Amamentação nutre e reforça os laços
escrito por: Débora, em domingo, maio 20, 2007 às 10:54 PM.
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A amamentação é um dos momentos mais íntimos de uma mulher e torna aindamais estreita a relação entre mães e filhos. Além de um ato de amor ecarinho, ela é fundamental para o crescimento e desenvolvimento saudável dospequenos."A amamentação deve ser exclusiva até os seis meses e, a partir dai,complementada com outros alimentos, que serão introduzidos gradativamente. Oideal é que ela seja mantida até a criança completar dois anos", diz apresidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira dePediatria, Elsa Guigliani.O leite materno contém todos os ingredientes necessários à boa formação dobebê, como proteínas, anticorpos, gordura, vitaminas, ferro, açúcar, enzimase fatores que propiciam o crescimento. Além disso, ele promove maiorresistência à infecções, previne alergias, inclusive a asma, e problemascardiovasculares na fase adulta. Outra grande vantagem do leite materno éaumentar a capacidade cognitiva da criança, favorecendo a inteligência edesenvolvimento social.Apesar da grande importância da amamentação, muitas mulheres se senteminseguranças em relação à qualidade do leite e acabam interrompendo oprocesso por temer que o leite seja fraco ou por acharem que a criança nãoestá ganhando peso."A sociedade inventou o mito do leite fraco para justificar a falta deinformação ou até limitações da mulher que a impedem de amamentar. Nãoexiste leite fraco e, se o bebê chora de fome no intervalo das três horas damamada, é porque há diferenças fisiológicas que o fazem ter necessidade demamar mais vezes ou até porque o bebê pode sugar o leite de maneira errada,desperdiçando o final da mamada, onde a mãe fornece o leite que sacia e quetem mais gordura", diz Elsa.O importante é saber que a mãe não deve deixar de amamentar e que, aocontrário do que se imaginava até a década de 70, o leite de vaca não é omais indicado para os bebês. Ele contém mais gordura e sua proteína não éfacilmente digerida. O bebê ganha peso e tem menos fome, mas isso nãosignifica que esteja mais bem alimentado.
Fonte: *Terra Saúde*
Marcadores: amamentação
Preparando-se para ser Mãe
escrito por: Tricia em quarta-feira, maio 16, 2007 às 9:09 PM.
1 Comentários
maio/2007
Você esta grávida ou quer ficar em breve? Comece a preparar-se, física e espiritualmente. Sua missão é linda apesar de dificílima, e só me entendem aquelas que já são mães com todas as suas responsabilidades.
Comece pelo seu ritmo, regre-se. Obedeça seu ritmo biológico, respeite seu sono e seu apetite. Nada de ficar madrugada adentro trabalhando ou nas baladas. Substâncias liberadas na corrente sanguínea devido ao estresse, tensões ou simplesmente falta de descanso, podem prejudicar o desenvolvimento normal da placenta e do feto. Faça de quatro a seis refeições leves por dia, prefira cereais integrais, legumes, verduras e frutas frescas (de preferência orgânicos, pois são livres de agrotóxicos). Coma pouco em cada refeição, mastigue muitas vezes, coma devagar. Isso ajudará seu aparelho digestivo a funcionar melhor e você não terá quilos exagerados para perder depois do parto. Habitue-se a fazer algum tipo de exercício leve que ajude a respirar melhor e com ritmo, como caminhadas e yoga. Abandone o cigarro, o álcool e as substâncias excitantes como café, chocolate e chá preto ou chá mate. Isso deve ser feito no mínimo durante a gestação e a amamentação no peito.
Prepare o bico dos seios, eles devem ser expostos ao sol da manhã ou a 20 cm de uma lâmpada de 40 watts por mais ou menos 10 minutos cada seio, uma vez ao dia. Devem ser esfregados de leve com uma bucha natural ou tecido atoalhado durante o banho. Não use sabão. Essas medidas visam fortalecer a pele delicada do bico do seio diminuindo o risco de rachaduras.
Com as mãos limpas, use três dedos para puxar o bico do seio para fora, tanto quanto possível, sem provocar dor (este movimento imita a sucção do bebê). Repita o movimento 10 a 20 vezes e vá aumentando até 50 vezes por dia, em cada seio. Fazendo isso, o bico do seio fica com um formato de mais fácil preensão pelo bebê. Os profissionais do Banco de Leite podem orientar muito bem essas ações. Não deixe para preparar seus seios no último trimestre de gestação, comece logo que tiver certeza da sua gravidez.
Não assista aos telejornais, eles dão ênfase às tragédias e más notícias. Prefira os jornais e revistas onde você pode escolher o que lê. Aproveite esse momento único para melhorar o mundo que seu filho vai viver, cultive o bom humor, a paciência, a compaixão, o perdão, a verdade, a justiça em todas as pequenas coisas da vida. Melhore o ambiente ao seu redor para receber esse pequenino ser que te escolheu como mãe. Tenha bons pensamentos, tenha confiança, acredite que isso é possível. Alimente sua alma com bons livros, boas músicas. Admirar os quadros com temas de “madonas” feitos por Rafael Sanzio (1483-1520), entre outros renascentistas, é extremamente benéfico para mãe e filho, em especial o quadro da “Madona Sistina”.
Antes de terminar expresso um último recado. Ser mãe não é brincadeira, nem é passageiro. Requer dedicação 24horas, sem direito a férias e muitas vezes temos de abrir mão de coisas de que gostamos pelo bem de nossos filhos. Seja uma MÃE no sentido mais sublime da palavra.
Até breve! Paz e saúde!
Dra. Zélia Beatriz Ligório Fonseca
Pediatra – Prática Médica Antroposófica
Você esta grávida ou quer ficar em breve? Comece a preparar-se, física e espiritualmente. Sua missão é linda apesar de dificílima, e só me entendem aquelas que já são mães com todas as suas responsabilidades.
Comece pelo seu ritmo, regre-se. Obedeça seu ritmo biológico, respeite seu sono e seu apetite. Nada de ficar madrugada adentro trabalhando ou nas baladas. Substâncias liberadas na corrente sanguínea devido ao estresse, tensões ou simplesmente falta de descanso, podem prejudicar o desenvolvimento normal da placenta e do feto. Faça de quatro a seis refeições leves por dia, prefira cereais integrais, legumes, verduras e frutas frescas (de preferência orgânicos, pois são livres de agrotóxicos). Coma pouco em cada refeição, mastigue muitas vezes, coma devagar. Isso ajudará seu aparelho digestivo a funcionar melhor e você não terá quilos exagerados para perder depois do parto. Habitue-se a fazer algum tipo de exercício leve que ajude a respirar melhor e com ritmo, como caminhadas e yoga. Abandone o cigarro, o álcool e as substâncias excitantes como café, chocolate e chá preto ou chá mate. Isso deve ser feito no mínimo durante a gestação e a amamentação no peito.
Prepare o bico dos seios, eles devem ser expostos ao sol da manhã ou a 20 cm de uma lâmpada de 40 watts por mais ou menos 10 minutos cada seio, uma vez ao dia. Devem ser esfregados de leve com uma bucha natural ou tecido atoalhado durante o banho. Não use sabão. Essas medidas visam fortalecer a pele delicada do bico do seio diminuindo o risco de rachaduras.
Com as mãos limpas, use três dedos para puxar o bico do seio para fora, tanto quanto possível, sem provocar dor (este movimento imita a sucção do bebê). Repita o movimento 10 a 20 vezes e vá aumentando até 50 vezes por dia, em cada seio. Fazendo isso, o bico do seio fica com um formato de mais fácil preensão pelo bebê. Os profissionais do Banco de Leite podem orientar muito bem essas ações. Não deixe para preparar seus seios no último trimestre de gestação, comece logo que tiver certeza da sua gravidez.
Não assista aos telejornais, eles dão ênfase às tragédias e más notícias. Prefira os jornais e revistas onde você pode escolher o que lê. Aproveite esse momento único para melhorar o mundo que seu filho vai viver, cultive o bom humor, a paciência, a compaixão, o perdão, a verdade, a justiça em todas as pequenas coisas da vida. Melhore o ambiente ao seu redor para receber esse pequenino ser que te escolheu como mãe. Tenha bons pensamentos, tenha confiança, acredite que isso é possível. Alimente sua alma com bons livros, boas músicas. Admirar os quadros com temas de “madonas” feitos por Rafael Sanzio (1483-1520), entre outros renascentistas, é extremamente benéfico para mãe e filho, em especial o quadro da “Madona Sistina”.
Antes de terminar expresso um último recado. Ser mãe não é brincadeira, nem é passageiro. Requer dedicação 24horas, sem direito a férias e muitas vezes temos de abrir mão de coisas de que gostamos pelo bem de nossos filhos. Seja uma MÃE no sentido mais sublime da palavra.
Até breve! Paz e saúde!
Dra. Zélia Beatriz Ligório Fonseca
Pediatra – Prática Médica Antroposófica
Lying down may help breastfeeding
escrito por: Tricia em segunda-feira, maio 14, 2007 às 3:16 PM.
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Most women breastfeed in a sitting position
Breastfeeding newborn babies lying down may boost the chances of success, UK research suggests.
A study of 40 mothers breastfeeding in different positions found that babies' natural reflexes kicked in more easily when the mothers were lying down.
The position seemed to trigger primitive reflexes usually seen in young mammals, the Royal College of Nursing conference heard.
Many women struggle with breastfeeding and give up after a few weeks.
Dr Suzanne Colson, senior midwifery lecturer at Canterbury Christ Church University, advises women on a technique called biological nurturing where the mother lies down and lets the baby lie on its tummy on top of her.
When mothers were lying flat or semi-reclined, babies could find the breast easier and in many cases attach themselves and feed whilst asleep
Dr Suzanne Colson
To look at whether this technique promotes feeding reflexes in the baby, she video-taped 40 women breastfeeding in a sitting-up position and lying down or reclining in the first month of life.
She spotted 17 reflexes in babies when they were breastfed lying down, including reflexes normally associated with other mammals who feed their babies in this way.
Breastfeeding in a sitting-up position only promoted the three normally seen reflexes - routing, latching and sucking.
Mothers who breastfed lying down seemed to have more success and, although the majority of women in the study had initially reported problems with breastfeeding, after using the technique all the women continued breastfeeding.
Primitive reflexes
Dr Colson said the current study could not prove the technique was more successful than the standard sitting-up position, but it challenged the view that the"correct way" to breastfeed is sitting bolt upright or or lying on your side.
"I found that mothers who breastfed their infants semi-reclined or flat-lying (as opposed to side-lying), in positions that mirrored the feeding positions of other mammals, had the greatest success.
"When mothers were lying flat or semi-reclined, babies could find the breast easier and in many cases attach themselves and feed whilst asleep.
"The research suggests that babies when they are on their tummy display these primitive reflexes, head bobbing in particular, that is seen in other mammals who are abdominal feeders."
She advised mothers to do what feels comfortable.
Dr Peter Carter, general secretary of the Royal College of Nursing, said: "For many new mothers breastfeeding can be difficult and challenging. Not being able to do something which is supposed to be as simple and as natural as feeding their own child can leave many new mothers feeling disappointed and let down.
"By challenging conventional breastfeeding positions this new research could go a long way to helping those mothers who are experiencing difficulties feeding their infants by suggesting other easy-to-adopt positions."
Mr Pat O'Brien, consultant in obstetrics and gynaecology at University College London and spokesperson for the Royal College of Obstetrics and Gynaecology, said it would be useful for women to know they can try different positions.
"From a health point of view, there's no reason they couldn't try breastfeeding in that position and we welcome any research that might improve the chances of success.
"Maybe women just have to experiment and find a position that suits them best."
Fonte: BBC
Breastfeeding newborn babies lying down may boost the chances of success, UK research suggests.
A study of 40 mothers breastfeeding in different positions found that babies' natural reflexes kicked in more easily when the mothers were lying down.
The position seemed to trigger primitive reflexes usually seen in young mammals, the Royal College of Nursing conference heard.
Many women struggle with breastfeeding and give up after a few weeks.
Dr Suzanne Colson, senior midwifery lecturer at Canterbury Christ Church University, advises women on a technique called biological nurturing where the mother lies down and lets the baby lie on its tummy on top of her.
When mothers were lying flat or semi-reclined, babies could find the breast easier and in many cases attach themselves and feed whilst asleep
Dr Suzanne Colson
To look at whether this technique promotes feeding reflexes in the baby, she video-taped 40 women breastfeeding in a sitting-up position and lying down or reclining in the first month of life.
