Alto índice de cesáreas no País preocupa governo


escrito por: Tricia em quarta-feira, junho 25, 2008 às 9:37 AM.

15/06 - 12:46, atualizada às 18:30 16/06 - Luísa Pécora
Em sua primeira gravidez, a psicóloga Andréa Esteves Coelho Costa, 27 anos, passou 39 semanas se preparando para um parto normal. Um ultra-som mudou seus planos: segundo a médica, o cordão umbilical contornava o pescoço da criança e o parto normal seria muito arriscado. Assustada, Andréa aceitou fazer a cirurgia naquele mesmo dia e só depois, com a filha nos braços, descobriu que a menina não tinha circular de cordão. A cesárea fora desnecessária.

Um ano e sete meses depois, grávida novamente, Andréa decidiu fazer qualquer sacrifício para ter o segundo filho da maneira como sempre sonhou. O primeiro desafio: encontrar um médico que aceitasse fazer o parto normal em uma mulher que já havia tido cesárea. Só na quarta tentativa, conseguiu o que queria. O trabalho de parto de 16 horas foi, segundo ela, a melhor experiência de sua vida. “Na cesárea eu fiquei parada enquanto os médicos faziam tudo. No parto natural era eu e minha filha. Foi incrível ver o quanto nós nos esforçamos para ela nascer.”

O caso de Andréia é comum no Brasil, onde 43% dos partos são cesáreas, média muito acima da recomendada pela Organização Mundial da Saúde (15%). O índice chega a 80% entre as mulheres que utilizam planos de saúde (no SUS, 26% dos partos são cirúrgicos), fazendo do país o campeão mundial de cesarianas.

Números tão altos levaram o Ministério da Saúde a iniciar, em 2008, uma campanha para conscientizar a população de que o parto cirúrgico deve ser utilizado apenas quando necessário. Os alvos da campanha não são apenas as mulheres, mas também os médicos. Pesquisa realizada em três hospitais do Rio de Janeiro revelou que, no início da gestação, 40% das mulheres dizem querer o parto normal. No entanto, apenas 15% delas mantêm a decisão ao final da gestação.

Segundo a Dra. Lena Peres, diretora-adjunta do Departamento de Ações Estratégicas do Ministério da Saúde, é um sinal de que as mães são convencidas a optar pela cesárea. “Há um desestímulo, que pode estar ligado à relação da mulher com o médico e com seus familiares”, explica. “

Tempo e dinheiro

A ginecologista Carolina Ambrogini acredita que os maiores desestimuladores do parto normal são os médicos. Para ela, a razão de os índices de cesárea serem maiores entre as usuárias de plano de saúde é simples: os convênios pagam a mesma quantia para os dois tipos de parto.

A diferença é que, no parto normal, a paciente requer cuidado por muito mais tempo, de seis a nove horas, enquanto uma cesárea sem complicações leva de uma a duas horas. “É questão de tempo e dinheiro”, afirma Ambrogini, mãe de parto normal que concorda com a campanha do Ministério, mas não a julga suficiente. “Enquanto os médicos não receberem por hora de trabalho, vai ser muito difícil reverter a situação.”

O medo de errar também é um dos motivos que leva tantos médicos a preferirem a cirurgia. “Ninguém nunca vai perguntar para o médico: ‘por que você fez cesárea?’”, diz a ginecologista. “Mas se o bebê de parto normal nascer com algum problema, a primeira pergunta será: ’por que você não fez cesárea?’”.

Assim, qualquer pequena anormalidade se torna razão para optar pela cesárea. Indicações absolutas, no entanto, são poucas: a posição do bebê (quando ele está sentado ou atravessado no útero), sofrimento fetal durante o trabalho de parto (a cesárea acelera o nascimento e encerra a dor mais rapidamente), algumas más formações e complicações relacionadas à placenta, que são consideradas emergências obstetras.

A circular de cordão que motivou a cesariana de Andréa, por exemplo, pode ser facilmente retirada no parto normal. Da mesma forma, hipertensão e peso do bebê nem sempre são motivos para parto cirúrgico.

