o que é sofrimento fetal mesmo?


escrito por: Tricia em segunda-feira, dezembro 11, 2006 às 11:19 AM.

"O sofrimento fetal é comumente utilizado como justificativa para cesárea, e certamente o termo é aterrorizante, que mãe pode ficar tranqüila com a suposição de que seu bebê se encontra em sofrimento? Por isso, e porque a maioria dos bebês com esse diagnóstico de sofrimento fetal nascem com bons escores de Apgar e com pH normal no sangue do cordão (o único exame que comprova se EFETIVAMENTE houve hipóxia, ou seja, redução do suprimento sangüíneo reduzindo a oxigenação fetal), o próprio Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras recomenda que se use o termo "freqüência cardíaca fetal não-tranquilizadora" (tudo bem que realmente não tranquiliza muito, mas ainda é melhor que "sofrimento") para se referir a determinadas alterações da freqüência cardíaca fetal que podem estar associadas com o comprometimento da oxigenação do bebê.

A freqüência cardíaca fetal (FCF) oscila NORMALMENTE entre 110 e 160 batimentos por minuto (bpm). Essa é a freqüência BASAL, porque tanto a movimentação fetal como as contrações podem acarretar ACELERAÇÕES da FCF, que são achados fisiológicos e tranquilizadores. ÓTIMO o bebê acelerar os batimentos nessas circunstânicas. Essas acelerações são consideradas SATISFATÓRIAS quando demoram pelo menos 15 segundos
e são da magnitude de pelo menos 15bpm. CUIDADO para não achar que o retorno à FCF basal é uma desaceleração, por isso a ausculta deve ser criteriosa, antes, durante e depois da contração, registrando-se a ocorrência ou não de movimentos fetais.

A DESACELERAÇÃO é quando, ao invés de subir, os batimentos caem durante ou depois de uma contração ou seguindo-se aos movimentos. Uma queda moderada durante uma contração em franco trabalho de parto ou com bolsa rota não é um achado não-tranquilizador, pode acontecer naturalmente pela compressão da cabeça fetal. Leves/moderadas desacelerações seguindo-se aos movimentos podem sugerir circular de
cordão. Profundas desacelerações DEPOIS das contrações, essas sim, podem ser patológicas, mas há que se checar se não estão associadas com o decúbito DORSAL, porque nessa posição há compressão aorto-cava e redução da oxigenação fetal, mas é um achado transitório que se reverte com a mudança para o decúbito lateral esquerdo. Se mesmo com a mudança de decúbito persiste o padrão de desacelerações, a
monitorização com carditocografia está indicada, porque há que se avaliar se o achado se associa com bradicardia ou redução da variabilidade da FCF. Desacelerações tardias e graves freqüentes em associação com bradicardia ou redução da variabilidade representam o padrão de FCF não-tranquilizador, que pode, de acordo com a fase do trabalho de parto e as características do líquido amniótico,
traduzir realmente má oxigenação fetal e indicar a cesariana (ou, em período expulsivo, um fórceps de alívio).

BRADICARDIA é a freqüência cardiaca fetal abaixo de 110bpm, isolada não tem valor prognóstico, se associada a desacelerações tardias indica possibilidade de hipoxia fetal.

TAQUICARDIA é a freqüência cardíaca fetal acima de 160bpm (cuidado para distinguir das acelerações), MANTIDA. Geralmente fisiológica, pode todavia associar-se a febre materna ou infecção fetal. Também se deve avaliar se há associação com outras alterações da freqüência cardíaca fetal.

Enfim, devem ser considerados vários parâmetros, porque o diagnóstico de "sofrimento fetal" geralmente é feito de modo inadequado. Uma ausculta cuidadosa permite o diagnóstico diferencial dos diferentes padrões de FCF e certamente, com cuidados como evitar hipotensão e adoção do decúbito lateral, reduzem-se os falso-
positivos tão freqüentes quando se asculta o bebê com a parturiente em decúbito dorsal.

por: Dra. Melania Amorim

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Tricia Cavalcante: Doula na Tradição, formada pela ONG Cais do Parto, mãe de três, e doula pós-parto.Moro em Fortaleza-CE.


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