She spotted 17 reflexes in babies when they were breastfed lying down, including reflexes normally associated with other mammals who feed their babies in this way.
Breastfeeding in a sitting-up position only promoted the three normally seen reflexes - routing, latching and sucking.
Mothers who breastfed lying down seemed to have more success and, although the majority of women in the study had initially reported problems with breastfeeding, after using the technique all the women continued breastfeeding.
Primitive reflexes
Dr Colson said the current study could not prove the technique was more successful than the standard sitting-up position, but it challenged the view that the"correct way" to breastfeed is sitting bolt upright or or lying on your side.
"I found that mothers who breastfed their infants semi-reclined or flat-lying (as opposed to side-lying), in positions that mirrored the feeding positions of other mammals, had the greatest success.
"When mothers were lying flat or semi-reclined, babies could find the breast easier and in many cases attach themselves and feed whilst asleep.
"The research suggests that babies when they are on their tummy display these primitive reflexes, head bobbing in particular, that is seen in other mammals who are abdominal feeders."
She advised mothers to do what feels comfortable.
Dr Peter Carter, general secretary of the Royal College of Nursing, said: "For many new mothers breastfeeding can be difficult and challenging. Not being able to do something which is supposed to be as simple and as natural as feeding their own child can leave many new mothers feeling disappointed and let down.
"By challenging conventional breastfeeding positions this new research could go a long way to helping those mothers who are experiencing difficulties feeding their infants by suggesting other easy-to-adopt positions."
Mr Pat O'Brien, consultant in obstetrics and gynaecology at University College London and spokesperson for the Royal College of Obstetrics and Gynaecology, said it would be useful for women to know they can try different positions.
"From a health point of view, there's no reason they couldn't try breastfeeding in that position and we welcome any research that might improve the chances of success.
"Maybe women just have to experiment and find a position that suits them best."
Fonte: BBC
Marcadores: amamentação
A decisão sobre como colocar mais um pequeno ser no mundo normalmente está
com as futuras mamães. Mas não deveria. Pelo menos é no que acredita a
grande maioria dos médicos e o que recomenda a Organização Mundial da Saúde
(OMS). O ideal é que todos os bebês venham ao mundo da forma natural, desde
que não haja nenhum impedimento.
Seguindo a tendência de tornar o parto mais confortável e natural para o
bebê e para a mãe, o Ministério da Saúde mantém um programa de humanização
que recomenda práticas menos invasivas. Segundo a coordenadora técnica de
Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Maria José de Oliveira Araújo, as
ações vão desde o aumento do valor pago pelo parto normal até a formação dos
profissionais de saúde das principais maternidades do Brasil no que chama de
"boas práticas obstétricas"
As práticas em questão são as mesmas recomendadas pela OMS. Dentre estas,
estão a permissão de um acompanhante da escolha da mulher, incentivar que
ela caminhe e tome líquido durante o trabalho de parto e oferecer banhos
quentes e massagens para aliviar a tensão. "O parto se tornou uma questão
praticamente tecnológica, com procedimentos invasivos", explica. O uso
excessivo de medicamentos e as cirurgias cesarianas desnecessárias são
exemplos disso.
O Brasil é um dos campeões mundiais em realização de cirurgias de parto,
atrás apenas do Chile. Contrariando recomendação da OMS de que apenas 15%
dos partos aconteçam de forma artificial, o País realiza aproximadamente 42%
dos partos por cesariana no Sistema Único de Saúde (SUS). No sistema
suplementar (serviços privados e planos de saúde), o número sobe e pode
chegar a 89%. No Chile, a porcentagem chega a 50% na rede pública.
Em 2006, o número já diminuiu, mas ainda está longe do ideal. Foram
realizadas pelo SUS no Brasil 2.139.493 cirurgias de parto. Mais de 30%
foram cesarianas. Na Bahia, a porcentagem foi de 23%. O gasto excedente com
as cesarianas também é um fator contra o procedimento, já que o preço do
procedimento é 56% mais caro do que o parto normal. Em 2006, a média do
valor gasto no país foi de R$ 556,67 para uma cesariana contra R$ 356,61
para o parto normal.
"A cesariana é um instrumento importantíssimo para salvar a vida de mães e
crianças, mas pode acontecer justamente o contrário", alerta Maria José. Ela
explica que a cirurgia traz mais riscos de infecção, de bebês prematuros e
com baixo peso e hemorragias do que o parto normal. "Essas informações estão
cientificamente provadas, não há mais dúvidas", enfatiza. Como parte do
programa de incentivo ao parto normal, os hospitais públicos e conveniados
ao SUS têm um limite mensal de cirurgias que varia de acordo com as
características de cada unidade.
Maria José lembra que também há ganhos para o vínculo afetivo entre a mãe e
o bebê quando o parto é normal, já que o contato é imediato e o
recém-nascido não é separado da mãe. Quanto à dor, principal motivo alegado
pelas gestantes para a escolha da cesariana, ela lembra que o SUS paga
anestesia para partos normais, além das técnicas que podem ajudar a
parturiente a dar à luz com mais conforto e comodidade. Ela reconhece que
nem todas as unidades disponibilizam as "melhores práticas", mas garante que
o Ministério da Saúde deu formação a profissionais de 500 maternidades
públicas e conveniadas ao SUS entre 2004 e 2006 para as "boas praticas da
atenção obstétrica".
A experiência da comerciária Maria Ângela da Silva mostra que o atendimento
dispensado às gestantes na rede pública ainda não é satisfatório. Mãe de Ana
Beatriz, de 5 anos, e Leonardo, de 3, ela enfrentou a primeira vez em
trabalho de parto sem acompanhantes e sem atenção. "Fui deixada na sala de
pós-parto e depois fiquei lá sentindo dor sozinha até a hora de ter nenê",
lembra.
Quando avisou que estava prestes a dar à luz, já foi tarde e os médicos só
tiveram tempo de colocá-la numa maca. "Não chegaram nem a me levar para
outra sala", conta. No segundo parto, contou com a sorte para ter toda a
atenção merecida. "Como eu era a única parindo naquela hora, tive os
médicos, enfermeiros e até os estagiários só para mim, mas acho que fui uma
cobaia", brinca.
Ângela diz que não se arrepende do parto normal – apesar de não ter tido
escolha e só ter tido direito a uma anestesia na hora de receber os pontos.
"Dói muito na hora, mas depois é só uma cólica normal, o que toda mulher já
está acostumada", garante.
Fonte: A Tarde
com as futuras mamães. Mas não deveria. Pelo menos é no que acredita a
grande maioria dos médicos e o que recomenda a Organização Mundial da Saúde
(OMS). O ideal é que todos os bebês venham ao mundo da forma natural, desde
que não haja nenhum impedimento.
Seguindo a tendência de tornar o parto mais confortável e natural para o
bebê e para a mãe, o Ministério da Saúde mantém um programa de humanização
que recomenda práticas menos invasivas. Segundo a coordenadora técnica de
Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Maria José de Oliveira Araújo, as
ações vão desde o aumento do valor pago pelo parto normal até a formação dos
profissionais de saúde das principais maternidades do Brasil no que chama de
"boas práticas obstétricas"
As práticas em questão são as mesmas recomendadas pela OMS. Dentre estas,
estão a permissão de um acompanhante da escolha da mulher, incentivar que
ela caminhe e tome líquido durante o trabalho de parto e oferecer banhos
quentes e massagens para aliviar a tensão. "O parto se tornou uma questão
praticamente tecnológica, com procedimentos invasivos", explica. O uso
excessivo de medicamentos e as cirurgias cesarianas desnecessárias são
exemplos disso.
O Brasil é um dos campeões mundiais em realização de cirurgias de parto,
atrás apenas do Chile. Contrariando recomendação da OMS de que apenas 15%
dos partos aconteçam de forma artificial, o País realiza aproximadamente 42%
dos partos por cesariana no Sistema Único de Saúde (SUS). No sistema
suplementar (serviços privados e planos de saúde), o número sobe e pode
chegar a 89%. No Chile, a porcentagem chega a 50% na rede pública.
Em 2006, o número já diminuiu, mas ainda está longe do ideal. Foram
realizadas pelo SUS no Brasil 2.139.493 cirurgias de parto. Mais de 30%
foram cesarianas. Na Bahia, a porcentagem foi de 23%. O gasto excedente com
as cesarianas também é um fator contra o procedimento, já que o preço do
procedimento é 56% mais caro do que o parto normal. Em 2006, a média do
valor gasto no país foi de R$ 556,67 para uma cesariana contra R$ 356,61
para o parto normal.
"A cesariana é um instrumento importantíssimo para salvar a vida de mães e
crianças, mas pode acontecer justamente o contrário", alerta Maria José. Ela
explica que a cirurgia traz mais riscos de infecção, de bebês prematuros e
com baixo peso e hemorragias do que o parto normal. "Essas informações estão
cientificamente provadas, não há mais dúvidas", enfatiza. Como parte do
programa de incentivo ao parto normal, os hospitais públicos e conveniados
ao SUS têm um limite mensal de cirurgias que varia de acordo com as
características de cada unidade.
Maria José lembra que também há ganhos para o vínculo afetivo entre a mãe e
o bebê quando o parto é normal, já que o contato é imediato e o
recém-nascido não é separado da mãe. Quanto à dor, principal motivo alegado
pelas gestantes para a escolha da cesariana, ela lembra que o SUS paga
anestesia para partos normais, além das técnicas que podem ajudar a
parturiente a dar à luz com mais conforto e comodidade. Ela reconhece que
nem todas as unidades disponibilizam as "melhores práticas", mas garante que
o Ministério da Saúde deu formação a profissionais de 500 maternidades
públicas e conveniadas ao SUS entre 2004 e 2006 para as "boas praticas da
atenção obstétrica".
A experiência da comerciária Maria Ângela da Silva mostra que o atendimento
dispensado às gestantes na rede pública ainda não é satisfatório. Mãe de Ana
Beatriz, de 5 anos, e Leonardo, de 3, ela enfrentou a primeira vez em
trabalho de parto sem acompanhantes e sem atenção. "Fui deixada na sala de
pós-parto e depois fiquei lá sentindo dor sozinha até a hora de ter nenê",
lembra.
Quando avisou que estava prestes a dar à luz, já foi tarde e os médicos só
tiveram tempo de colocá-la numa maca. "Não chegaram nem a me levar para
outra sala", conta. No segundo parto, contou com a sorte para ter toda a
atenção merecida. "Como eu era a única parindo naquela hora, tive os
médicos, enfermeiros e até os estagiários só para mim, mas acho que fui uma
cobaia", brinca.
Ângela diz que não se arrepende do parto normal – apesar de não ter tido
escolha e só ter tido direito a uma anestesia na hora de receber os pontos.
"Dói muito na hora, mas depois é só uma cólica normal, o que toda mulher já
está acostumada", garante.
Fonte: A Tarde
Marcadores: cesárea, parto normal
Gestantes e médicos buscam humanização do parto Tássia
Novaes
Anne brinca com a filha
Clarissa Borges
A experiência da maternidade para a consultora cultural Anne Sobotta, 37,
sofreu total influência de sua filosofia de vida. Praticante e professora de
yoga há 3 anos, quando engravidou da pequena Jada, hoje com 7 meses, Anne
começou a se preocupar em ter uma gravidez mais tranqüila. Foi assim que
conheceu as técnicas de yoga para gestantes com a americana Karen Prior.
Depois do nascimento da primeira filha, está pronta para transmitir o que
aprendeu.
Controlar a respiração, fortalecer os músculos do quadril e pernas para o
momento do parto e preparar a coluna para o peso da barriga são alguns dos
benefícios que podem ser conseguidos através da prática. Durante a gravidez,
Anne dava aulas a outras futuras mamães e ensinava, entre outras coisas, as
melhores posições para dormir e exercícios especiais para a região
abdominal.
Além das técnicas de yoga, a consultora optou por um parto humanizado –
procedimento caracterizado por uma série de práticas que visam naturalizar
ao máximo o momento do nascimento. Jada veio ao mundo em casa, dentro de uma
piscina com água aquecida, sem macas, aparelhos cirúrgicos, ou qualquer
coisa que lembrasse um hospital. Anne conta que a opção pelo parto normal
veio naturalmente. "Não tinha porque fazer uma cesariana, e o parto normal é
melhor para a mulher e a criança", afirma.
