, penso que a conversa no futuro será essa: Onde você vai dar a luz?"

Soluções comunitárias

A procura por tratamentos de saúde complementares à medicina tradicional é uma tendência crescente em todo o mundo. Em São Paulo, essa iniciativa é denominada Qualis — Qualidade Integral em Saúde. O projeto integra o Programa Saúde da Família (PSF) do Ministério da Saúde e reúne diversos profissionais na capital, além de equipes de saúde da família. Cada uma delas é formada por médico, auxiliar de enfermagem, enfermeira e agentes comunitários. No Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, bairro da zona leste, o Qualis entrou em execução há três anos. Já em Vila Nova Cachoeirinha e Sapopemba, o serviço existe desde fevereiro do ano passado e conta com 12 unidades de atendimento à família.

"Esses grupos de apoio são capazes de resolver 90% dos problemas de saúde da população atendida", afirma o médico David Capistrano da Costa Filho, coordenador do Qualis em Vila Nova Cachoeirinha e Sapopemba. "As famílias cadastradas recebem informações que vão desde como e onde fazer exames pré-natais ou atualizar a carteira de vacinação das crianças, até o encaminhamento de pacientes para cirurgias."

Segundo Capistrano, os agentes comunitários de saúde são escolhidos pela comunidade e treinados por técnicos do Ministério. O programa destina cinco ou seis agentes para cada grupo de mil a 1.250 famílias que as visita pelo menos uma vez por mês para detectar necessidade de tratamento ou internação. "Os agentes residem em sua área de atuação por pelo menos dois anos", ressalta. "A única exigência é que ele tenha um bom realicionamento e saiba ler e escrever para anotar os dados referentes à situação dos moradores."

É dada preferência também aos auxiliares de enfermagem que sejam moradores locais e tenham curso de nível superior. As inscrições são abertas em jornais de grande circulação da cidade e a seleção é feita por uma equipe de recursos humanos do programa. Os médicos de família também fazem cursos de capacitação para trabalhar no sistema. "Como nossas universidades formam apenas especialistas, ainda não temos no Brasil unidades para capacitar essas pessoas", explica.

A cidade de São Paulo conta com distribuição hospitalar muito desigual. Na região da avenida Paulista existem 14 leitos por mil habitantes, mas, no Parque São Lucas, não existe nem um. "Sapopemba foi escolhida para abrigar a Casa de Parto porque ali não há nenhum leito obstétrico", observa o coordenador. "Além disso, realizamos uma pesquisa na Partoral da Criança e constatamos que a gestante precisa percorrer de quatro a cinco maternidades para conseguir ser atendida."

Mas o trabalho não se esgota apenas como um programa de atenção básica para melhorar a qualidade de vida dos menos favorecidos. Uma média de 10% das pessoas necessitam de tratamento especializado, incluindo saúde física e mental como atendimento odontológico e psiquiátrico. De acordo com Capitrano, o índice de aprovação do sistema é de 98%. "Outros bairros também estão motivados pela iniciativa e querem implantar unidades do Qualis em suas localidades", reflete. "Esse é um projeto viável do ponto de vista financeiro, porque nosso custo mensal por pessoa é inferior a R$ 6,00. Gastamos, anualmente, menos de R$ 70,00 com cada paciente."

Publicado em 1999.
fonte: Jornal USP

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"Vida no Ventre"


escrito por: Tricia em quarta-feira, outubro 25, 2006 às 4:50 PM.



Esse é um documentário do NATGEO - National Geographic sobre a vida do bebê ainda dentro do útero. São imagens reais, lindas... infelizmente o DVD ainda não está a venda.

Vale a pena conferir, mesmo para quem já viu!!!

"Vida no Ventre" um documentário da National Geographic

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São 14 no total, todos com um unico objetivo: preparar o seu corpo para o trabalho de parto e parto. São simples, dá pra fazer em casa, facil, facil. Quem inventou? A terapeuta corporal Therese Bertherat.

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::QUINTO MOVIMENTO::

"Quando suas costas respiram"
(pag. 144)

"Para este movimento, é preciso que você tenha duas ou três bolinhas de dois centimetros de diâmetro. Podem ser de até, no máximo, três centímetros se você suportar bem. Costumo usar bolinhas de cortiça porque é um material suave e agradável ao tato.

Deite-se de costas, pernas flexionadas, pés encostados um no outro, e contraia o interior das coxas, como no movimento nº4. depois, descanse as mãos ao longo do corpo, e tente relaxar os músculos “adutores” do interior das coxas.

Concentre a atenção no sacro. Tente perceber sua formação e seu contorno a partir do contato com o chão. Observe com precisão o lugar onde ele começa e ergue-se (em direção à ponta inferior perto do cóccix) e já não encosta no chão.

Pegue uma das bolinhas de cortiça e coloque-a à direita do sacro. Não no osso do sacro, mas perto de sua borda, no lugar em que você sente que ele começa a se afastar do chão, isto é, perto do cóccix. Seu corpo fica pousado na bola, você sente o contato, mas que não seja muito dolorido. Se for é preciso mudar a bola de lugar. Ponha-a mais afastada do sacro, isto é, mais para a direita, ou para baixo. É claro que o corpo ainda deve ficar em contato com ela.

Em seguida, não faça nada. Observe esse contato, as eventuais reações de suas costas, da barriga, dos ombros, da nuca. Tente soltar as tensões da região lombar; encoste a cintura no chão. Mesmo que o contato seja leve, já está bem. Não acredite que, quanto mais dói, melhor.

Assim que o lado direito entender esse contato com um corpo estranho, coloque outra bolinha à esquerda, na mesma altura, simetricamente. Assim, ficam as duas bolas de cada lado do sacro. Com calma, encoste a cintura no chão, relaxe as costas.

Abra a boca e deixe a língua alargar-se lá dentro. Fique atenta ao ritmo da respiração. Quando sentir vontade de soltar o ar, procure fazer uma leve pressão com o corpo sobre as bolinhas. Cuidado, não erga as costas para fazer isso. O movimento é interno e muito leve. Depois, quando sentir vontade de inspirar, faça também uma leve pressão sobre as bolas. Faça como se cada lado do sacro, você tivesse dois minúsculos pulmões anexos que também quisessem respirar. Encher, esvaziar, dentro de um ritmo sereno.

Ao fim de um minuto – ou mais, se você se sentir bem – tire as bolinhas com um gesto simples, sem fazer nenhuma contorção. Encoste com delicadeza as mãos na barriga, e aprecie a largueza de suas costas, desde os ombros até o sacro. Descanse o tempo que puder, depois estique as pernas devagar, uma após a outra, deixando escorregar os calcanhares no chão, sem ergue-los nem mexer com as costas. Deixe os pés caírem a vontade e saboreie o apoio confortável da barriga das pernas, das costas encostadas no chão."

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Observação: a terapeuta pede que haja um intervalo entre um movimento e outro. De preferencia um dia, é suficiente. Então, pra quem está grávida e praticando a antiginástica, lembrem-se de executar bastante um movimento antes de partir pro próximo... e sempre com o intervalo de um dia entre eles...


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:: SEXTO MOVIMENTO ::

“Quando duas costas respiram de novo”
(pág. 147)

"Quando você estiver dominando bem esses movimentos, poderá num outro dia passar para o seguinte. Tente descobrir na linha da cintura o espaço entre o osso da bacia (crista ilíaca) e as costelas. Atrás, ficam as vértebras lombares, mas dos dois lados você não sente nenhum osso nesse espaço.