Segundo Ambrogini, apenas casos de hipertensão não-controlada e bebê muito grandes (acima de 4kg) pediriam a cesárea, que como toda cirurgia, apresenta riscos. Mulheres que optam por esse tipo de parto têm mais chance de sofrerem lacerações em artérias, veias e bexiga, e de sofrerem hemorragias, infecção e embolia pulmonar.

A mortalidade materna é de 4 a 20 vezes maior nas cesáreas, dependendo da região do país, e há a possibilidade de a cicatriz causar má implantação da placenta na próxima gravidez. Os bebês que nascem de cesariana têm mais dificuldade para respirar, pois é no momento em que passa pelo canal de parto que a criança libera a água que tem no pulmão. O maior tempo de internação de mãe e filho faz com que o custo institucional do parto cirúrgico seja mais alto.

No parto normal, mãe e bebê costumam ter alta em 24 horas. Na cesárea sem complicações, ficam no mínimo 48 horas no hospital.

Bem de consumo

Além da pressão do médico, existe uma espécie de cultura da cesárea no país. É o que acredita a terapeuta ocupacional Carla Cristina Costa Arruda, 24 anos, que trabalha como doula, profissional treinada para dar suporte físico, apoio emocional e orientações para mulheres ou casais durante a gestação, o parto e o pós-parto.



Divulgação
Aula de orientação para gestantes
Aula de orientação para gestantes

Para ela, a desinformação pode levar as mulheres a aceitar qualquer opinião que lhe traga a certeza de que o bebê nascerá bem. Além disso, muitas mães optam pela cesárea por comodismo (para escolher a data do parto) ou preconceito. “Na nossa cultura, cesárea é coisa de rico e dor é o que se sente no SUS”, afirma Carla.

Lena Peres, diretora-adjunta do Departamento de Ações Estratégicas do Ministério da Saúde, afirma que a cesárea se tornou um “bem de consumo”. “Houve uma época em que era bonito comprar leite de lata, e não amamentar. Com campanhas de esclarecimento, mudamos o paradigma brasileiro. É isso que precisamos fazer com a cesárea”, explica.

Um dos maiores desafios é acabar com os mitos populares que assustam as mulheres. Um deles é o de que, uma vez cesárea, sempre cesárea. Segundo a ginecologista Carolina Ambrogini, não há problema em optar pelo parto normal depois de um cirúrgico, como fez Andréia.

Depois da segunda cesariana, no entanto, um parto normal pode causar rompimento de cicatriz. A tese de que o parto normal alarga a vagina depende da musculatura de cada mulher. Para que o quadro de fragilidade muscular seja acentuado, é preciso ter pré-disposição a isso e, geralmente, muitos filhos ou bebês muito grandes. “Mas é algo individual”, ressalta a doutora. “Tem mulher que tem 20 filhos e não acontece nada”.


"Parto é só alegria"


O que mais assusta as mulheres ainda é a dor do parto, motivo que levou a dona de casa Priscila Santos, 24 anos, a contrariar o médico, que indicava parto normal, e pedir cesárea em suas duas gestações. Na segunda cirurgia, a cicatriz ficou infeccionada, o que lhe causou 25 dias de muita dor. Nem isso fez com que ela se arrependesse da escolha.

“Só não faria a cesárea se fosse proibida”, diz Priscila. “Eu até admiro as mulheres que têm parto normal. Precisa ter muita coragem, coisa que não tive e não tenho.”

A doula Carla Cristina garante que a dor do parto pode ser manejada com ambiente calmo, luz menos agressiva, massagens, mudança de posição, acupuntura, cromoterapia, água morna e apoio emocional tanto do marido quanto dos profissionais envolvidos.

A ginecologista Carolina Ambrogini aprova o trabalho das doulas e também acredita que uma mulher bem orientada sofre menos durante o parto. “As contrações são de fato muito dolorosas, mas hoje já temos anestesia de parto, não é uma coisa que não dá para suportar”, explica. “A mulher que já vai assustada, acreditando no que colocaram na cabeça dela, não se mantém lúcida e se desespera com qualquer dor.”