Para a médica obstetra Marilena Pereira, que acompanhou o nascimento da
única filha de Anne, optar pelo parto domiciliar é uma questão de mudança de
postura. "Não é só uma questão do lugar, mas da conduta do obstetra também",
diz. Ela afirma que a grande diferença é que, em casa, a gestante tende a se
sentir mais à vontade, pode andar, ter por perto pessoas da família ou
amigos mais próximos e, principalmente, escolher a melhor posição no momento
de dar à luz.
A médica, que realiza partos em domicílio há 15 anos, afirma que as mulheres
que a procuram são, geralmente, aquelas mais preocupadas com a humanização,
consciência ecológica e com uma visão de mundo peculiar. A escolha pelo
parto na água faz parte deste estilo de vida. "A água diminui as contrações,
relaxa os músculos, encurta o período do trabalho de parto e favorece a
posição vertical, considerada a melhor tanto para a mulher quanto para o
bebê", explica.
Além dos benefícios durante o parto, algumas mulheres que preferem parir na
água acreditam em vantagens para o recém-nascido. É o caso da veterinária
Adriana Cavalcanti, 40. "Eu não queria entrar num hospital para parir, minha
opção era um parto mais natural possível", revela. Marina, sua única filha,
não nasceu no meio aquático devido a uma redução da pressão arterial da mãe,
mas todo o trabalho de parto foi submerso. A pequena permaneceu em contato
com a água em aulas de natação infantil na mesma clínica onde veio ao mundo.
Após 16 anos, a mãe acredita que fez um bem à filha. "Com um ano, ela já
nadava, nunca teve nenhum problema respiratório ou alérgico e é muito
saudável", conta. Apesar de ter passado 20 horas em trabalho de parto,
Adriana recomenda o procedimento. "É fantástico, a água relaxa muito, mas
tem que ter uma preparação psicológica antes", opina.
Embora não existam estatísticas que provem o aumento da busca pelo parto
humanizado, seja em domicílio, em casa, de cócoras ou na água, cada vez mais
especialistas se dedicam à prática e surgem serviços especializados. As
gestantes que se interessarem pelo assunto devem, antes de tudo, conversar
com um obstetra.
A médica Marilena Pereira explica que muitas mulheres acreditam que o parto
na água seja melhor porque o bebê encontra fora da barriga um ambiente mais
parecido com o útero. Para ela, o maior benefício é a comodidade no trabalho
de parto. Ela alerta, entretanto, para os cuidados que devem nortear o
procedimento. "Eu só acompanho um parto domiciliar se ele tiver uma evolução
muito boa e sempre levo todos os equipamentos necessários", explica. Se o
parto apresentar qualquer complicação, Marilena recomenda a ida a um
hospital.
Fonte: A Tarde
Novaes
Anne brinca com a filha
Clarissa Borges
A experiência da maternidade para a consultora cultural Anne Sobotta, 37,
sofreu total influência de sua filosofia de vida. Praticante e professora de
yoga há 3 anos, quando engravidou da pequena Jada, hoje com 7 meses, Anne
começou a se preocupar em ter uma gravidez mais tranqüila. Foi assim que
conheceu as técnicas de yoga para gestantes com a americana Karen Prior.
Depois do nascimento da primeira filha, está pronta para transmitir o que
aprendeu.
Controlar a respiração, fortalecer os músculos do quadril e pernas para o
momento do parto e preparar a coluna para o peso da barriga são alguns dos
benefícios que podem ser conseguidos através da prática. Durante a gravidez,
Anne dava aulas a outras futuras mamães e ensinava, entre outras coisas, as
melhores posições para dormir e exercícios especiais para a região
abdominal.
Além das técnicas de yoga, a consultora optou por um parto humanizado –
procedimento caracterizado por uma série de práticas que visam naturalizar
ao máximo o momento do nascimento. Jada veio ao mundo em casa, dentro de uma
piscina com água aquecida, sem macas, aparelhos cirúrgicos, ou qualquer
coisa que lembrasse um hospital. Anne conta que a opção pelo parto normal
veio naturalmente. "Não tinha porque fazer uma cesariana, e o parto normal é
melhor para a mulher e a criança", afirma.
Para a médica obstetra Marilena Pereira, que acompanhou o nascimento da
única filha de Anne, optar pelo parto domiciliar é uma questão de mudança de
postura. "Não é só uma questão do lugar, mas da conduta do obstetra também",
diz. Ela afirma que a grande diferença é que, em casa, a gestante tende a se
sentir mais à vontade, pode andar, ter por perto pessoas da família ou
amigos mais próximos e, principalmente, escolher a melhor posição no momento
de dar à luz.
A médica, que realiza partos em domicílio há 15 anos, afirma que as mulheres
que a procuram são, geralmente, aquelas mais preocupadas com a humanização,
consciência ecológica e com uma visão de mundo peculiar. A escolha pelo
parto na água faz parte deste estilo de vida. "A água diminui as contrações,
relaxa os músculos, encurta o período do trabalho de parto e favorece a
posição vertical, considerada a melhor tanto para a mulher quanto para o
bebê", explica.
Além dos benefícios durante o parto, algumas mulheres que preferem parir na
água acreditam em vantagens para o recém-nascido. É o caso da veterinária
Adriana Cavalcanti, 40. "Eu não queria entrar num hospital para parir, minha
opção era um parto mais natural possível", revela. Marina, sua única filha,
não nasceu no meio aquático devido a uma redução da pressão arterial da mãe,
mas todo o trabalho de parto foi submerso. A pequena permaneceu em contato
com a água em aulas de natação infantil na mesma clínica onde veio ao mundo.
Após 16 anos, a mãe acredita que fez um bem à filha. "Com um ano, ela já
nadava, nunca teve nenhum problema respiratório ou alérgico e é muito
saudável", conta. Apesar de ter passado 20 horas em trabalho de parto,
Adriana recomenda o procedimento. "É fantástico, a água relaxa muito, mas
tem que ter uma preparação psicológica antes", opina.
Embora não existam estatísticas que provem o aumento da busca pelo parto
humanizado, seja em domicílio, em casa, de cócoras ou na água, cada vez mais
especialistas se dedicam à prática e surgem serviços especializados. As
gestantes que se interessarem pelo assunto devem, antes de tudo, conversar
com um obstetra.
A médica Marilena Pereira explica que muitas mulheres acreditam que o parto
na água seja melhor porque o bebê encontra fora da barriga um ambiente mais
parecido com o útero. Para ela, o maior benefício é a comodidade no trabalho
de parto. Ela alerta, entretanto, para os cuidados que devem nortear o
procedimento. "Eu só acompanho um parto domiciliar se ele tiver uma evolução
muito boa e sempre levo todos os equipamentos necessários", explica. Se o
parto apresentar qualquer complicação, Marilena recomenda a ida a um
hospital.
Fonte: A Tarde
Marcadores: humanização, parto humanizado
Carne aumenta risco de câncer de mama, diz estudo
escrito por: Tricia em sexta-feira, maio 11, 2007 às 8:30 PM.
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04/04/2007 - 10h44
Carne aumenta risco de câncer de mama, diz estudo
O consumo de carne vermelha pode aumentar significativamente o risco de câncer de mama em mulheres que já passaram da menopausa, segundo um estudo publicado no British Journal of Cancer.
Uma equipe de cientistas da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, monitorou a saúde de 35 mil mulheres durante sete anos e concluiu que mulheres que comiam uma porção de cerca de 60g de carne por dia apresentaram 56% mais risco do que aquelas que não consumiam o alimento.
Ainda segundo o estudo, as mulheres que comiam carne processada, como bacon, salsichas e presunto, têm 64% mais risco de desenvolver o câncer de mama do que aquelas que evitam esses pratos.
"A carne vermelha é rica em gordura saturada, e esse tipo de gordura influencia na quantidade de colesterol produzida pelo organismo. O colesterol é um precursor do estrogênio, substância que está associada a um maior risco de câncer de mama", explicou Janet Cade, chefe da equipe que realizou a pesquisa.
Fibras
Segundo a médica, cozinhar a carne em altas temperaturas também pode acelerar a formação de componentes cancerígenos.
"Meu conselho para mulheres que consomem grandes quantidades de carne vermelha e processada diariamente é para que elas reavaliem sua dieta", disse.
Cade afirmou ainda que mulheres mais jovens, que ainda não entraram na menopausa e que comem carne vermelha, também apresentaram mais chances de sofrer da doença, mas os resultados não foram significantes estatisticamente.
O mesmo estudo mostrou que mulheres mais jovens que consomem grande quantidades de fibras cortaram pela metade o risco de desenvolver o câncer de mama.
Estilo de vida
A pesquisa foi elogiada por entidades britânicas de prevenção e combate à doença.
"Este estudo é interessante porque até agora era difícil isolar os efeitos específicos da carne vermelha sobre o câncer de mama", disse Alexis Willett, da Breakthrough Breast Cancer.
"Os cientistas também encontraram diferenças em outros fatores como idade, peso e nível de atividade física entre aquelas mulheres que comiam e as que não comiam carne, e tudo isso também influencia no desenvolvimento da doença."
Henry Scowcroft, do Cancer Research UK, disse que as mulheres deveriam tentar manter um peso saudável, fazer exercícios físicos e evitar porções regulares de alimentos gordurosos, como a carne vermelha.
--
A Diretoria.
Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras - Rio de Janeiro (ABENFO-RJ)
www.abenforj.com.br
Carne aumenta risco de câncer de mama, diz estudo
O consumo de carne vermelha pode aumentar significativamente o risco de câncer de mama em mulheres que já passaram da menopausa, segundo um estudo publicado no British Journal of Cancer.
Uma equipe de cientistas da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, monitorou a saúde de 35 mil mulheres durante sete anos e concluiu que mulheres que comiam uma porção de cerca de 60g de carne por dia apresentaram 56% mais risco do que aquelas que não consumiam o alimento.
Ainda segundo o estudo, as mulheres que comiam carne processada, como bacon, salsichas e presunto, têm 64% mais risco de desenvolver o câncer de mama do que aquelas que evitam esses pratos.
"A carne vermelha é rica em gordura saturada, e esse tipo de gordura influencia na quantidade de colesterol produzida pelo organismo. O colesterol é um precursor do estrogênio, substância que está associada a um maior risco de câncer de mama", explicou Janet Cade, chefe da equipe que realizou a pesquisa.
Fibras
Segundo a médica, cozinhar a carne em altas temperaturas também pode acelerar a formação de componentes cancerígenos.
"Meu conselho para mulheres que consomem grandes quantidades de carne vermelha e processada diariamente é para que elas reavaliem sua dieta", disse.
Cade afirmou ainda que mulheres mais jovens, que ainda não entraram na menopausa e que comem carne vermelha, também apresentaram mais chances de sofrer da doença, mas os resultados não foram significantes estatisticamente.
O mesmo estudo mostrou que mulheres mais jovens que consomem grande quantidades de fibras cortaram pela metade o risco de desenvolver o câncer de mama.
Estilo de vida
A pesquisa foi elogiada por entidades britânicas de prevenção e combate à doença.
"Este estudo é interessante porque até agora era difícil isolar os efeitos específicos da carne vermelha sobre o câncer de mama", disse Alexis Willett, da Breakthrough Breast Cancer.
"Os cientistas também encontraram diferenças em outros fatores como idade, peso e nível de atividade física entre aquelas mulheres que comiam e as que não comiam carne, e tudo isso também influencia no desenvolvimento da doença."
Henry Scowcroft, do Cancer Research UK, disse que as mulheres deveriam tentar manter um peso saudável, fazer exercícios físicos e evitar porções regulares de alimentos gordurosos, como a carne vermelha.
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A Diretoria.
Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras - Rio de Janeiro (ABENFO-RJ)
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Cuidados cardíacos devem ser redobrados
Um dos primeiros e mais importantes cuidados que uma mãe deve ter para garantir o bem estar de seu filho é cuidar da própria saúde desde os primeiros dias da gravidez. E isso inclui o coração – que, durante a gestão trabalha 50% a mais do que o normal, devido à alteração de todo o metabolismo do organismo da mulher. Sem o funcionamento saudável do coração da mãe, não há como o bebê se desenvolver de maneira adequada.
“Mulheres que desejam engravidar e que apresentam problemas cardíacos devem sempre consultar um especialista antes, para se informar sobre os riscos e formas de precaução. Desta forma, ela garante a própria integridade e a segurança para o bebê”, explica a cardiologista Maria do Rocio Peixoto de Oliveira, chefe de ergometria do Hospital Cardiológico Costantini, de Curitiba.