Deite-se de costas, deixe os pés encostados um no outro e bem apoiados no chão, coxas juntas. Depois, coloque a bolinha à direita da cintura, bem para o lado de fora, isto é, bem à direita para que o contato fique mais perceptível sem doer. Abra a boca, preste atenção na respiração. Quando sentir à vontade, coloque a outra bolinha à esquerda, simetricamente. Respire com calma em direção às bolinhas, como se os pulmões se alongassem até a cintura, fazendo uma ligeira massagem no útero quando o ar passar.

Ao retirar as bolinhas, fique descansando um pouco, com as pernas ainda flexionadas, e observe com cuidado como se encostam no chão a cintura, as costas, os ombros, e como você percebe sua respiração."


retirado do livro:
Quando o corpo consente
Marie Bertherat
Thérèse Bertherat
Paule Brung
Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 1997
161 páginas

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Anjos da Floresta


escrito por: Tricia em terça-feira, outubro 24, 2006 às 4:49 PM.



No Amapá, pontinha do Brasil, mulheres sem diploma, nem alfabetização, têm garantido a queda no número de cesarianas e nas taxas de mortalidade materna e infantil. São as parteiras, que ajudam mulheres que vivem à beira dos rios e nas florestas, a dar à luz a brasileiros e brasileiras sem plano de saúde ou INSS

As parteiras existem desde sempre, mas só há sete anos são reconhecidas.

Isso, no Amapá, onde trocam, com médicos, experiências sobre como trazer vida ao mundo. Ganham, do governo, meio salário mínimo por mês e são responsáveis pelas estatísticas que fizeram do estado, o campeão de partos normais no Brasil: 88%.

O relacionamento entre eles é um mar de rosas - literalmente, pois não faltam espinhos. Afinal, os homens de branco estudaram - e muito - para ter o controle do parto nas mãos.

Elas, não. São pescadoras, agricultoras, artesãs, benzedeiras, índias, castanheiras, lavadeiras, extrativistas, donas de casa, na maioria analfabetas. Em compensação, conhecem a biologia feminina o suficiente para saber que respeitar o ritmo do corpo e a mulher, prestes a dar à luz, é fundamental para diminuir a dor e o tempo do parto.

E a população amapaense respeita e confia nas parteiras. Mais que ajudantes da mulher prestes a ter um filho, elas atuam como agentes de saúde, conselheiras, curadoras da família e dos necessitados, na medida em que conhecem as comunidades, seus segredos, intimidade e dramas que se desenrolam na mata e nas vilas.

Por tudo isso, está no cotidiano delas o ponto de partida para a discussão sobre o parto humanizado, que ganha corpo no Brasil e em vários países desenvolvidos. Essa nova (velha) prática consiste em garantir às mulheres o direito ao parto natural, em um ambiente em que se sintam seguras e no qual se respeitem seu bem-estar, sua intimidade e suas preferências pessoais e culturais.

Arte de Partejar - "No Amapá, parteiras fazem a maioria dos partos e não temos casos de mortalidade materna. A mulher escolhe onde quer parir e pode contar com um acompanhante e duas parteiras.

Desse jeito, a criança já nasce feliz. Tem mulher que nunca pariu no hospital e tem 10, 12 filhos", comenta Maria Teresa Bordallo que, como suas colegas, orienta as gestantes a fazerem o pré-natal e acompanha toda a gestação.

Só casos de alto risco são levados ao hospital, com diagnóstico. E, mesmo assim, só depois que as orações para Nossa Senhora do Bom Parto e à Santa Margarida não dão resultados, o que é raro acontecer.

As parteiras se acham escolhidas por Deus para a arte de partejar. Acreditam que se torna parteira aquela que chorou no ventre materno. O aprendizado do ofício, afirmam, é transmitido também de modo meio mágico: revelado em sonho ou depois de doença grave...

"Quando unimos o saber popular com o saber científico as coisas melhoraram", afirma Maria Teresa, presidente da Rede Estadual das Parteiras do Amapá.

"Mas se o médico foi para a escola, nós temos um dom de Deus."

E - complementemos - um "hospital" próprio, a Casa de Parto de Oiapoque, a primeira da Amazônia, funcionando desde novembro de 2001. "É como se fosse a casa da parteira, para quem não pode ter o filho em sua própria casa, por problemas de estrutura, asseio...", explica.

Bênçãos à parte, em estudo feito com 200 parteiras do Amapá, descobriu-se que 53% são casadas, 15% solteiras, 20% viúvas e 12% separadas.

A média de idade é 54,6 anos e a fecundidade de 8,4 filhos. Partos assistidos: cerca de 381,5 cada uma. Como suas pacientes, habitam áreas carentes, exercem sua arte sem garantia trabalhista, muitas vezes recebendo, como paga, um punhado de milho ou uma galinha caipira.


Vitória do 'Primitivo' - A prática dessas parteiras se repete em pontos distantes do Brasil e começa a alcançar o chamado sul maravilha. Sem as rezas, sim! Mas partindo do mesmo princípio.

No Rio de Janeiro, por exemplo, as enfermeiras obstetras Marilanda Lopes e Heloísa Lessa desenvolvem o projeto "Manhê": "Assistimos parturientes em nosso consultório desde o pré-natal, que inclui três consultas domiciliares, para que ela escolha o local de sua casa onde terá o bebê e para planejarmos o material a ser usado. Nosso projeto é centrado no estudo teórico da ecologia do parto e temos um obstetra e um pediatra na equipe. Como suporte, uma clínica padrão para eventuais casos de internação."

Em abril, na capital fluminense, a Fiocruz e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) realizaram o Congresso Internacional de Ecologia do Parto e do Nascimento, para debater o parto mais como uma celebração humana que um ato médico.

Mas, a estrela do encontro não foi uma parteira e, sim, o médico francês Michel Odent, coordenador do programa "Parteiras Francesas", especialista em partos domésticos e defensor de sua humanização.

Ele é contra a interferência exagerada dos médicos na evolução natural do parto, e é crítico ferrenho da "epidemia de cesarianas" ocorrida no século 20 - a Organização Mundial de Saúde considera aceitável uma taxa de cesárea não superior a 15% ao ano. "Hoje, bebês vêm ao mundo com dia e hora marcada. O médico antecipa o nascimento rompendo a bolsa, forçando a dilatação do colo do útero com o dedo, controlando as contrações com soro", enumera Marilanda Lopes, também professora de Obstetrícia da Faculdade de Enfermagem da UERJ.

É condenável para Michel Odent, ainda, a conversa com a parturiente durante o trabalho de parto. "O médico tem de apoiar, sem verbalizar, sem estimular o neo-cortex (a parte do cérebro que nos deixa em alerta). Conversar impede que seu cérebro primitivo se manifeste. E é ele que leva a pessoa a fazer coisas que não faria em sã consciência, como gritar e ficar em posições que facilitam o nascimento do bebê", esclarece a professora.

E vai além: um ambiente doméstico, dentro da realidade da paciente, e acompanhantes de sua escolha também facilitam seu contato com o eu interior.

"Dessa forma, ela libera hormônios, presentes durante a evolução do trabalho de parto, e morfinas naturais do organismo (as endorfinas), que são analgésicos potentes, capazes de diminuir a dor natural do momento."


"Qualquer olhar externo, insiste o francês, inibe a evolução natural do parto." E isso vale para a equipe médica - com muitos estranhos -, e para a filmagem do nascimento, tão em moda nas maternidades top do País. Mulheres atendidas dentro dos princípios de Odent levam de 4 a 6 horas em trabalho de parto. No método atual, os livros de obstetrícia descrevem partos de 12 a 18 horas.

Estudiosos e defensores do parto humanizado, no entanto, acreditam que o nascimento pode ser rápido e seguro não só nos domicílios ou casas de parto.

Os hospitais e centros de nascimento também podem adaptar-se à velha e vitoriosa prática de não interferir no ritmo da natureza, dispensando palmadas, luz no rosto e excesso de tecnologia em nome da vida.