Os relatos de algumas mulheres podem servir de incentivo para quem tem sente medo. Alessandra Godinho, 29 anos, doula, educadora perinatal, consultora em aleitamento materno e mãe de dois filhos, é categórica: “Parto é só alegria”, classifica ela, que compara as sensações do parto com as provocadas por uma relação sexual.

“Assim como ter uma primeira relação sexual pode doer, também existe possibilidade de prazer. O parto é um evento sexual, social, espiritual e fisiológico, um rito de passagem onde uma mulher se torna uma mãe”, conclui, recomendando às gestantes o documentário “Parto Orgásmico”, que pode ser assistido no site www.orgasmicbirth.com

A advogada Adriana Poças Rezende, 38 anos, reforça o coro com o relato de seu parto que, depois de muita divergência com a médica que insistia na cesárea, foi realizado em casa, em uma espécie de piscina que a doula armou em seu banheiro, embaixo do chuveiro. “A dor não é pouca, mas passa. As três últimas contrações, quando acabaram, foram prazerozíssimas. Na hora da expulsão, gritei ‘é agora’ e não senti absolutamente nada”, conta ela, que diz ter tido não um, mas três orgasmos durante o parto. “Três orgasmos e recebi meu filhote sem remédios, anestesias, mãos estranhas e luvas geladas”, completa.

Segundo a ginecologista Carolina Ambrogini, a sensação de prazer é causada porque, durante o parto normal, ocorre uma grande elevação de um hormônio chamado ocitocina, que é associado ao orgasmo e responsável pela contração do útero.

E até quando o assunto é vaidade as defensoras do parto normal têm argumentos. Segundo a doutora Lena Peres, a mulher que não faz cirurgia pode voltar as atividades físicas mais rápido, e já começar a queimar os quilinhos ganhos durante a gravidez. Ser natural tem suas vantagens.

fonte: ultimo segundo

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Um estudo conduzido por pesquisadores britânicos sugere que bebês recém-nascidos sentem mais dor do que se pensava.
A equipe, do University College London, afirmou que os bebês demonstram dores ou desconforto não apenas quando choram, mas também quando dobram pés e pernas, arqueiam as costas, esticam os dedos e fazem caretas.

Os especialistas monitoraram a atividade cerebral de 12 bebês, alguns deles prematuros, durante o teste do pezinho --um procedimento médico que consiste em retirar algumas gotas de sangue do bebê para detectar possíveis doenças genéticas e infecciosas que poderão afetar seu desenvolvimento.

O estudo, divulgado na publicação científica "Public Library of Science: Medicine", detectou que expressões faciais, como caretas, olhos espremidos e testa franzida já eram suficientes para indicar que os bebês estavam sentindo dor. O choro, afirmaram os pesquisadores, apontava que a dor estava muito forte.

Mas o monitoramento do cérebro revelou ainda que alguns recém-nascidos tiveram reações cerebrais associadas a dor, porém não as expressaram por meio de respostas físicas --o que, na avaliação dos especialistas, levanta suspeitas de que os médicos podem estar "subestimando o quanto os bebês sofrem com dores".

A coordenadora do estudo, Rebeccah Slater, espera que o trabalho ajude médicos e pais a melhor identificar os sinais de dor por meio de expressões e movimentos corporais.

"Apesar de nosso estudo ser limitado, aumenta a preocupação sobre as ferramentas que são utilizadas pelos médicos para estabelecer o nível de dor em recém-nascidos", disse a médica.

Ainda segundo a pesquisadora, o choro das crianças não é a melhor forma de avaliar sua dor. "Elas choram quando estão com dor, mas também o fazem quando estão com frio, fome, cansadas ou estressadas", declarou. "Então, só porque um bebê está chorando, não significa que esteja com dor. Além do mais, alguns nem choram quando sentem dores."

FONTE: FOLHA

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"The Business of Being Born" 2007 Trailer


escrito por: Tricia em quinta-feira, junho 12, 2008 às 2:26 PM.

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Tricia Cavalcante: Doula na Tradição, formada pela ONG Cais do Parto, mãe de três, e doula pós-parto.Moro em Fortaleza-CE.


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