A médica explica que a hipertensão e a diabetes são fatores de risco bastante sérios, que podem arriscar a vida de ambos. Para a mãe, a pressão alta pode comprometer o funcionamento dos rins, provocar desmaios e fortes dores de cabeça. “Para o bebê em desenvolvimento, a hipertensão da mãe pode diminuir o volume de sangue que passa pela placenta, alterando o peso e o tamanho normal do bebê, ou ainda, retardando seriamente o crescimento intra-uterino”, observa. No caso da diabetes gestacional (desenvolvida somente na gravidez), o feto nasce com excesso de peso. Isso faz com que o bebê já tenha, desde o início da vida, alto risco de desenvolver a mesma doença.
Para a especialista, a palavra de ordem continua sendo prevenção, especialmente nos casos das mulheres expostas a fatores de risco provocados pelo aumento da atividade e competitividade no mercado de trabalho – como estresse, sobrecarga e pouco tempo para atividades físicas. “O ideal é manter uma alimentação saudável, controlar o peso, não fumar ou ingerir bebidas alcoólicas, adotar uma rotina de exercícios físicos e dormir bem. E consultar um cardiologista regularmente, para check ups de rotina”, aconselha.
FONTE: O Estado
Um dos primeiros e mais importantes cuidados que uma mãe deve ter para garantir o bem estar de seu filho é cuidar da própria saúde desde os primeiros dias da gravidez. E isso inclui o coração – que, durante a gestão trabalha 50% a mais do que o normal, devido à alteração de todo o metabolismo do organismo da mulher. Sem o funcionamento saudável do coração da mãe, não há como o bebê se desenvolver de maneira adequada.
“Mulheres que desejam engravidar e que apresentam problemas cardíacos devem sempre consultar um especialista antes, para se informar sobre os riscos e formas de precaução. Desta forma, ela garante a própria integridade e a segurança para o bebê”, explica a cardiologista Maria do Rocio Peixoto de Oliveira, chefe de ergometria do Hospital Cardiológico Costantini, de Curitiba.
A médica explica que a hipertensão e a diabetes são fatores de risco bastante sérios, que podem arriscar a vida de ambos. Para a mãe, a pressão alta pode comprometer o funcionamento dos rins, provocar desmaios e fortes dores de cabeça. “Para o bebê em desenvolvimento, a hipertensão da mãe pode diminuir o volume de sangue que passa pela placenta, alterando o peso e o tamanho normal do bebê, ou ainda, retardando seriamente o crescimento intra-uterino”, observa. No caso da diabetes gestacional (desenvolvida somente na gravidez), o feto nasce com excesso de peso. Isso faz com que o bebê já tenha, desde o início da vida, alto risco de desenvolver a mesma doença.
Para a especialista, a palavra de ordem continua sendo prevenção, especialmente nos casos das mulheres expostas a fatores de risco provocados pelo aumento da atividade e competitividade no mercado de trabalho – como estresse, sobrecarga e pouco tempo para atividades físicas. “O ideal é manter uma alimentação saudável, controlar o peso, não fumar ou ingerir bebidas alcoólicas, adotar uma rotina de exercícios físicos e dormir bem. E consultar um cardiologista regularmente, para check ups de rotina”, aconselha.
FONTE: O Estado
Aos 44 anos, Maria tem seu 16º filho
escrito por: Tricia em quinta-feira, maio 10, 2007 às 4:48 PM.
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Aos 44 anos, mulher já teve quatro partos em casa; ‘é um atrás do outro’
Cristiano Zanardi/Agência BOM DIA
Maria Aparecida com uma das gêmeas, Marina, no quarto da maternidade ontem
Na hora de responder qual a idade dos filhos, a situação complica. Ela arrisca: 23, 20, 21, 22, 18, 19, 12, 10, 11, 6, 7 e 1 ano e 9 meses. Ah, tem as gêmeas de quatro anos. E mais duas, também gêmeas, nascidas anteontem à noite.
Moradora no Jardim Eldorado, a supermãe Maria Aparecida da Silva, 44 anos, aumentou a lista para 16 filhos na Maternidade Santa Isabel. Os 14 partos foram normais, dois deles das gêmeas. Todos os filhos estão vivos e sete ainda moram com ela e seu segundo marido. “Três vivem sozinhos em uma casa que o pai que morreu deixou. Outros quatro são casados”, diz Maria Aparecida. Os casados, aliás, já lhe deram seis netos.
A dona-de-casa conta que teve quatro filhos em casa. “Em uma das gestações eu fui ao banheiro e o bebê nasceu”. Pode parecer brincadeira, mas antes de engravidar pela primeira vez, aos 19 anos, um médico lhe disse que teria que fazer tratamento para ter filhos, mas isso não foi preciso. “Foi um atrás do outro. Por um tempo tomava remédio, mas eu esquecia alguns dias e engravidava de novo.”
Prematuros
Maria Aparecida considerou o último parto, de anteontem, o mais difícil. “Estava acostumada a chegar no hospital e o bebê já nascer, mas demorou mais.”
A gerente administrativa da maternidade, Ana Maria dos Santos Pinho, 39, afirma que o parto foi prematuro, com 37 semanas, e que uma das gêmeas, Vitória, estava sentada. “Demorou a sair.”
“A Vitória teve uma pequena falta de oxigênio e foi para UTI [Unidade de Terapia Intensiva], mas está bem e respirando sem ajuda de parelhos”, diz.
Maria Aparecida terá alta hoje, pela manhã, mas as gêmeas ficarão internadas por mais uma semana para que atinjam o peso de, ao menos, 2,200 kg. Em tempo: Marina nasceu com 1,905 kg e Vitória, com 1,910 kg.
Laqueadura é cancelada por ausência
Mesmo admitindo que não foi fácil criar todos esses filhos e que continua sendo sacrificado, Maria Aparecida diz que não quer fazer laqueadura (procedimento cirúrgico para evitar filhos).
“Eu tenho medo. Prefiro que meu marido opere”, diz Maria Aparecida.
O médico diretor clínico e do serviço de planejamento familiar da Maternidade Santa Isabel, Sérgio Antônio, afirma que Maria Aparecida é uma das atendidas pelo programa e que sua operação já chegou a ser agendada anteriormente.
“Infelizmente ela não compareceu e não podemos obrigar ninguém a fazer isso. Precisamos da plena aceitação da paciente”, diz Antônio.
Segundo ele, o programa de Planejamento Familiar já atendeu mais de mil pacientes desde 2002. Objetivo central: evitar a gravidez indesejada e diminuir o registro de abortos clandestinos.
Doações
Maria Aparecida está com hepatite B, que descobriu no final da gestação. Por isso, não poderá amamentar os bebês. “Vai ser difícil comprar leite, roupas, fraldas para duas”, diz. Os interessados em fazer doações podem ir à própria maternidade ou na casa da família: rua Antonio Bispo de Souza, 1-14, Jardim Eldorado.
Bom Dia Bauru
Cristiano Zanardi/Agência BOM DIA
Maria Aparecida com uma das gêmeas, Marina, no quarto da maternidade ontem
Na hora de responder qual a idade dos filhos, a situação complica. Ela arrisca: 23, 20, 21, 22, 18, 19, 12, 10, 11, 6, 7 e 1 ano e 9 meses. Ah, tem as gêmeas de quatro anos. E mais duas, também gêmeas, nascidas anteontem à noite.
Moradora no Jardim Eldorado, a supermãe Maria Aparecida da Silva, 44 anos, aumentou a lista para 16 filhos na Maternidade Santa Isabel. Os 14 partos foram normais, dois deles das gêmeas. Todos os filhos estão vivos e sete ainda moram com ela e seu segundo marido. “Três vivem sozinhos em uma casa que o pai que morreu deixou. Outros quatro são casados”, diz Maria Aparecida. Os casados, aliás, já lhe deram seis netos.
A dona-de-casa conta que teve quatro filhos em casa. “Em uma das gestações eu fui ao banheiro e o bebê nasceu”. Pode parecer brincadeira, mas antes de engravidar pela primeira vez, aos 19 anos, um médico lhe disse que teria que fazer tratamento para ter filhos, mas isso não foi preciso. “Foi um atrás do outro. Por um tempo tomava remédio, mas eu esquecia alguns dias e engravidava de novo.”
Prematuros
Maria Aparecida considerou o último parto, de anteontem, o mais difícil. “Estava acostumada a chegar no hospital e o bebê já nascer, mas demorou mais.”
A gerente administrativa da maternidade, Ana Maria dos Santos Pinho, 39, afirma que o parto foi prematuro, com 37 semanas, e que uma das gêmeas, Vitória, estava sentada. “Demorou a sair.”
“A Vitória teve uma pequena falta de oxigênio e foi para UTI [Unidade de Terapia Intensiva], mas está bem e respirando sem ajuda de parelhos”, diz.
Maria Aparecida terá alta hoje, pela manhã, mas as gêmeas ficarão internadas por mais uma semana para que atinjam o peso de, ao menos, 2,200 kg. Em tempo: Marina nasceu com 1,905 kg e Vitória, com 1,910 kg.
Laqueadura é cancelada por ausência
Mesmo admitindo que não foi fácil criar todos esses filhos e que continua sendo sacrificado, Maria Aparecida diz que não quer fazer laqueadura (procedimento cirúrgico para evitar filhos).
“Eu tenho medo. Prefiro que meu marido opere”, diz Maria Aparecida.
O médico diretor clínico e do serviço de planejamento familiar da Maternidade Santa Isabel, Sérgio Antônio, afirma que Maria Aparecida é uma das atendidas pelo programa e que sua operação já chegou a ser agendada anteriormente.
“Infelizmente ela não compareceu e não podemos obrigar ninguém a fazer isso. Precisamos da plena aceitação da paciente”, diz Antônio.
Segundo ele, o programa de Planejamento Familiar já atendeu mais de mil pacientes desde 2002. Objetivo central: evitar a gravidez indesejada e diminuir o registro de abortos clandestinos.
Doações
Maria Aparecida está com hepatite B, que descobriu no final da gestação. Por isso, não poderá amamentar os bebês. “Vai ser difícil comprar leite, roupas, fraldas para duas”, diz. Os interessados em fazer doações podem ir à própria maternidade ou na casa da família: rua Antonio Bispo de Souza, 1-14, Jardim Eldorado.
Bom Dia Bauru
Marcadores: parto
Novos medicamentos, novos tratamentos, novas abordagens
escrito por: Tricia em às 4:43 PM.
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Por Patrícia Mariuzzo e Murilo Pereira
A toda experiência sensitiva e emocional desagradável, relacionada à lesão real ou potencial dos tecidos, é dado o nome de dor, segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (Iasp, na sigla em inglês). Cada indivíduo aprende a usar esse termo a partir das suas experiências e de sua cultura. Experiências essas que, mergulhadas como estão em determinados estilos de vida, fazem surgir novas dores ou até novas doenças. Livrar-se da dor ou aliviar aquela sensação desagradável é uma das preocupações mais antigas da humanidade. Dizia Hipócrates, considerado o pai da medicina, que aliviar a dor é uma obra divina.
Uma das mais antigas substâncias utilizadas pelo homem para aliviar a dor é o ópio. Em “Uma breve história do ópio e dos opióides”, artigo publicado na Revista Brasileira de Anestesiologia, Danilo Freire Duarte, farmacologista da Universidade Federal de Santa Catarina, conta que Celso, médico romano que viveu no primeiro século da era cristã, recomendava o uso do ópio para o alívio da dor. Ele mesmo foi autor de várias formulações que continham essa substância como principal ingrediente. Parece certo, portanto, que a partir dos romanos, a propriedade analgésica do ópio passou a ser reconhecida. A partir dele são obtidas drogas como a morfina e a codeína, os opiáceos. É possível também fabricar sinteticamente substâncias que têm ação semelhante, que são os opióides.
“Os opióides têm mantido a sua posição como o grupo farmacológico que confere analgesia mais potente”, explica Duarte. São usuários desses medicamentos as pessoas que sofrem de dores muito intensas, como pacientes com câncer, com grandes queimaduras, politraumatizados etc. As principais discussões em torno do uso dos opióides giram em torno dos efeitos colaterais que eles provocam: paralisia do estômago, prisão de ventre (baseado neste efeito, eles também podem ser usados para combater diarréias). Em doses maiores, ocorre queda da pressão arterial, diminuição da frequência respiratória e o coração fica mais lento. Além dos efeitos colaterais, há ainda questões importantes a serem respondidas, segundo Duarte, entre elas se essas drogas são igualmente potentes como analgésicos para qualquer tipo de doença, e o risco de vício para pacientes com dores crônicas, que recebem esses medicamentos por tempo prolongado.