“Comecei a fazer parto com 16 anos por conta de uma necessidade. Vivia na margem do Amazonas e lá não tinha parteira. Saíram para buscar uma e me vi só com a sra. Domingas. Aí, tive de fazer o parto. “Acho que já fiz mais de mil, sem nunca ter perdido uma mãe ou um filho. Mas o mais difícil foi dentro de um avião. Só fazemos partos de baixo risco, de alto risco encaminhamos para o hospital. Só que nesse não teve jeito, estávamos indo para o hospital. A criança nasceu com 5 quilos.” - Teresa Bordallo, 52 anos, presidente da Associação do Movimento das Parteiras Tradicionais do Oiapoque, que reúne 118 profissionais, e da Rede Estadual das Parteiras Tradicionais do Amapá.


“O primeiro parto que eu fiz foi o da minha mãe. Tinha 12 anos. Foi uma surpresa muito grande. Meu pai foi buscar a parteira, minha mãe chamou minha irmã de 14 anos, mas ela não teve coragem. Daí, ela me chamou e eu fui. Ficamos só nós duas no quarto e mamãe me dizia o que fazer. Depois que eu terminei, chegou a parteira. “Com o tempo, passei a ajudar a madrasta do meu pai, que também era parteira. Eu amarrava o umbigo, dava a tesoura, fazia a oração para ajudar a descolar placenta colada... “Fiquei uns dez anos sem fazer parto, mas não teve jeito. Um dia, voltei para casa, e minha cunhada estava dando à luz. Fiz o parto. Meu sobrinho nasceu, mas não respirava. Bati a tesoura no prato, fazendo zoada perto da cabeça dele, o prato quebrou em cima dele e ele despertou.” - Balbina Loureiro Dias de Lima, 47 anos


Tania Regina Pinto

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FONTE:

Data: 29/06/2002
Fonte: O Estado de S.Paulo
Local: São Paulo - SP
Link: http://www.estado.com.br/

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"Nasceu nesta segunda, 23 de outubro, ás 2h12 da madrugada, no Hospital Albert Einstein o pequeno Lucas. Filho do casal Henri Castelli e Isabelli Fontana. É um lindo bebê , que veio ao mundo de parto normal, pesando 3.525 Kg e medindo 51 centímetros. Mãe e filho passam bem e tem previsão de alta para a próxima quarta-feira."


IIIUUPPIII!!!!
Finalmente nasce um bebê vaginalmente... coisa rara hoje em dia...

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recorde de acessos


escrito por: Tricia em às 4:47 PM.

Quando eu criei esse blog, não tinha a menor intenção de torná-lo famoso. Era apenas um local onde eu arquivava minhas buscas, artigos, materias, qualquer coisa relacionada com o assunto.

Para minha surpresa, ontem o blog chegou a 49 acessos. Foi o recorde de pessoas visitando o site por dia!!! Portanto, quero agradecer aqui a todos que, mesmo sem comentar nada, vem aqui, lêem alguma coisa, e voltam depois. =)
Obrigada a todos!

Sintam-se a vontade pra escrever, comentar, criticar, dizer o que pensam. "Afinal, uma andorinha só não faz verão", e ter a opinião de vocês aqui seria muito bom!

até logo,

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"Segundo a EFE, uma chilena de 42 anos deu à luz ao seu terceiro filho sem saber que estava grávida. O fato curioso aconteceu na localidade madrilenha de Alcalá de Henares, na Espanha, depois que a médica que a atendeu nos últimos meses confundiu a gestação com um caso de menopausa precoce, acompanhada de alergias e gases.

Griselda Navarro se surpreendeu com a notícia de que estava grávida e em trabalho de parto quando, no último dia 15, foi com seu marido Pablo Antonio Garrido, também chileno, ao hospital Príncipe de Astúrias de Alcalá porque "não agüentava mais", segundo explicou à imprensa local.

Ao ser atendida, Griselda foi informada sobre o seu estado após ser submetida a uma análise de urina. As náuseas e o mal-estar geral que a chilena diz ter sofrido desde janeiro passado lhe acompanharam pelos nove meses seguintes, durante os quais afirma ter tomado até dez remédios diferentes para combater os problemas estomacais, a retenção de líquidos e os gases que lhe disseram que sofria.

Mãe de dois filhos, Konstanz, 15 anos, e Pedro Pablo, 12, ela diz ter ficado surpresa por não ter notado que estava grávida. Griselda assegura que não sentiu nenhuma mudança parecida com suas duas gestações anteriores, embora tenha engordado seis quilos, fato que os médicos relacionaram a um problema de retenção de líquidos associado a sua suposta menopausa precoce.

Após o nascimento do bebê, uma menina que recebeu o nome de Pamela Andrea, Griselda Navarro decidiu levar o caso à associação do Defensor do Paciente na Espanha, que o tornou público, ao mesmo tempo que anunciou que apresentará uma denúncia contra o departamento de Saúde do Governo regional de Madri."

Fonte: EFE

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não sei porque mas não consigo acreditar que alguém não "perceba" que está esperando um filho. São tantos os contatos que temos com o bebê... os movimentos na barriga, a intuição materna aflorada, a enchurrada de hormonios...

Das duas, uma: ou essa mulher foi muito cega confiando no diagnóstico da médica que disse ser menopausa, ou ela se fez de burra pra melhor passar. 8-)

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Os 14 movimentos da antiginástica - 4º movimento


escrito por: Tricia em segunda-feira, outubro 23, 2006 às 4:46 PM.



pra quem lê esse blog não é novidade, mas pra quem não ouviu falar deixe-me apresentar novamente os movimentos da antiginástica.

São 14 no total, todos com um unico objetivo: preparar o seu corpo para o trabalho de parto e parto. São simples, dá pra fazer em casa, facil, facil. Quem inventou? A terapeuta corporal Therese Bertherat.

Os três primeiros já foram publicados aqui no blog. Você pode encontrá-los na ferramenta de busca ai ao lado.

enjoy!


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"Como um berço"
(pag. 143)

Quarto movimento...

Para este movimento, você precisa de uma bola bem mole, do tamanho de um pequeno melão. Ajuda os músculos lombares a se descontraírem, a se alongarem. O sacro, você está lembrada, é um osso de forma triangular, no fim da coluna; a ponta inferior articula-se com o cóccix. Em cima, o sacro articula-se com os ossos da bacia e com a ultima vértebra lombar. Sua forma abaulada é convexa ao lado das costas e côncava do lado da barriga. Por isso, quando você esta deitada, forma uma espécie de berço onde ficam aninhados seu útero e sua barriga.

Vá apalpando seu sacro, tente seguir-lhe o contorno. Com os dedos, procure o cóccix bem no fim da coluna, no rego das nádegas. Ele está situado bem mais abaixo dos ossos da bacia, os ossos dos “quadris”, como se diz usualmente. As “cristas ilíacas”, como dizem os livros de anatomia. Sempre com a maior precisão e leveza da mão.

Deite-se no chão de costas, pernas flexionadas. Os pés devem ficar um junto ao outro e bem encostados no chão. Afaste ligeiramente as pernas e coloque a palma da mão direita entre as pernas, sobre a púbix e o sexo; coloque a palma da mão esquerda sobre a mão direita. Não precisa apertar. Na época em que o tamanho do útero dificultar esse movimento, não insista. O movimento pode ser feito com os braços estendidos ao longo do corpo. Preste atenção na respiração, e quando sentir vontade de soltar o ar, aperte uma coxa contra a outra. Procure observar contra suas mãos a força dos músculos (os adutores) que ficam na face interna das coxas. Repita isso durante umas três ou quatro respirações tranqüilas.