O farmacólogo explica que todos os efeitos dos opióides, inclusive os adversos, são decorrentes das interações que ocorrem entre essas drogas e receptores específicos do sistema nervoso, tanto os que transmitem quanto os que inibem a dor. “Os conhecimentos atuais de farmacologia clínica permitem selecionar o opióide a ser administrado, buscando obter o máximo de analgesia com o mínimo de efeitos colaterais. Essa relação custo-benefício se tornará ainda mais efetiva quando as pesquisas levarem a uma maior identificação de sub-tipos de receptores, a um maior esclarecimento da interação opióide-receptor e à síntese de novos opióides com ação mais seletiva ou mesmo específica”, conclui.
Cientes dos efeitos colaterais do uso prolongado de analgésicos e antiinflamatórios, os profissionais da saúde têm buscado combinar técnicas de tratamento convencional à medicina tradicional. A hipnose, a fitoterapia e a acupuntura são algumas delas. “Nos últimos anos a utilização de medicamentos fitoterápicos vem crescendo significativamente e isso se deve principalmente à comprovação, por meio de estudos clínicos, da segurança e da eficácia desses medicamentos”, acredita Marcos Korukian, médico do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina. Ele participou da pesquisa que resultou no primeiro fitoterápico antiinflamatório tópico brasileiro, criado a partir do extrato da erva-baleeira, também conhecida como maria milagrosa. O produto é vendido pela Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A com o nome de Acheflan e faz parte de uma linha de fitomedicamentos criada pela empresa, a Phytomedica.
O medicamento é indicado para o tratamento de traumas, dores musculares e tendinites. “Os estudos realizados mostram que os pacientes tratados com a pomada fitoterápica tiveram alívio mais rápido da dor e da inflamação. O tratamento foi, em geral, mais eficaz do que naqueles que utilizaram o diclofenaco dietilamônico, princípio ativo presente nos antiinflamatórios convencionais do mercado, com o mesmo perfil de segurança”, explica Korukian.
Outra aposta na pesquisa de novos medicamentos para conter a dor é o desenvolvimento de remédios a partir de toxinas de outros seres vivos. O Centro de Toxicologia Aplicada, CAT, um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), criados pela Fapesp em 2000, sintetizou a proteína enpak, sigla para endogenous pain killer, ou analgésico endógeno, obtida a partir do veneno da cascavel. Os testes mostraram que o enpak tem, em uma única dose, poder de analgesia 600 vezes superior ao da morfina. O efeito se prolonga por até cinco dias sem efeitos colaterais.
Agulhas no sistema único de saúde
Outra técnica tradicional para aliviar a dor, que tem sido alvo de pesquisas científicas é a acupuntura. Um exemplo é o trabalho da médica obstetra, especialista em acupuntura, Roxana Knobel, desenvolvido no Centro de Atendimento Integral à Saúde da Mulher, Caism, da Unicamp. Ela concluiu que a acupuntura contribui de maneira eficaz para aliviar a dor durante o processo de dilatação que antecede o parto propriamente dito. “As parturientes do grupo placebo receberam três vezes mais drogas, analgésicas e/ou tranquilizantes, do que as que receberam acupuntura. Embora a diferença entre a via de parto não tenha sido estatisticamente significativa entre os grupos, observou-se que no grupo controle houve praticamente o dobro de cesáreas que no grupo que utilizou a acupuntura, devido à intensidade da dor”, explica Knobel. A técnica também se mostrou segura, pois não houve nenhum efeito colateral para as mães e tampouco para os bebês.
O parto é dividido em três fases: a primeira, dilatação, vai do início das contrações uterinas até que o colo se dilate por completo. Segundo a médica, esta fase pode durar até oito horas e é muito dolorosa para a mulher. A segunda vai da dilatação completa até a saída do bebê. Demora 30 minutos. A terceira fase é a expulsão da placenta. “Mesmo atualmente, com os avanços das técnicas analgésicas e a possibilidade de alívio, a dor do parto ainda é tida como uma das mais intensas sentidas pelo ser humano e certamente é temida pelas parturientes, preocupando familiares e a equipe de saúde envolvida”. Uma opção são as drogas opióides, mas elas têm efeitos colaterais intensos, podendo causar depressão respiratória na mãe e no recém-nascido. Daí a importância de aliviar a dor no período da dilatação. No estudo a obstetra fez aplicações de acupuntura nas costas ou na orelha das parturientes. O grupo de controle recebeu tratamento simulado (leia mais sobre dor do parto nesta edição).
Os mecanismos pelos quais a acupuntura atua no controle da dor não estão totalmente esclarecidos, mas demonstrou-se que são intermediados pelo sistema nervoso central. Pesquisas realizadas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostraram que a aplicação das agulhas promove a liberação ou o melhor aproveitamento da serotonina. A substância age como potente analgésico nos nervos periféricos, que se prolongam pelos braços, pernas e pelo tronco. Em entrevista para a revista Pesquisa Fapesp, o neurofisiologista Luiz Eugenio Mello disse que a acupuntura precisa da serotonina para funcionar. “Não sabemos como começa o processo, nem se a serotonina é produzida em maior quantidade ou apenas é melhor aproveitada pelos neurônios”, explicou. Já foi comprovado clinicamente que a técnica milenar chinesa baseada na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, é eficaz também no combate à dor intensa e às náuseas provocadas pelo uso de medicamentos contra o câncer.
Há dez anos reconhecida como especialidade médica no Brasil, a acupuntura era acessível apenas para as pessoas que podiam pagar consultas particulares com especialistas. No entanto, a prefeitura Municipal de Campinas, por meio do Grupo de Estudos e Trabalho em Terapias Integrativas (Getris), oferece, desde 2003, tratamento com acupuntura pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A idéia é tratar o paciente que se queixa de dor com acupuntura enquanto é feita a hipótese diagnóstica”, explica William Hyppolito Ferreira, coordenador técnico da área de saúde integrativa da Prefeitura de Campinas. Tendinite, bursite, lombalgia, fibromialgia, depressão, distúrbios do sono, distúrbios de ansiedade, cefaléias e outras doenças, são tratadas com a terapia. O principal ganho, segundo ele é tirar o desconforto causado pelo quadro doloroso no paciente enquanto ele passa pela rotina normal de consultas, exames etc. “Melhora também a relação médico-paciente porque a pessoa passa a confiar mais no médico”, acredita ele.
Hoje a prefeitura conta com 114 médicos especialistas em acupuntura, num universo de cerca de mil médicos. O Getris também realiza cursos para formação de médicos da rede pública que queiram aprender a técnica. Um estudo do Grupo apontou diminuição de 12,5% ao mês no uso de antiinflamatórios à base de diclofenaco. Ferreira ressalta que, mais importante que reduzir os gastos públicos com esse tipo de remédio, é a ausência de efeitos colaterais proporcionada pela acupuntura. Esse estudo será apresentado no 2º Congresso Mundial de Acupuntura Médica que acontece no mês de junho, em São Paulo.
Mudando o foco
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipnose esta técnica abrange qualquer procedimento que venha causar, por meio de sugestões, mudanças no estado físico e mental, podendo produzir alterações na percepção, nas sensações, no comportamento, nos sentimentos, nos pensamentos e na memória. Uma das indicações do uso da hipnose é para analgesia. Ela funciona de maneira a desviar a atenção do paciente, de modo que o cérebro não perceba o problema da dor ou o interprete de maneira diferente. Na fibromialgia a hipnose é frequentemente usada para diminuir a sensação desagradável. “No nosso cérebro, os centros que interpretam a intensidade da dor e o quanto ela é desagradável estão em lugares diferentes. A hipnose pode, de maneira segura, dissociar esses dois aspectos da dor, para benefício do paciente”, explica o reumatologista Eduardo dos Santos Paiva, chefe do ambulatório de fibromialgia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Segundo ele, utilizando exames em tempo real que mostram as áreas do cérebro sendo ativadas ou desativadas, já foi demonstrado que a dor pode ser modulada para mais ou para menos utilizando a hipnose.
Quando o controle da dor esbarra na lei
Das formas alternativas de tratamento da dor, talvez uma das mais controversas seja o uso da maconha. Isso ocorre principalmente pelo fato de grande parte da discussão se sustentar mais em paixões e preconceitos do que no conhecimento científico. Esta é a crença do farmacologista Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que há 50 anos estuda os princípios ativos da Cannabis sativa e sua colaboração à medicina. Em uma conferência na 58ª reunião anual da SBPC, em julho de 2006, Carlini apresentou estudos sobre as propriedades terapêuticas da erva e comentou sobre a legalização de seu uso medicinal.
Segundo Carlini, há cinco mil anos os chineses já faziam uso da maconha como anestésico em cirurgias. Em 1964, ao isolarem a estrutura química da C. sativa, foram encontradas cerca de 500 agentes químicos. Outros estudos comprovaram a eficácia da droga no controle das dores neuropáticas, comum em pacientes que sofrem de esclerose múltipla. No tratamento dessa doença, pacientes que fizeram uso do cigarro da maconha alegaram ainda a redução das dores musculares e da fraqueza nas pernas, e também na ansiedade, depressão e sobre as dores crônicas.
Em vários estados norte-americanos e países europeus, como Holanda e Bélgica, o uso terapêutico da maconha é permitido para o tratamento de câncer, aids e esclerose múltipla. Para Carlini, a medicina como um todo ganharia se essa regra valesse também para o Brasil. Segundo ele, é muito comum a depressão em profissionais da saúde que convivem diariamente com o sofrimento de pacientes terminais. Reduzir os sintomas dos doentes também ajudaria a melhorar a qualidade de vida de médicos e enfermeiros. “É insensato se preocupar se o paciente terminal que usar a maconha vai ficar viciado ou não, ele tem apenas alguns meses de vida”, disse Carlini na ocasião. “Nosso trabalho é fazer com que ele tenha um fim de vida digno”, acrescenta.
FONTE: Comciência
A toda experiência sensitiva e emocional desagradável, relacionada à lesão real ou potencial dos tecidos, é dado o nome de dor, segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (Iasp, na sigla em inglês). Cada indivíduo aprende a usar esse termo a partir das suas experiências e de sua cultura. Experiências essas que, mergulhadas como estão em determinados estilos de vida, fazem surgir novas dores ou até novas doenças. Livrar-se da dor ou aliviar aquela sensação desagradável é uma das preocupações mais antigas da humanidade. Dizia Hipócrates, considerado o pai da medicina, que aliviar a dor é uma obra divina.
Uma das mais antigas substâncias utilizadas pelo homem para aliviar a dor é o ópio. Em “Uma breve história do ópio e dos opióides”, artigo publicado na Revista Brasileira de Anestesiologia, Danilo Freire Duarte, farmacologista da Universidade Federal de Santa Catarina, conta que Celso, médico romano que viveu no primeiro século da era cristã, recomendava o uso do ópio para o alívio da dor. Ele mesmo foi autor de várias formulações que continham essa substância como principal ingrediente. Parece certo, portanto, que a partir dos romanos, a propriedade analgésica do ópio passou a ser reconhecida. A partir dele são obtidas drogas como a morfina e a codeína, os opiáceos. É possível também fabricar sinteticamente substâncias que têm ação semelhante, que são os opióides.
“Os opióides têm mantido a sua posição como o grupo farmacológico que confere analgesia mais potente”, explica Duarte. São usuários desses medicamentos as pessoas que sofrem de dores muito intensas, como pacientes com câncer, com grandes queimaduras, politraumatizados etc. As principais discussões em torno do uso dos opióides giram em torno dos efeitos colaterais que eles provocam: paralisia do estômago, prisão de ventre (baseado neste efeito, eles também podem ser usados para combater diarréias). Em doses maiores, ocorre queda da pressão arterial, diminuição da frequência respiratória e o coração fica mais lento. Além dos efeitos colaterais, há ainda questões importantes a serem respondidas, segundo Duarte, entre elas se essas drogas são igualmente potentes como analgésicos para qualquer tipo de doença, e o risco de vício para pacientes com dores crônicas, que recebem esses medicamentos por tempo prolongado.
O farmacólogo explica que todos os efeitos dos opióides, inclusive os adversos, são decorrentes das interações que ocorrem entre essas drogas e receptores específicos do sistema nervoso, tanto os que transmitem quanto os que inibem a dor. “Os conhecimentos atuais de farmacologia clínica permitem selecionar o opióide a ser administrado, buscando obter o máximo de analgesia com o mínimo de efeitos colaterais. Essa relação custo-benefício se tornará ainda mais efetiva quando as pesquisas levarem a uma maior identificação de sub-tipos de receptores, a um maior esclarecimento da interação opióide-receptor e à síntese de novos opióides com ação mais seletiva ou mesmo específica”, conclui.
Cientes dos efeitos colaterais do uso prolongado de analgésicos e antiinflamatórios, os profissionais da saúde têm buscado combinar técnicas de tratamento convencional à medicina tradicional. A hipnose, a fitoterapia e a acupuntura são algumas delas. “Nos últimos anos a utilização de medicamentos fitoterápicos vem crescendo significativamente e isso se deve principalmente à comprovação, por meio de estudos clínicos, da segurança e da eficácia desses medicamentos”, acredita Marcos Korukian, médico do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina. Ele participou da pesquisa que resultou no primeiro fitoterápico antiinflamatório tópico brasileiro, criado a partir do extrato da erva-baleeira, também conhecida como maria milagrosa. O produto é vendido pela Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A com o nome de Acheflan e faz parte de uma linha de fitomedicamentos criada pela empresa, a Phytomedica.
O medicamento é indicado para o tratamento de traumas, dores musculares e tendinites. “Os estudos realizados mostram que os pacientes tratados com a pomada fitoterápica tiveram alívio mais rápido da dor e da inflamação. O tratamento foi, em geral, mais eficaz do que naqueles que utilizaram o diclofenaco dietilamônico, princípio ativo presente nos antiinflamatórios convencionais do mercado, com o mesmo perfil de segurança”, explica Korukian.
Outra aposta na pesquisa de novos medicamentos para conter a dor é o desenvolvimento de remédios a partir de toxinas de outros seres vivos. O Centro de Toxicologia Aplicada, CAT, um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), criados pela Fapesp em 2000, sintetizou a proteína enpak, sigla para endogenous pain killer, ou analgésico endógeno, obtida a partir do veneno da cascavel. Os testes mostraram que o enpak tem, em uma única dose, poder de analgesia 600 vezes superior ao da morfina. O efeito se prolonga por até cinco dias sem efeitos colaterais.
Agulhas no sistema único de saúde
Outra técnica tradicional para aliviar a dor, que tem sido alvo de pesquisas científicas é a acupuntura. Um exemplo é o trabalho da médica obstetra, especialista em acupuntura, Roxana Knobel, desenvolvido no Centro de Atendimento Integral à Saúde da Mulher, Caism, da Unicamp. Ela concluiu que a acupuntura contribui de maneira eficaz para aliviar a dor durante o processo de dilatação que antecede o parto propriamente dito. “As parturientes do grupo placebo receberam três vezes mais drogas, analgésicas e/ou tranquilizantes, do que as que receberam acupuntura. Embora a diferença entre a via de parto não tenha sido estatisticamente significativa entre os grupos, observou-se que no grupo controle houve praticamente o dobro de cesáreas que no grupo que utilizou a acupuntura, devido à intensidade da dor”, explica Knobel. A técnica também se mostrou segura, pois não houve nenhum efeito colateral para as mães e tampouco para os bebês.
O parto é dividido em três fases: a primeira, dilatação, vai do início das contrações uterinas até que o colo se dilate por completo. Segundo a médica, esta fase pode durar até oito horas e é muito dolorosa para a mulher. A segunda vai da dilatação completa até a saída do bebê. Demora 30 minutos. A terceira fase é a expulsão da placenta. “Mesmo atualmente, com os avanços das técnicas analgésicas e a possibilidade de alívio, a dor do parto ainda é tida como uma das mais intensas sentidas pelo ser humano e certamente é temida pelas parturientes, preocupando familiares e a equipe de saúde envolvida”. Uma opção são as drogas opióides, mas elas têm efeitos colaterais intensos, podendo causar depressão respiratória na mãe e no recém-nascido. Daí a importância de aliviar a dor no período da dilatação. No estudo a obstetra fez aplicações de acupuntura nas costas ou na orelha das parturientes. O grupo de controle recebeu tratamento simulado (leia mais sobre dor do parto nesta edição).
Os mecanismos pelos quais a acupuntura atua no controle da dor não estão totalmente esclarecidos, mas demonstrou-se que são intermediados pelo sistema nervoso central. Pesquisas realizadas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostraram que a aplicação das agulhas promove a liberação ou o melhor aproveitamento da serotonina. A substância age como potente analgésico nos nervos periféricos, que se prolongam pelos braços, pernas e pelo tronco. Em entrevista para a revista Pesquisa Fapesp, o neurofisiologista Luiz Eugenio Mello disse que a acupuntura precisa da serotonina para funcionar. “Não sabemos como começa o processo, nem se a serotonina é produzida em maior quantidade ou apenas é melhor aproveitada pelos neurônios”, explicou. Já foi comprovado clinicamente que a técnica milenar chinesa baseada na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, é eficaz também no combate à dor intensa e às náuseas provocadas pelo uso de medicamentos contra o câncer.
Há dez anos reconhecida como especialidade médica no Brasil, a acupuntura era acessível apenas para as pessoas que podiam pagar consultas particulares com especialistas. No entanto, a prefeitura Municipal de Campinas, por meio do Grupo de Estudos e Trabalho em Terapias Integrativas (Getris), oferece, desde 2003, tratamento com acupuntura pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A idéia é tratar o paciente que se queixa de dor com acupuntura enquanto é feita a hipótese diagnóstica”, explica William Hyppolito Ferreira, coordenador técnico da área de saúde integrativa da Prefeitura de Campinas. Tendinite, bursite, lombalgia, fibromialgia, depressão, distúrbios do sono, distúrbios de ansiedade, cefaléias e outras doenças, são tratadas com a terapia. O principal ganho, segundo ele é tirar o desconforto causado pelo quadro doloroso no paciente enquanto ele passa pela rotina normal de consultas, exames etc. “Melhora também a relação médico-paciente porque a pessoa passa a confiar mais no médico”, acredita ele.
Hoje a prefeitura conta com 114 médicos especialistas em acupuntura, num universo de cerca de mil médicos. O Getris também realiza cursos para formação de médicos da rede pública que queiram aprender a técnica. Um estudo do Grupo apontou diminuição de 12,5% ao mês no uso de antiinflamatórios à base de diclofenaco. Ferreira ressalta que, mais importante que reduzir os gastos públicos com esse tipo de remédio, é a ausência de efeitos colaterais proporcionada pela acupuntura. Esse estudo será apresentado no 2º Congresso Mundial de Acupuntura Médica que acontece no mês de junho, em São Paulo.
Mudando o foco
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipnose esta técnica abrange qualquer procedimento que venha causar, por meio de sugestões, mudanças no estado físico e mental, podendo produzir alterações na percepção, nas sensações, no comportamento, nos sentimentos, nos pensamentos e na memória. Uma das indicações do uso da hipnose é para analgesia. Ela funciona de maneira a desviar a atenção do paciente, de modo que o cérebro não perceba o problema da dor ou o interprete de maneira diferente. Na fibromialgia a hipnose é frequentemente usada para diminuir a sensação desagradável. “No nosso cérebro, os centros que interpretam a intensidade da dor e o quanto ela é desagradável estão em lugares diferentes. A hipnose pode, de maneira segura, dissociar esses dois aspectos da dor, para benefício do paciente”, explica o reumatologista Eduardo dos Santos Paiva, chefe do ambulatório de fibromialgia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Segundo ele, utilizando exames em tempo real que mostram as áreas do cérebro sendo ativadas ou desativadas, já foi demonstrado que a dor pode ser modulada para mais ou para menos utilizando a hipnose.
Quando o controle da dor esbarra na lei
Das formas alternativas de tratamento da dor, talvez uma das mais controversas seja o uso da maconha. Isso ocorre principalmente pelo fato de grande parte da discussão se sustentar mais em paixões e preconceitos do que no conhecimento científico. Esta é a crença do farmacologista Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que há 50 anos estuda os princípios ativos da Cannabis sativa e sua colaboração à medicina. Em uma conferência na 58ª reunião anual da SBPC, em julho de 2006, Carlini apresentou estudos sobre as propriedades terapêuticas da erva e comentou sobre a legalização de seu uso medicinal.
Segundo Carlini, há cinco mil anos os chineses já faziam uso da maconha como anestésico em cirurgias. Em 1964, ao isolarem a estrutura química da C. sativa, foram encontradas cerca de 500 agentes químicos. Outros estudos comprovaram a eficácia da droga no controle das dores neuropáticas, comum em pacientes que sofrem de esclerose múltipla. No tratamento dessa doença, pacientes que fizeram uso do cigarro da maconha alegaram ainda a redução das dores musculares e da fraqueza nas pernas, e também na ansiedade, depressão e sobre as dores crônicas.
Em vários estados norte-americanos e países europeus, como Holanda e Bélgica, o uso terapêutico da maconha é permitido para o tratamento de câncer, aids e esclerose múltipla. Para Carlini, a medicina como um todo ganharia se essa regra valesse também para o Brasil. Segundo ele, é muito comum a depressão em profissionais da saúde que convivem diariamente com o sofrimento de pacientes terminais. Reduzir os sintomas dos doentes também ajudaria a melhorar a qualidade de vida de médicos e enfermeiros. “É insensato se preocupar se o paciente terminal que usar a maconha vai ficar viciado ou não, ele tem apenas alguns meses de vida”, disse Carlini na ocasião. “Nosso trabalho é fazer com que ele tenha um fim de vida digno”, acrescenta.
FONTE: Comciência
Marcadores: acupuntura, anestesia, parto
Semana do Parto Respeitado
escrito por: Tricia em quarta-feira, maio 09, 2007 às 3:54 PM.
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De 07 a 13 de maio acontece a Semana Mundial do Parto Respeitado, criada pelo Humpar com colaboração da Ong argentina Dando a Luz.
A Semana Mundial do Parto Respeitado , iniciativa da Associação Francófona pelo Parto Respeitado (Alliance Francophone pour l'Accouchement Respecté), é celebrada , desde 2004, durante o mês de Maio em diversos países.
Este ano, realiza-se de 7 a 13 de Maio e tem como tema o "Nascimento Respeitado", título inspirado no selo de qualidade promovido pela Coligação para a Melhoria dos Serviços de Maternidade (Coalition for Improving Maternity Services, a partir de Iniciativa Amiga das Mães e Bebés (Mother-Baby Friendly Childbirth Initiative).
Além da segurança física básica, a segurança emocional e psíquica é outra condição essencial para assegurar que o processo do parto e do nascimento permaneça um evento fisiológico e não médico, preservando, assim, para as mulheres e seus filhos, sesaspectos íntimos e civis. Assim, este ano, três aspectos estão em destaque durante a Semana Mundial do Parto Respeitado:
. a necessidade de qualidade, num momento em que as maternidades são pressionadas por questões de rentabilidade;
. a quantidade e a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais, aspecto directamente relacionado com a qualidade do atendimento ao parto e nascimento;
. o respeito pela escolha do local do parto e nascimento pela mulher e seu companheiro.
Teste polémico diz sexo de bebé na sexta semana de gravidez
escrito por: Tricia em às 2:56 PM.
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Um teste de ADN que indica o sexo de bebés quando eles ainda estão na sexta semana de gestação está causando polémica no Reino Unido.
O teste, feito em casa, é vendido na Internet pela empresa DNA Worldwide. Por 189 libras, o consumidor pode saber o sexo do seu filho em até seis dias úteis; se estiver apressado, pode optar por pagar 240 libras e sabê-lo em quatro dias.
Grupos antiaborto criticaram o teste, alegando que casais poderiam optar por abortar filhos "do sexo errado".
Mas a empresa afirma que três em cada quatro casais britânicos querem saber de antemão o sexo do seu filho e não estão dispostos a esperar 20 semanas, prazo requerido para os testes com exame de ultra-som.
No seu sítio na Internet, a DNA Worldwide explica que a identificação do sexo da criança é feita pela análise de uma amostra de sangue da mãe.