Repouse os braços ao longo do corpo. Conserve encostadas as pernas e também os pés. Mas sem forçar, e coloque a bola sob o sacro e o cóccix. Depois, não faça nada. Isso é o mais difícil.

Deixe a região lombar apoiar-se no chão com suavidade. Todas as partes ósseas, densas, fortes da face posterior do corpo – coluna vertebral, sacro, ossos da bacia – se encostam no chão, se afundam como um berço, ficam prontas para receber sua barriga, seu útero, seus líquidos, sua placenta, e seu querido bebê. Desde que você perceba os movimentos do bebe, vai sentir também suas reações no exato momento em que você conseguir alongar as costas. É provável que ele se ponha aos pinotes, feliz por ficar a vontade nesse espaço que você lhe oferece.

À medida que a parte inferior das costas se alonga, talvez você sinta a nuca se arquear e encurtar, por um jogo de compensações, como se os músculos concordassem de um lado para recusar o outro. Tente manter a nuca calma e alongada, e os ombros bem encostados no chão.

Tire a bola. Descanse de leve as mãos na barriga e saboreie o conforto e a segurança do sacro encostado no chão.

retirado do livro:
Quando o corpo consente
Marie Bertherat
Thérèse Bertherat
Paule Brung
Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 1997
161 páginas

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Desde tempos imemoriais as mulheres foram atendidas no parto por outras mulheres. A entrada dos homens no campo necessitou de uma mudança na ordem simbólica e nos aspectos materiais da sociedade. A disputa pelo parto ocorre em vários níveis, mas acontece principalmente “em torno da vida conforme organizada em torno do acontecimento especial do parto.” (Arney, 1982: 22) (Grifo acrescentado).

Para o atendimento ao parto, havia várias mulheres e uma parteira, sendo que a prática destas baseava-se na concepção do nascimento como um processo normal e natural. O nascimento fazia parte da ordem moral do universo e o parto era para ser assistido sem grandes interferências, visto como uma crise pela qual as mulheres tinham que passar. A atitude das mulheres no parto revelava seu caráter moral. O nascimento de natimortos ou deformados indicava uma baixa moral dos pais aos olhos de Deus. Quando ocorria algo anômalo era necessário chamar o cirurgião, homens que usavam instrumentos – geralmente despedaçando o feto (Arney, 1982: 23).

No século XVI, na França, no Hôtel-Dieu iniciam-se aulas para parteiras e inaugura-se uma cooperação entre médicos e parteiras, com a observação de partos. A França provê material para uma abordagem técnico-científica da parturição, ao privilegiar a observação em detrimento da intervenção, neste período. A conceituação do corpo como máquina, no século XVII, reforça esta tendência e possibilita uma abordagem racional-científica do nascimento. Dentro do paradigma corpo-máquina a tarefa do médico no parto seria “manter a máquina funcionando bem” (Arney, 1982: 24). Com a concepção racionalista e a conseqüente disciplinarização do parto obscurece-se a fronteira entre normal e anormal e o parto é compreendido como um processo mecânico contínuo sobre o qual pode-se interferir, ‘melhorando’ seu funcionamento. Esta reformulação da base ideológica das parteiras é, segundo Arney, mais importante do que a invenção do fórceps, para a entrada dos homens na prática dos partos (Arney, 1982: 25). O ‘parto científico’ expande-se para a Inglaterra e, no início do século XVIII, algumas mulheres das classes abastadas optam por parto em hospital realizado por parteiro. Neste sentido o hospital torna-se um recurso organizacional estratégico para a entrada dos parteiros masculinos no campo profissional, até então restrito às mulheres (Arney, 1982: 29). Houve um avanço masculino neste campo profissional e, segundo Arney,

As parteiras não dispunham, como grupo, de um cabedal de conhecimento prescritivo que lhes permitisse repelir os avanços práticos e ideológicos dos homens armados com sua nova ciência. (Arney, 1982: 29).

No século XVIII, o Iluminismo expande-se pela Europa, a ciência é valorizada também na atividade de partejar e, posto que a ciência à época é apanágio e território eminentemente masculino, os homens ganham terreno. A presença masculina no parto, que no passado era associada à morte – os cirurgiões-barbeiros e os parteiros com fórceps só eram convocados pelas parteiras em casos extremos –, é modificada com a nova atividade do parto científico. Para Arney, diversos fatores contribuíram para a entrada gradual e maciça dos homens no mercado de partos. O primeiro deles era o fato de ser uma atividade altamente lucrativa para os homens, que gastavam menos tempo com as parturientes do que as parteiras – em parte graças ao uso de instrumentos, como o fórceps. Parteiros ingleses no século XVIII como, p. ex., William Smellie e William Hunter adquiriram posições de reputação e prestígio social com a prática privada de partos à medida que as mulheres de classes sociais mais abastadas passaram a optar pelo parto em hospital assistidas por estes profissionais (Arney, 1982: 28, 29). Outro aspecto apontado por Arney é mais sutil e complexo: as antigas práticas de parto continham uma atmosfera de mistério e medo, quando não de terror. As parteiras lidavam com o mistério, e quando os homens eram convocados com seus instrumentos instalava-se o terror. Nas palavras de Hugh Chamberlen, um parteiro desta época, “Quando o homem chega, um ou ambos [mãe ou feto] necessariamente vai morrer” (Wertz & Wertz, 1977 apud Arney, 1982: 33). Smellie, em meados do século XVIII, criou programas para parteiros instando-os a adotarem práticas menos destruidoras, e com o avanço de atendimento de parteiros em partos normais, em especial nas camadas aristocráticas e da alta burguesia – de maior visibilidade social –, a associação entre parteiros e morte foi perdendo força. A atividade de partejar funcionava também como porta de entrada dos homens na prática da clínica geral. À medida que os homens aprenderam a realizar partos sem danificar bebês e mulheres, tornaram-se aceitos como assistentes do parto e como curadores. Contudo, o medo em torno de gravidez e parto manteve-se e pode ter servido como base para a construção da noção de gravidez e parto como patologias, um conceito que foi fundamental para que os homens obtivessem o controle sobre o parto nos séculos seguintes (Arney, 1982: 33).

A construção do campo profissional da obstetrícia diferiu entre Inglaterra, França e Estados Unidos – os países abordados por Arney em seu estudo. O autor aponta que as parteiras declinaram mais rapidamente na América do que na Inglaterra, e faz a ressalva de que este dado pode ser devido a um artefato de registro. A prática de partos era um modo eficaz de a medicina entrar nas famílias, além de ser uma atividade muito lucrativa se comparada com outros campos da profissão (Arney, 1982: 40).