"Durante a gravidez, pequenas quantidades de ADN do bebé passam para a corrente sanguínea da mãe; assim, com uma pequena gota colhida do dedo da mãe, podemos analisar o ADN do bebé", diz um texto que apresenta o produto.
Os médicos procuram o cromossoma Y, cuja presença no ADN da criança assegura que o sexo é masculino; se o Y está ausente, alega a empresa, é possível dizer com 99% de certeza que o sexo é feminino.
Se o teste estiver errado, a DNA Worldwide promete devolver o dinheiro da compra.
Entidades que fazem campanha contra o aborto criticaram o teste. Eles temem que casais descontentes com o resultado interrompam a gravidez.
Michaela Aston, da organização britânica Life, disse que o teste é "muito perigoso". "Pode levar ao aborto de bebés simplesmente pelo facto de serem do ´sexo errado´", afirmou.
Segundo ela, recém-nascidos, sejam meninos ou meninas, têm necessidades iguais, e o sexo da criança não aumenta nem diminui a necessidade de planeamento.
Julia Millington, da Prolife Alliance, acrescentou que o risco de abortos é "real", sobretudo em áreas do país onde se concentram comunidades de imigrantes que atribuem valores distintos a um bebé do sexo masculino ou feminino.
"Já chegamos a uma situação alarmante, em que hospitais em algumas partes do Reino Unido não revelam o sexo de uma criança antes do nascimento por causa da prevalência do aborto, se o bebé for do ´sexo errado´", ela disse.
"O facto de hospitais adoptarem estas políticas mostra que existe um problema nesse assunto".
Actualmente, a maioria dos hospitais britânicos diz, aos pais que quiserem sabê-lo, qual será o sexo deoseu filho a partir da 20ª semana de gravidez.
FONTE:Açores Net
O teste, feito em casa, é vendido na Internet pela empresa DNA Worldwide. Por 189 libras, o consumidor pode saber o sexo do seu filho em até seis dias úteis; se estiver apressado, pode optar por pagar 240 libras e sabê-lo em quatro dias.
Grupos antiaborto criticaram o teste, alegando que casais poderiam optar por abortar filhos "do sexo errado".
Mas a empresa afirma que três em cada quatro casais britânicos querem saber de antemão o sexo do seu filho e não estão dispostos a esperar 20 semanas, prazo requerido para os testes com exame de ultra-som.
No seu sítio na Internet, a DNA Worldwide explica que a identificação do sexo da criança é feita pela análise de uma amostra de sangue da mãe.
"Durante a gravidez, pequenas quantidades de ADN do bebé passam para a corrente sanguínea da mãe; assim, com uma pequena gota colhida do dedo da mãe, podemos analisar o ADN do bebé", diz um texto que apresenta o produto.
Os médicos procuram o cromossoma Y, cuja presença no ADN da criança assegura que o sexo é masculino; se o Y está ausente, alega a empresa, é possível dizer com 99% de certeza que o sexo é feminino.
Se o teste estiver errado, a DNA Worldwide promete devolver o dinheiro da compra.
Entidades que fazem campanha contra o aborto criticaram o teste. Eles temem que casais descontentes com o resultado interrompam a gravidez.
Michaela Aston, da organização britânica Life, disse que o teste é "muito perigoso". "Pode levar ao aborto de bebés simplesmente pelo facto de serem do ´sexo errado´", afirmou.
Segundo ela, recém-nascidos, sejam meninos ou meninas, têm necessidades iguais, e o sexo da criança não aumenta nem diminui a necessidade de planeamento.
Julia Millington, da Prolife Alliance, acrescentou que o risco de abortos é "real", sobretudo em áreas do país onde se concentram comunidades de imigrantes que atribuem valores distintos a um bebé do sexo masculino ou feminino.
"Já chegamos a uma situação alarmante, em que hospitais em algumas partes do Reino Unido não revelam o sexo de uma criança antes do nascimento por causa da prevalência do aborto, se o bebé for do ´sexo errado´", ela disse.
"O facto de hospitais adoptarem estas políticas mostra que existe um problema nesse assunto".
Actualmente, a maioria dos hospitais britânicos diz, aos pais que quiserem sabê-lo, qual será o sexo deoseu filho a partir da 20ª semana de gravidez.
FONTE:Açores Net
ENTREVISTA COM A PARTEIRA MADRINHA CRISTINA
escrito por: Tricia em domingo, maio 06, 2007 às 7:36 PM.
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Curitiba/PR 2004
Por Adelise Noal Monteiro - médica e parteira
(Esta entrevista foi divulgada na lista "Hinos da Semana", do Cefluris, dia 8 de agosto de 2005. A autora participou do Painel Arte de Partejar apresentado através da Associação C.H.A.V.E. Centro de Harmonia, Amor e Verdade Espiritual, no Fórum Social Mundial de 2005, sediado em Porto Alegre. Adelise ganhou o I Prêmio Nacional Amigas do Parto 2005).
Adelise - Como começou seu trabalho de parteira? Como a senhora
aprendeu?
Madrinha - Rapaz!... o trabalho começou pela intuição, meu padrinho me mandou, pra eu fazer um parto com o Santo Daime e eu fiz. Chego lá, faço as minhas preces a Nossa Senhora do Bom Parto, acendo o ponto da vela junto com o Santo Daime e aí início, rezando a prece. Dou um pouquinho de Santo Daime pra mulher e nós ficamos ali, dando aquela assistência a ela conforme as contrações que ela vai sentindo. Porque às vezes vêm as contrações e não é a hora do parto. Quando dá a primeira dose do Santo Daime ele vem e controla. As vezes passa o dia, quando é no outro é que vai iniciar. As vezes é pra logo e então, em pouco tempo antes de terminar a vela o trabalho tá realizado. Aí eu dou a segunda dose, vem vindo as contrações e eu vou ajudando também. Quando chega a hora, o nenê vem fácil, eu pego. Depois vem a placenta.
Adelise - E os instrumentos?
Madrinha - Os instrumentos, eu mesma faço. Depois que nasce o nenê, eu não corto o cordão em seguida, deixo ele ali. Aí, vou rezando as minhas preces, mexendo na mulher manipulação do abdômen, massagens) pra placenta descer, quando ela desce, aí, eu vou e corto. Corto com tesoura, pinças que me deram. Amarro com um cordão, coloco o Santo Daime com algodão. Faço isso até cair. Todo dia molhar com Santo Daime.
Adelise - Como a Senhora aprendeu o ofício de parteira? Como foi seu primeiro parto? Quem lhe ensinou?
Madrinha - Eu assisti em mim mesma, que a minha sogra fez e eu prestava atenção. Depois eu já era ajudante dela.
Adelise - A sua sogra era uma parteira! Como era o nome dela?
Madrinha - Maria, Maria Francisca das Chagas, já faleceu.
Adelise - Morava no Mapiá?
Madrinha - Era a mãe do meu esposo, aí aprendi com ela. Ela foi ficando velha e passaram pra mim e eu fui fazendo e fui passando pra outras.
Adelise - Pra quem que a senhora passou?
Madrinha - As que estão com a gente. A Maria Brilhante, sua filha Osmarina também. A Dalvina e a Maria Francisca. Elas aprenderam com a mãe delas que também era parteira. A Maria Corrente. A Maria Nogueira a mais antiga, chamada para os partos mais complicados. Ela é rezadeira. A Silvia, minha filha e a Rosa acompanham, dão assistência as parteiras. Assim a gente vai aprendendo umas com as outras. A gente se reúne, aí fica junto (ficar junto com um sentimento de comunhão). E agora apareceu na nossa comunidade uma médica. Então, ela ajuda mais porque é médica.
Adelise - Quando uma mulher entra em trabalho de parto vocês vão juntas?
Madrinha - Não, vai uma ou duas pra auxiliar. Depois a gente vai lá fazer uma visitinha. Porque ninguém quer muita gente, é bom pouquinha gente pra dar assistência ali. A gente sempre se reúne e conversa quando tá junto, passando como é e tal... Aí cada uma tem as suas
entidades que acompanham a gente e que pode ajudar naquele trabalho.
Adelise - Nesse sentido espiritual, quem a senhora buscava quando fazia
os partos?
Madrinha - Rapaz!... Eu sempre busco Deus primeiramente nas alturas e
meu Padrinho foi quem me deu essa virtude aqui na terra.
Adelise - Padrinho Sebastião?
Madrinha - Sim, e também a minha sogra, porque eu aprendi com ela e eu sinto ela ao meu lado. E o meu protetor, que eu também tenho, o meu anjo da minha guarda, meu guia espiritual.
Adelise - Quantos partos a senhora fez?
Madrinha - Uns 50 partos. Aí parei. Quando me chamam eu boto outra, porque peguei esta doença aí. Ela tem DBPOC - doença pulmonar obstrutiva crônica. Pra fazer parto é preciso ser sadio. As vezes o nenê nascia e eu não tinha os aparelhos. Era preciso colocar a boca pra
tirar as secreções do nariz, puxar pra ele respirar. Eu fazia tudo isso porque não tinha os aparelhos.
Adelise - Quando tinha laceração do períneo, como fazia?
Madrinha - Ficava assim mesmo, fazia cozimento de ervas, banho de assento todo dia, de manhã e de tarde. Passava mercúrio e até o Santo Daime no local.
Adelise - Quais as plantas usadas?
Madrinha - Cajueiro, algodoeiro, as folhas. Ia cicatrizando, era assim, tudo naturalmente.
Adelise - A senhora teve algum problema de hemorragia no parto?
Madrinha - Graças a Deus não. Já nasceram dois nenês de bunda.
Adelise - A senhora nem sabia?...
Madrinha - Nem sabia, quando vi fiquei admirada. Mas aí tem que confiar. Botei a mulher num assento, num banquinho. Porque deitada é muito ruim. Ou até de pé mesmo. Seguro... A mulher faz força e mando abaixar... Uma delas, foi a filha do Padrinho e outra senhora lá. Mas
foi rápido, foi saindo, eu fui ajudando com a mão e com o dedo, na força... A gente pega... não é como no hospital... e dá assistência a mulher e o nenê durante 8 dias depois do parto. Fico cuidando do nenê, dando banho, cuidando do nenê até o umbigo cair. Só depois vai. Sendo perto de casa, a gente vai todo dia, até completar 8 dias.
Adelise - E fica durante todo trabalho de parto com a mulher ali?
Madrinha - Todo tempo. Ninguém sai. A gente fica, dá um purgante. Óleo de rícino e chá de laranja.
Adelise - Massagem a senhora faz?
Madrinha - Fazia sim. Apalpava... balanço nas cadeiras na hora da contração... É muito bom! As mulheres dizem:
- Ai Madrinha! Chega aqui!... Passa a mão aqui!... Que alívio!
Adelise - E o Daime, como a senhora avaliava a dose a ser tomada?
Madrinha - As vezes eu dava assim... Primeira dose dois dedos. Na primeira hora, se acelerava, dava mais um dedo. Se a contração aumentava, eu dava mais um pouco, um dedo, de meia em meia hora. As vezes é rápido. E tem vezes que depois da primeira dose, o Daime
acalma. Parece uma força de lua, uma coisa que o nenê tá sentindo. E as vezes passa uma noite e volta no outro dia e recomeça a tomar o Daime, e vem...
Adelise - E o período expulsivo como a senhora conduzia?
Madrinha - A hora que dá vontade de empurrar... Toma o Daime mais um
pouquinho... as vezes fica ali, vai e volta, e com o Daime... Tuft!... E sai mesmo. A placenta se demora, com o Daime sai. Vai balançando o cordão. E ela vem, se puxar... Aí, fica tudo limpinho. Peguei meus netos, todos os bisnetos e outros. Um punhado de gente. Eu sou a mamãe velha!...
Adelise - Quando a senhora fazia os partos, trabalhava com alguém lhe auxiliando?
Madrinha - Com uma filha ou sempre com a assistência daquelas que fazem
parto também, a Dalvina que a mãe dela também foi parteira. Nós duas juntas, era uma beleza! Ela tem a força dela, eu tenho a minha. A gente junta as duas forças. Ela sabe como é. Fica tudo mais fácil.
Adelise - A senhora nunca fez parto sem o Daime?
Madrinha - Nunca fiz. Só os meus, dos primeiros filhos foram sem Daime.
Adelise - Então a sua sogra já era parteira antes do Daime?
Madrinha - Depois que eu passei pro Daime, mudou o ritmo da gente com o Santo Daime. Tinha a bebida e era natural o nascer.