A noção de gravidez e parto como patologias, associada à valorização das práticas científicas relacionadas ao corpo abrem o caminho para a apropriação deste campo pela medicina. Outros fatores tiveram um relevante papel na construção deste quadro, passo a esboçá-los brevemente. De acordo com Foucault, no século XVIII, a medicina – como técnica geral de saúde, mais do que apenas o cuidado e cura das doenças – expande-se como função direta do grande crescimento demográfico do Ocidente europeu e da necessidade de coordená-lo através do surgimento do conceito de “população”. Este conceito surge não apenas como um problema teórico, mas como “objeto de vigilância, análise, intervenções, operações transformadoras” (Foucault, 1998b: 198, 202). O bem-estar físico e o crescimento das populações surgem como objetivos políticos, e a importância que a medicina adquire no século XVIII tem sua origem, segundo Foucault, no “cruzamento de uma nova economia ‘analítica’ da assistência com a emergência de uma ‘polícia’ geral da saúde” (Foucault, 1998b: 197). A “noso-política” surge no século XVIII, resultante de um problema multifacetado: o estado de saúde da população como um todo, tomado enquanto objetivo político geral, um encargo coletivo (Foucault, 1998b: 195). Foucault frisa que a iniciativa, organização e controle da noso-política encontram-se espalhados por todo o tecido social, não estando restritos ao aparelho de Estado, e a medicina funciona como ponta-de-lança nesse processo. Esta nova política médica difunde-se gradualmente por toda a Europa a partir do século XVIII e tem como reflexo a “organização (...) do complexo família-filhos, como instância primeira e imediata da medicalização dos indivíduos” (Foucault, 1998b: 200). Desta maneira, a criança – o futuro da população – passa a ser foco de uma atenção estratégica e, sobretudo, medicalizada. A família deve tornar-se o meio favorável à proteção e desenvolvimento da criança, e o laço conjugal passa a existir principalmente para servir de matriz ao futuro adulto. Em função do papel fundamental da mulher na gestação e no cuidado com a saúde dos filhos acentua-se concomitantemente a progressiva medicalização do corpo da mulher. Na expressão de Foucault, a família no século XVIII torna-se alvo de “um grande empreendimento de aculturação médica” (Foucault, 1998b: 200). O movimento higiênico que, no decorrer do século XIX, consolidou-se de forma hegemônica no Ocidente e teve seu auge nos anos 30 do século XX, constituiu-se como a via principal de construção de um novo paradigma.

O principal compromisso de um casal era com os filhos, em especial com a saúde destes. A nova mãe ‘higiênica’, responsável principal pela sobrevivência da prole e pela manutenção do casamento, envolvida primordialmente com a esfera doméstica, encontra nos médicos (ou é por eles encontrada como) a grande aliança (Costa, 1979: 255pp). Neste contexto o médico adquire uma posição altamente prestigiosa, posto que, ao mesmo tempo atende, orienta, cuida e ainda mantém intactas as estruturas sociais de poder, na realidade praticamente investindo-se do bio-poder.

No tocante à questão da estruturação da profissão, segundo Arney, no decorrer do século XIX as parteiras estavam mais ocupadas com suas práticas e com suas parturientes do que em estabelecer um corpo de conhecimento ou uma organização profissional. Assim, foram gradualmente sendo destituídas da prática dos partos. Nos Estados Unidos, a ciência foi muito mais importante para o estabelecimento da medicina como profissão do que na Inglaterra, tendo sido utilizada como pedra angular das grandes escolas médicas. Mais do que um marco para a divisão de sexos, a ciência foi fundamental para os praticantes masculinos conseguirem ultrapassar as barreiras da modéstia e do decoro. A patologização da gravidez tem um papel de destaque para a entrada de parteiros homens no mercado do parto. O parto científico realizado por médicos sublinhava a importância da ‘segurança’ de partos realizados por homens ao invés de parteiras, mulheres. Aliado a este aspecto, havia a associação entre o parto natural como uma prática dos selvagens e os argumentos evolucionistas importados da Inglaterra alicerçavam a noção de que, com a civilização avançando, a ‘natureza’ necessariamente se retraía e as mulheres perdiam a habilidade ‘natural’ de parirem com o mínimo de ajuda. Deste modo, a patologização do parto adquiria uma conotação positiva, nos Estados Unidos, pois definitivamente as mulheres americanas não queriam ter partos como as selvagens (Arney, 1982: 43). De acordo com Arney, as principais contribuições americanas para a formação da profissão da obstetrícia foram a medicalização e patologização da gravidez. É introduzida a anestesia com éter em 1842, para eliminar “as dores intoleráveis do parto”. Com a introdução da anestesia, a participação da mulher no parto é também eliminada, e isso ao mesmo tempo facilita a tarefa do médico e reforça a idéia de que o parto, para ser seguro, deve ser manejado por estes profissionais; concomitantemente torna-se necessária a utilização de instrumentos e de pessoas habilitadas para usá-los apropriadamente. A introdução do uso de ergotamina neste período, para acelerar o parto, foi mais um reforço no processo de medicalização deste, pois os riscos de tetanismo e de uma ruptura uterina reforçaram a necessidade da presença de médicos na parturição (Arney, 1982: 44).

Um problema na formação da profissão consistiu em que obstetrícia entrava no monopólio do parto pela via da patologia, mas nem todos os partos eram patológicos. Considerando a parturição como chave para o projeto obstétrico, a “normalidade residual” do parto tornava-se um problema para este projeto. Fazia-se necessário o desenvolvimento de meios para antever problemas e agir profilaticamente. Arney aponta que a Inglaterra e os Estados Unidos lidaram de modo diferente em relação à “normalidade residual”, em função de diferentes estruturações da profissão em cada país. Na Inglaterra, a obstetrícia tinha fronteiras fortemente demarcadas como profissão e os médicos atuavam tanto quanto as parteiras supervisionadas, enquanto nos EUA a obstetrícia era fracamente demarcada como profissão, mas em contrapartida a profissão médica estava fortemente demarcada: os partos eram feitos por generalistas e obstetras, mas sempre médicos. Esta diferença na rigidez das fronteiras profissionais influenciou as práticas do início da obstetrícia, posto que através delas a profissão estendeu seu alcance de modo a incluir os partos que fossem “potencialmente anormais”, além dos nitidamente patológicos (Arney, 1982: 51).

Nos EUA as práticas desenvolvidas pela especialidade rapidamente difundiram-se e tornaram-se rotina em todos os partos. Na Inglaterra, os especialistas médicos desenvolveram práticas nos partos complicados diferentes das que eram utilizadas nos partos sem complicações, e estas práticas permaneceram do lado médico da especialidade, não sendo utilizadas pelas parteiras. Arney aponta que fronteiras profissionais fortes e bem delimitadas tendem a conter as práticas por ela utilizadas, enquanto fronteiras fracas permitem uma difusão mais rápida para a prática geral (Arney, 1982: 52). Nos Estados Unidos, em fins do século XIX, as camadas pobres da população eram atendidas por parteiras, e alguns dados de pesquisas mostravam que estes partos eram mais seguros do que os ocorridos nas camadas da população que tinham acesso às intervenções médicas. A saída retórica para este problema consistiu, segundo Arney, em a profissão admitir que o parto era um evento “essencialmente normal e natural”, mas que havia sempre a possibilidade de algo sair errado. Desse modo, revestia-se de uma “dignidade patológica” (Arney, 1982: 54).

Joseph Bolivar DeLee é considerado um ícone de uma poderosa escola dentro da obstetrícia americana, a do “nascimento como patologia”. DeLee mostrava-se preocupado com o “potencial patológico” do parto, e com os “perigos do parto” para o bebê (Arney, 1982: 55). Em contraposição a ele, J. Whitridge Williams colocava-se como defensor de práticas mais conservadoras, mas o ponto de partida de ambos é o mesmo: o parto visto como potencialmente patológico (Arney, 1982: 57). Há inúmeros debates, com posições intermediárias entre os dois obstetras – ambos autores de influentes manuais de obstetrícia, com inúmeras reedições até os dias atuais –, verdadeiras batalhas pelo estabelecimento do campo profissional.

Em 1930 a posição de DeLee prevaleceu e o American Board of Obstetrics and Gynecology foi criado, desenvolvendo critérios para julgar a qualificação de especialistas. Com a profissão adquirindo status de especialidade, o olhar médico estreita-se, o “caso obstétrico” é destacado da pessoa e o “material obstétrico” é confinado ao útero e pelve (Arney, 1982: 59). À estruturação da obstetrícia como especialidade corresponde, portanto, uma construção social fragmentada da mulher, de sua vida e de seu corpo.

O modo de compreender e lidar com o corpo feminino, a gravidez e o parto articula-se de modo estreito à formação da obstetrícia como profissão em diferentes locais, em especial EUA e Inglaterra. Nos EUA esta visão tendeu a ser mais fragmentada, medicalizada e patologizada do que na Inglaterra.

Trecho retirado da Tese de:
** Lilian Krakowiski
Mestre em Saúde Coletiva e doutoranda do PPGSC do IMS/UERJ
Bolsista FAPERJ
Contato: liliank@cremerj.com.br;

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a atriz global e sua cesárea


escrito por: Tricia em às 4:43 PM.



sinceramente, você conseguiria viver sem esta noticia?

"Ligeiramente abatida, mas sorridente e bem humorada, Adriana Esteves saiu da maternidade nesta quinta-feira, 19. A atriz foi com o marido, o ator Vladimir Brichta, e o filho recém-nascido, Vicente, para o apartamento da mãe dela, Regina, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. (fonte: Globo.com)

Ligeiramente abatida é ótimo. Daqui a pouco vão dizer que cirurgia de grande porte é o mesmo que tirar um cravo do rosto. Simples, rápida, segura.

E não é assim que todas nós mulheres recebemos essa "imagem" de modernidade? Parir é coisa pra bicho. Será que é mesmo?

Mais uma atriz que teve seu filho dessa maneira. Bem que poderiam falar das outras tantas que parem todos os dias deitadas como uma tartaruga encalhada nas maternidades desse país. Tantas Marias, Silvanas, Franciscas, tantas...

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preparando seu perineo para parir


escrito por: Tricia em domingo, outubro 22, 2006 às 4:43 PM.

Essa semana estive no consultorio da Dra Barbara com a Kelly, e ela ensinou a fazer uma massagem perineal com óleo de amendoas para prevenir roturas.
Não é fazendo propaganda não, mas existe um óleo da Weleda maravilhoso e especifico para essa finalidade. Mas outros óleos tambem servem.

Como sou chata, fiquei pensando: será mesmo necessário fazer isso? Tenho certeza que minha avó nunca fez. Acho que vale mais ter paciência na hora do expulsivo, tentar não empurrar para o bebê nascer bem devagarinho...

Mas, se ajuda, então porque não tentar?

Faça o seguinte: use um bom oleo de amendoas e duas vezes ao dia, fique de cócoras (é a melhor posição, mas fica a seu criterio), e faça com os dois dedos indicadores um movimento de meia-lua, espalhando e esticando a pele abaixo do canal vaginal. Quanto mais forte melhor, pois o tecido vai cedendo. Repita varias veses o movimentos da esquerda pra direira e vice-versa. Só isso.

Duro é alcançar o dito cujo com uma barriga enorme no meio. Hohoho

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parto normal após cesárea, é possivel?


escrito por: Tricia em sexta-feira, outubro 20, 2006 às 4:40 PM.




Minha resposta é: SIM! É possivel.
Com as seguintes condições para diminuição dos riscos e aumento da segurança da mãe e do bebê:

- o parto deve ser totalmente natural, sem intervenções. Não pode haver infusão do famoso "sorinho" (ocitocina) ou citotec (pilula colocada na vagina, muito usada para aborto clandestino) que costumam fazer nos hospitais, porque isso aumenta o risco de ruptura.
- a gestante deve ter liberdade total em assumir posições que julgue mais confortáveis (como cócoras por exemplo).
- tem que haver muita paciencia para deixar o processo acontecer naturalmente.

Nos casos de parto normal após cesárea, cabe o velho ditado americano:
"Parir é seguro. Interferir na natureza é que é perigoso."

Apesar do que os médicos-apavorados contam, o risco entre um VBAC1 (Vaginal Birth After ONE Cesarean)e o VBAC2 (after TWO), é de apenas 0,7% a mais na ruptura uterina. Ou seja, o risco de ruptura uterina em uma mulher com UMA cesárea prévia é de 0,6% (em media) e o risco de ruptura em uma mulher com DUAS cesáreas prévias, aumenta para 1,2%.

Não estou inventando nada. É Medicina baseada em evidências. Foram várias pesquisas cientificas realizadas nos EUA e Europa, e no resto do mundo também, estudando ocorrencias de ruptura uterina em grupos de mulheres com 1, 2 ou mais cesareas prévias.

Participo de uma lista de discussão chamada ICAN, americana, onde há vários casos de mulheres que pariram por suas próprias entranhas após 2 ou 3 cesáreas. Juro.

Quem quiser saber mais, indico esse site Plus Size Pregnancy, que inclusive tem vários estudos comprovando que é possivel sim.


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A parteira como água


escrito por: Tricia em quinta-feira, outubro 19, 2006 às 4:40 PM.


Anna Basevi**

2004

Numa casa de campo, no sul do México, vive Naoli Vinaver, 38 anos, com seu companheiro e seus três filhos que ali nasceram. O terceiro parto, de uma menina, foi gravado e editado num vídeo: “Dia de Nacimiento” (produzido por Sage Femme – www.homebirthvideos.com). Como as poucas mulheres que resolveram dar à luz sem intervenções nem auxílio médico, ela foi literalmente e totalmente parteira de si mesma.

Mas, no dia a dia, Naoli é parteira profissional, assistindo as mulheres no domicílio, há 15 anos, desde que começou o aprendizado com as parteiras tradicionais que ainda atuam na realidade rural mexicana. Dos 500 partos aos quais assistiu, com uma média atual de 40 por ano, remunerados de acordo com a faixa social de cada mulher, a metade é de mulheres camponesas, uma parte de estudantes universitárias, e o restante de mulheres urbanas de classe médio-alta que resolvem fazer à experiência do parto domiciliar.

Um aprendizado tradicional, uma mulher moderna

Esta mulher que, para falar do parto sente necessidade, antes de tudo, de falar da vida, representa uma verdadeira ponte entre a sabedoria antiga e a vida moderna, porque possui uma trajetória inédita. Ela é de família etnicamente e culturalmente misturada: os pais intelectuais optaram pela vida no campo, ela se formou em antropologia, com una tese sobre dança, tema que foi aprofundar com uma bolsa de estudo no Congo. Ao regressar, começou a se interessar pelas experiências de parto (que, até então, conhecia de perto somente entre os animais), procurou livros e informações e as parteiras tradicionais. Foi justamente com elas que aprendeu e se desenvolveu profissionalmente, sem passar por um treinamento de enfermagem ou obstetrícia tradicionais. Enfim, aprofundou sua formação numa escola de parteiras situada na fronteira entre México e os EUA, ao mesmo tempo em que continuou seu percurso de leituras e troca de informações sempre envolvendo o saber das parteiras camponesas.

Ela se considera uma ponte de informações entre as mulheres do campo e as mulheres da cidade, comparando-se a uma borboleta que passando de flor em flor e se torna um meio de trocas e comunicação.

Hoje em dia, dedica parte de seu tempo à divulgação e resgate do trabalho das parteiras, atua do Midwifery Today, em parceria com nomes de destaque como o do doutor Michel Odent, e o da antropóloga Robbie Davis-Floyd, além de outras parteiras engajadas vindo de paises diferentes.

No Brasil

Com essa mesma finalidade ela veio ao Brasil algumas vezes. A primeira vez, em 2003, coordenou duas oficinas no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, e no Rio de Janeiro contou sua experiência profissional e de vida, aceitando o convite de Heloisa Lessa (enfermeira obstetra) e do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher da Abenfo (Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras - entdidade encarregada de fornecer pareceres técnicos sobre ensino, assessorar cursos de atualização e ministrar diretamente cursos para enfermeiras obstetras e neonatais). Em 2004, participou: em maio, como uma das principais conferencistas, ao II Congresso Ecologia do Parto e do Nascimento (acontecido na UERJ); em setembro, ao Encontro Nacional de Parteiras tradicionais na Bahia. Ainda a esperamos em novembro para mais palestras no Rio e em São Paulo.

O conhecimento intuitivo: a Natureza como guia

A humanidade, lembra Naoli, na primeira parte de sua palestra “A intuição e o parto”, surgiu sem tecnologia, e, se não faz nenhum sentido hoje negá-la, é importante frisar sua interferência excessiva e muitas vezes prejudicial. Seria mais saudável considerar a tecnologia um auxílio possível e não o dogma de uma nova religião. Questionar a ilusão de conhecimento absoluto que através dela se pretende oferecer significa também se conscientizar da impossibilidade de garantir absolutamente a vida pelo uso da ciência.

O conceito de intuição carrega em si etiquetas que não fazem jus ao seu verdadeiro sentido, assim como o conceito de “primitivo”. No lugar deste, Naoli prefere usar o conceito de “originário”. Rumo às nossas origens de mamíferos, deve-se devolver o parto (hoje em dia, nas mãos do sistema médico) à comunidade humana e principalmente às mulheres, resgatando a capacidade originária de parir e de assistir a um parto, deixando que a Natureza seja o guia principal deste evento. Por isso, sem chegar a propô-lo como definição oficial (já que atualmente o discurso se situa sob o título de “parto humanizado”), ela sugere que se assuma interiormente a idéia de um parto “animalizado”.

As parteiras tradicionais são consideradas “pouco preparadas” numa comparação estereotipada com os profissionais de saúde, única referência para medir o conhecimento.

Mas o que é tradição?

Há quanto tempo, dentro da longa história humana, se corta o cordão antecipadamente? Há 50 anos? Há quanto tempo a mulher é colocada na posição deitada? Um século, dois, três? Há quanto tempo, se usa a ocitocina artificial? Há quanto a episiotomia tornou-se rotina? Há quanto são os homens que fazem parto? E há quanto tempo lemos livros escritos por homens sobre os sentimentos das mulheres, a sexualidade e o parto?

O que seria a INTUIÇÃO?

Naoli propõe estas perguntas para a reflexão e também conta casos, episódios, nos traz exemplos concretos, vividos, desde sua infância até o trabalho de parteira ao longo destes anos e conclui: há momentos de compreensão profunda, onde temos a sensação nítida de saber como agir, ou em que agimos da maneira certa seguindo uma voz interior que nos guia e dá proteção; a intuição seria o momento em que o conhecimento se une ao originário.

A vivência no parto como na sexualidade

Ao começar a segunda parte da palestra, “A sexualidade e o parto”, Naoli pediu para que as ouvintes dissessem o que segundo elas a sexualidade abrange e implica para que seja bem vivida. As respostas foram várias e o perfil da sexualidade que surgiu foi os seguintes: desejo, relaxamento, liberdade de expressar-se, reciprocidade, respeito dos próprios ritmos, carinho, espontaneidade.... Ela observou como os elementos necessários ao desenvolvimento de uma sexualidade satisfatória são os mesmos que devem estar presentes durante o processo do trabalho de parto, que tem o parto como momento culminante, assim como seria o orgasmo na sexualidade.

O relaxamento no trabalho de parto é fundamental; depende, porém, de diversos fatores: desde do local escolhido, às pessoas envolvidas, ao relaxamento da boca e da mandíbula (a própria Naoli contou que no trabalho de parto de um de seus filhos sentia a necessidade de relaxar a boca toda e espontaneamente dirigia-se para o que percebia ser sua única solução, ou seja, colocar sua língua na boca de seu homem a cada contração), à intuição da parteira de encontrar a chave emocional certa para que a mulher permita a abertura – às vezes amparando fisicamente a mulher, outras recuando para deixá-la concentrada em si mesma, ou criando um espaço físico-emocional apropriado e comum, ou então saindo do espaço da mulher para só observar.

A identidade da mulher, na hora das contrações se torna imprevisível, mas totalmente verdadeira se ela se permitir estar dentro de si e expressar sua natureza de animal, instintiva, selvagem, livre. E por isso, sempre repleta de beleza.
E a parteira, por sua vez, se despoja de autoridade e vaidade, de qualquer papel preestabelecido, para ser também uma mulher, um bicho, um ser natural seguindo seu saber interior, com os pés fincados no conhecimento adquirido na prática.

Atrás das palavras

A mulher, ou o homem, que se propõe a assistir e auxiliar num parto, inevitavelmente carrega consigo sua visão do corpo feminino e sua relação com a sexualidade. Numa sociedade onde estas questões ainda são mal resolvidas e o imaginário do corpo feminino e do parto são impregnados de negatividade, é inevitável que criem e se mantenham em vida termos e expressões que revelam os valores predominantes. Além do famoso “quem fez seu parto?” ou “eu fiz o parto dela”, que remete à passividade da mulher e ao protagonismo do/a médico/a (expressões que é muito difícil transformar), há toda uma terminologia que cotidianamente escolhemos; todos nós somos responsáveis pelo uso e efeito das palavras.

O sexo feminino, por exemplo, possui muitos apelidos infantis, apelidos vulgares, ou denominações frias e desumanas, tais como “canal de parto” no jargão médico. A própria palavra “vagina”, afirma Naoli, não corresponde à beleza e à importância que a natureza deu ao órgão sexual feminino. Uma atitude questionada pelas ouvintes foi a definição técnica “produto”, para dizer “criança”.

No mundo inteiro, as parteiras tradicionais, apesar de possuir o calor, interesse, intuição e competência adequados, vêm sendo marginalizadas, desconsideradas e até discriminadas. No México, as crianças no campo, ao encontrá-las, as chamam de “vuelas” (vovós), mas elas evitam aparecer no hospital quando resolvem levar as parturientes com complicações graves para serem atendidas. E, no entanto, seria de grande utilidade que elas pudessem expor o próprio conhecimento e entendimento dos fatos, além dos detalhes e do histórico daquele caso, para que os médicos e as enfermeiras possam se orientarem melhor.

A competência das parteiras, não diz respeito somente ao apoio emocional e ao entendimento sutil da energia interior, como também das questões e problemáticas fisiológicas consideradas motivos para cesarianas ou intervenções médicas. Um circular de cordão ou um bebê pélvico são situações que podem ser resolvidas por elas com bastante tranqüilidade, assim como a espera até a 42ª semana não precisa tornar-se um motivo de ansiedade. Por outro lado, elas possuem a consciência e a capacidade de reconhecer o perigo de um batimento cardíaco baixo e levar as mulheres no hospital em casos de real necessidade.

Naoli nos conta que em 500 partos que ela assistiu, recorreu à episiotomia somente duas vezes.

Entretanto, no meio de uma humanidade que paga pela civilização com a perda da criatividade, da autonomia e da confiança no conhecimento interior, as parteiras são consideradas “mão suja”.

A viagem de duas mulheres

Entretanto, a parteira, que não tem as influências prejudiciais da formação institucionalizada (por ter aprendido com outras parteiras ou, no caso de parteiras “modernas”, por redefinir o próprio papel de enfermeira ou obstetra) parece representar, hoje, uma figura de vanguarda, unindo em si o máximo respeito para com o processo do trabalho de parto junto à capacidade de intuir as necessidades sutis e profundas da mulher, sabendo o tipo de toque, de contato, de palavra ou de silêncio que pode resguardar a energia mais sagrada e íntima, permitindo-lhe expressar sua individualidade, dando-lhe o máximo crédito na hora de seu parto. À mulher é devolvida sua autoridade: naquele momento, é ela quem faz o parto. A parteira observa, cria as condições necessárias, ajuda com exercícios, sugestões ou manobras se for preciso, mas sempre respeitando a conexão da mulher com seu próprio instinto. É por isso que Naoli compara a parteira à água: uma presença capaz de se transformar e adquirir a forma que a mulher necessita e que seu processo de parto indica.

Naoli resgata todo o valor de ser parteira, explicando que a maior dádiva neste trabalho, longe de ser a recompensa em dinheiro, é a oportunidade de participar de um momento de “desnudez” da mulher, com um alto potencial de descoberta, de força, de abertura. A cada vez, ela se sente envolvida numa viagem imprevista onde a paisagem sempre surge diferente. E ela, a parteira, com a experiência de outras 500 viagens, acompanha a mulher, nunca por trás, nem sequer na frente, mas caminhando ao seu lado, descobrindo juntas um novo mundo, explorando as possibilidades da natureza humana.

Naoli encerra seu intenso depoimento, que muitas vezes semeia emoções e nunca deixa espaços vazios ou de cansaço, com o vídeo de seu terceiro parto: uma menina vindo ao mundo numa banheira de azulejos azuis, no meio do campo próximo à Xalapa, na região de Vera Cruz, recebida pela mãe, o pai, os irmãozinhos, no final todos imergidos na água.

Desta vez, Naoli deixa de ser água para outra mulher e mergulha dentro do elemento primário e dentro de si para encontrar-se com o que nela sabe seguir o caminho originário, com aquilo que sabe cumprir a viagem transformadora do parto quando nascem, como ela mesma conclui no filme, uma criança, um novo equilíbrio familiar, uma nova mulher.

* Relato do discurso de Naolí Vinaver na sede da Abenfo: “A intuição e a sexualidade no Parto e no Nascimento” 31/01/ 2003, Rio de Janeiro

** Anna Basevi é professora de italiano no Rio, em formação em Antiginástica - Thérèse Bertherat. Está engajada no movimento pela humanização do parto e faz parte do grupo de apoio Amigas do Peito. Participou do projeto “Amigas da Luz” para o treinamento de doulas, em 2002. Teve dois filhos, o primeiro nascido de cesárea e a segunda de parto normal, seus relatos foram publicados no livro “Mulheres contam o parto” (SP, Ed. Itália Nova, 2003).


FONTE: ONG Amigas do Parto

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as mulheres ficam aterrorizadas


escrito por: Tricia em às 4:39 PM.



"O que mais reclamo nas maternidades é a violência dos médicos com a gente. Não sabem se você tem passagem para o neném, mas é só ir chegando que vão logo te cortando. ’Abre as pernas’, você abre e vuum, dão um corte! Talvez o neném até nascesse naturalmente. A violência maior é esse corte que dão na gente. Esse períneo é uma tristeza! Às vezes dão anestesia, mas nem sempre. E você toma aquela picada; na hora não sente, mas depois tem os fios de nylon que secam e ficam duros com aquelas pontas todas... é horrível e se você não ficar untando, fica tudo seco e dói muito. É uma barbaridade!

A maioria das mulheres não gosta de ir para o hospital e tenta esperar até a ultima hora. Por isso é que muitas vezes o neném nasce em casa, na rua, até no táxi, e como tem esses casos de mulheres que não podem ter parto normal, é onde muito neném morre, porque elas ficam agüentando até o ultimo momento e quando chegam não dá mais tempo de fazer o parto normal porque não tem passagem. Então eles forçam a pessoa para dar passagem e é quando o neném morre e até a mãe pode morrer. Se você está esperando as contrações, vem um médico, enfia o dedo e dá um toque; vem outro, dá outro toque ainda e outro mais... as mulheres ficam aterrorizadas. Às vezes, eles vêm por curiosidade de aprender, como os acadêmicos. Se fosse só um médico, aquele que vai fazer o teu parto e ainda está te dando assistência, então seria mais certo. Mas vários médicos... você lá com as pernas abertas, e TUM, daqui a pouco já é outro, e TUM de novo, e depois outro ainda, enfia a luva, o dedo, TUM... e vai embora! Isso é uma violência danada!”


(Depoimento de Cristina, página 26, retirado do livro “Mulher, Parto e Psicodrama” de Vitória Pamplona.)

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Recém-nascidos sentem mais dor do que os pediatras acreditam


escrito por: Tricia em quarta-feira, outubro 18, 2006 às 4:38 PM.


PARIS - Os recém-nascidos sentem mais dor do que os pediatras acreditam, de acordo com um estudo inédito do Centro Nacional de Recursos de Luta contra a Dor (CNDR) publicado nesta quarta-feira no jornal francês "Lê Monde".

De acordo com o estudo, os bebês sofrem uma média de 70 gestos dolorosos durante as consultas médicas, dos quais só 60% são realizados com sedação ou alguma forma de anestesia administrada de forma contínua.

Na avaliação dos pesquisadores, as aspirações na traquéia (33%), as punções de sangue no calcanhar (28%) e aplicação na pele de diferentes adesivos (18%) são as práticas que geram mais dor. Foram avaliados, entre setembro de 2005 e janeiro deste ano, 431 recém-nascidos.

O estudo revela "uma freqüência extremamente elevada de gestos dolorosos praticados nas unidades de reanimação" e um uso "grande, mas insuficiente de meios analgésicos durante a realização dos procedimentos", explica seu diretor, Ricardo Carbajal, doutor do hospital infantil Armand-Trousseau, de Paris. Três quartos dos bebês
estudados em 13% de reanimação eram prematuros.

Os outros atos médicos foram estudados em cinco serviços móveis de urgências pediátricas da região parisiense.

Até os anos 70, a comunidade médica pensava que os bebês não sentiam dor física e inclusive eram feitas cirurgias sem anestesia. Agora, sabe-se que podem sofrer inclusive antes de nascer, a partir da 24ª semana de vida no ventre materno.

Fonte: O Globo

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porque tanto medo de parto pélvico?


escrito por: Tricia em às 4:37 PM.



Estou impressionada com esse site. Encontrei lá fotos incrivéis de um parto pélvico, algo tão temido por mulheres, médicos, enfermeiras, hoje em dia.

Não sei se eu encararia um, ainda não tenho informação suficiente pra me sentir segura, mas acho que sim. Porque não? Se a natureza é tão sábia...
:O)

só uma observação:
como será que as indias lidam com parto pelvico? Será que elas sabem alguma tecnica maravilhosa para parir? Ou será que são deixadas à mingua pelas parteiras da tribo?

Lendo o livro do Pacionyk ontem a noite, vi o seguinte parágrafo:

"o parto (pelvico) de uma maneira geral, transcorre espontaneo, sem contratempos, sem qualquer artificio estranho. Entre as silvicolas entrevistadas não há lembrança de criança que tenha morrido por retenção de cabeça. O fato repercutiria através dos tempos e marcaria o folclore indígena em historias repetidas em sucessivas gerações.

1 - a posição agachada alarga o canal vaginal em todo o seu diâmetro. Canal mais aberto, menos risco de prender a cabeça.

2 - O peso do corpo da criança ao sair, dirigido para baixo, exetuca moderada e suave tração que colabora para a complementação espontânea do parto.

Acreditamos no que a experiência de algumas dezenas de casos nos mostrou: não havendo contra-indicação (que o médico sabe perceber) o parto espontâneo se cumpre sem colaboração estranha. Os riscos de complicações para a mãe e para o feto são muito menores do que se esses partos fossem todos cesáreas.

Indias da mata não têm medo de apresentação de nádegas. Simplesmente não fazem nada, não atrapalham a natureza, deixam a criança nascer. Sabem que na maioria dos casos nascem bem..."

(trecho do livro: "Aprenda a Nascer e Viver com os Índios" - Moysés Paciornik - paginas 67-68)

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Tricia Cavalcante: Doula na Tradição, formada pela ONG Cais do Parto, mãe de três, e doula pós-parto.Moro em Fortaleza-CE.


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