Adelise - Como a senhora combinava para fazer o parto? Acompanhava a gravidez ou era só na hora do parto?
Madrinha - As vezes eu tava em casa quando chegava alguém:
- Madrinha! Mandaram buscar a senhora para fazer um parto. E eu ia. As vezes nem conhecia. Ali no Purus. As vezes no trabalho de Daime começava e eu tinha que sair do trabalho para fazer o parto. Era assim, eu não dei assistência os nove meses. A gente dava umas orientações
quando elas pediam e algumas massagens. Só agora com a Guete, se faz isso. Ela é médica.
Adelise - E o material para fazer o parto?
Madrinha - A gente comprava uma tesourinha... queimava com álcool. O cordão umbilical prendia com cordão
Adelise - Quando aparecia uma mulher com parto complicado ou gravidez de risco, como vocês descobriam o problema?
Madrinha - A gente via e levava pra Boca do Acre. Mas eu, graças a Deus, no tempo que eu pegava menino, nunca tive este problema. Agora tem uma médica lá, que faz o encaminhamento, se precisar. Na floresta a gente tem que se socorrer com o Senhor Divino, com Deus e tomo Daime e expulso tudo. Muita gente sangra muito, toma Daime e fica bom.
Adelise - O que a senhora entende sobre a ação do Daime na hora do parto? Como ele funciona? Ajuda na força da contração, no alívio da dor, na mãe que fica calma?
Madrinha - Ele ajuda, funciona muito bem. A gente reza confiando em Deus, primeiramente, que está nas alturas e naquela bebida que a gente consagra, um Ser divino, na Virgem Mãe Soberana que é nossa guia. Nós chamamos pela Virgem Soberana Mãe e o Nosso Patriarca, e eles vêm nos ajudar. E eu acho que ele dá aquela força muito boa, expulsa muito bem,
cuida muito bem. Porque o invisível é coisa que a gente não vê. Ele chega e faz o trabalho e você fica até admirada! Agora, o invisível é coisa que a gente não pode explicar pra ninguém. A Nossa Santa Maria, a Nossa Santa Mãe de Deus que nos ajuda a dar calma e paciência e é a
Nossa Diretora de todo nosso trabalho, que sem a Mãe nós não somos nada. Só é com o Pai, a Mãe e o Filho e o Espírito Santo que é o Divino e com esses nós estamos aqui. Não posso dizer que não estou com estes seres porque é quem nos acompanha. Consagro no meu coração e serei eternamente filha de Deus.
- Desculpe sou chorona! Me emocionei...
Adelise - Não Madrinha, a senhora é uma flor! É que o parto tem uma intensidade emocional muito grande, então, a senhora, lembrando de tudo...
Madrinha - É coisa muito fina mesmo, a gente ali tá, chega na hora do parto, a responsável por tudo é a gente e na floresta principalmente. Por isso que eu digo, eu confio nos seres que me acompanham. Se eu não confiasse, eu não faria. Por que eu não sei, quem sabe é ele, o Daime. Ele me ensina, e eu faço. E aí, eu apresento o saber que ele me ensina!
Adelise - A senhora chegou a fazer partos em mulheres que não eram do Santo Daime? Ou todas sempre eram da comunidade?
Madrinha - Não, eu fiz sem ser do Santo Daime.
Adelise - Então a senhora levava o Daime pra elas tomarem?
Madrinha - Levava, se ela quisesse com o Daime eu fazia, se não quisesse eu não fazia. Só se o menino estivesse saindo eu pegava, mas dizia também que eu não era responsável.Com o Daime, eu sou. – Quer tomar o Daime? Se ela falava quero... Então, tomou... Aí eu ficava tudo bem, aí muda tudo, Porque a gente tá com o Daime e ele é quem... Mais sem o Daime... Rapaz! Sem o Daime, eu não faço parto não! Se ela diz: -
Eu quero. Aí eu dou.
Adelise - As que não eram da comunidade e tomavam o Daime no trabalho de parto, como reagiram, o que elas disseram?
Madrinha - Muito bem, se sentiram muito bem, carinhosas!... Também eu dou de conformidade porque eu não vou... Eu dou pra ajudar a fazer o parto. Depois, se ela quiser continuar, né... Se não quiser... As vezes continua, as vezes não. Só vem na hora da história mesmo e deixa... Isso é de cada um, mas o meu trabalho, eu só apresento com ele.
Adelise - Quais são as outras coisas que a senhora faz durante o trabalho de parto?
Madrinha - Defumação. Eu faço aquela defumação no quarto. "Defuma esta casa bem defumada, com a cruz de Deus ela vai ser rezada". Aí a gente defuma todo quarto, defuma a mulher também. Isso é uma ajuda espiritual. Afasta também aqueles espíritos que estão ali nos arrodeando para incorporar naquele ser que vai nascer. A gente fica chamando as coisas boas, cantando hinário, liga o gravador, cantando os nossos hinos, as nossas chamadas. Boto o hinário do Padrinho Sebastião, da Madrinha Rita, bota do Mestre Irineu, do Padrinho Alfredo, aí vem chamando até que chega o nenezinho. Todo mundo feliz, satisfeito. Então esta defumação, são as ervas que nos ajudam a afastar as coisas ruins que nos arrodeiam. A gente só chama coisa boa.
Adelise - A senhora lembra de algum parto que lhe chamou mais atenção e que quisesse contar pra nós?
Madrinha - Só esse mesmo de dois, que precisou ir na maternidade. Lá na Cinco Mil ainda -perto de Rio Branco, no Acre. Porque teve o primeiro, foi normal, mas o segundo quando veio, eu não tinha feito nenhum parto assim de dois. Ele botou só a mão e eu não sabia movimentar nem nada, ainda até levei lá. O médico tinha dito pra mulher que um estava bem e o outro atravessado, que ela fosse ter no hospital, mas ela não queria ir. Aí eu disse, vou pegar o menino, mas se houver um problema na hora eu mando levar e assim a gente fez. Levamos, teve que operar.
Adelise - Deu tempo de salvar o nenê?
Madrinha - Não, quando chegou lá, ele faleceu. Só esse, por aí eu fui ficando meio... Esse negócio de dois eu não quis saber não. Mas já faz anos, foi quando eu comecei. Agora já os meninos, tá tudo grandão, os que eu peguei. Só esse, o resto tudo foi bem.
Adelise - Quanto tempo faz que a senhora parou de fazer parto?
Madrinha - Acho que foi do Artur o último. Faz 7 anos. Lúcia Arruda (acompanhante da Madrinha) - Mais sempre ela dá assistência.
Madrinha - Uma assistenciazinha ali...
Lúcia - O pessoal confia muito.
Madrinha - De eu estar lá.
Lúcia - O pessoal pede, mesmo que a senhora não pegue, esteja perto.
Que ela dá ajuda as parteiras mais novas, então, mesmo que ela não
esforce...
Adelise - Ela dá segurança.
Madrinha - Dou segurança ali.
Lúcia - "Faz isso menina. Manda a mulher pra deitar." Eu já vi ela fazer esse trabalho, e sei que é muita intuição. Ela tem muito jeito. Pra cada caso... não é uma coisa técnica, igual pra todas. Ela tem aquela sensibilidade para saber o que a mulher precisa. Mulheres mais
agitadas, ela consegue acalmar. Mulheres que são mais moles, ela já agita pra mulher não dormir. Ela tem a sensibilidade pra saber se está perto, se vai demorar, coisas que o olho dela vê. O olho já espiritualizado nesse sentido. As vezes, é engraçado, ela descobre quando a mulher tá grávida e a mulher nem sabe ainda. As próprias mulheres que estão gestantes confiam muito nela, as vezes mais que em médico. Então, isso não deixou que ela deixasse de vez, se aposentasse dessa tarefa. Tem casos que a mulher grávida diz: "Madrinha, eu quero
que a senhora esteja. A senhora tem que estar!" Ultimamente ela não tava nem bem, com falta de ar. Uma mulher foi ter nenê, foi preciso ela ir, foram buscar. Foi ela botar o pé lá. O nenê foi nascendo. Só a presença dela assim dando força, sabendo dar uma dose boa de Daime.
Porque o Daime sabe, na hora da contração. Aí o Daime vai, e dá pra mulher o que ela precisa. A calma ou a força, e a Madrinha tem muito essa sensibilidade intuitiva. Quando começou a chegar a medicina, eu notei que as próprias parteiras ficaram mais inseguras. Quando era só elas na comunidade, não tinha pra onde correr, só elas mesmas. Mas agora como chegou médico, elas já ficam mais inseguras ou as próprias gestantes também ficam mais medrosas. Tudo isso tem. Chegou uma modernidade e as próprias gestantes vão procurar o centro médico, têm medo, vão fazer cesariana essas coisas todas que chegou.
Madrinha - Mas a Guete (médica da comunidade) também é com o Daime. Ela entra com a gente também. Ela dá uma força também. Se precisar cortar ela sabe, pontear também. A gente dá a assistência pras irmãs, mas nenhuma de nós temos documento de ser parteira profissional. Só parteira da nossa comunidade. A gente é chamada pra aqui e acolá, e a
gente vai.
Adelise - A senhora sabe se já tem uma parteira do Daime no Juruá?
Madrinha - Sei não, eu fui lá só uma vez, logo quando começou, quando abriu. Agora nunca mais. Mais elas normalmente andam umas com as outras, as irmãs nossas com as outras caboclas. Tem muita velha, idosa, antiga. Isso tudo é velho e sabido. Lá é que é bom fazer essas coisas com aquelas velhas lá. Ir lá, dá uma viajada lá, É uma beleza assim... De conhecer, vai lá você um dia, mais a turma aí. Pois é, tem que dar uma combinada aí com o Padrinho Alfredo e vai fazer estes trabalhos lá.
Adelise - E a Madrinha Rita tem este ofício?
Madrinha - Não, parteira não. Ela tinha a mãe dela que era minha sogra, mãe do Neo que era parteira.
Lúcia - Já é falecida a Mãinha, mãe da madrinha Rita e do Padrinho Neo. Ela que era a grande parteira da família que ensinou pra Madrinha Cristina.
Adelise - Como era o nome dela?
Madrinha - Maria Francisca das Chagas.
Lúcia - Ela tinha todo material necessário. Uma balancinha.
Madrinha - Quem tinha era a Dona Maria Corrente, mãe da Dalvina. Quando ela faleceu passou pra mim. Ganhei dela. Mas a gente dá pra uma, dá pra outra, e quando vê, perderam. A Dona Maria Corrente tinha a bolsa que ela fez lá em Rio Branco.
Adelise - Ela fez um curso de parteira?
Madrinha - Eu acho que sim, que ganhou a bolsa... Mas tá bom. Depois vocês... Pra frente todos chega... Uma nova documentação...
Adelise - Então, a Maria Francisca da Chagas, mãe da Mad. Rita, Pad. Neo e Mad. Júlia é quem a senhora considera como sendo a primeira parteira, a mais antiga?
Madrinha - Pra mim foi, que eu aprendi com ela. Ela fazia em mim, por mim, eu via ela fazendo em mim.
Adelise - Quantos filhos a senhora teve?
Madrinha - Eu tive 14. E ela foi quem... Só dois que eu não tive com ela. Fui pra maternidade no primeiro e o segundo tive na casa da minha mãe. Aí depois, foi só com ela mesmo. A família foi crescendo e eu não podia mais sair de casa e ela sabia fazer. Eu disse: - É aqui mesmo. O resto todos foi com ela.
Adelise - E quando é que começou a usar o Daime nos seus partos?
Madrinha - Meu mesmo, só tive o último com o Daime. Os outros todos nãousava Daime, ainda.
Adelise - Ela usava alguma erva?
Madrinha - Só usava o purgante de mamona com chá de hortelã, chá de sene...
Adelise - E as ervas pra fazer banho de assento?
Madrinha - E estas ervas que a gente fazia os banhos de assento... Só
isso.
Adelise - A senhora pode repetir pra mim?
Madrinha - Folha de algodão, casca de cajueiro. A gente bota pra cozinhar, faz aquele chá, uma pitada de sal, um óleo de andiroba, copaíba que a gente faz. Tudo isso é cicatrizante. Também as garrafadas de cachaça, tomilho, alfazema que a gente fazia. Outras ervas pra toda hora que tomava banho, tomava um dedinho, pra fazer uma limpeza por dentro. Nesse tempo que a gente não tomava Daime.
Lúcia - Então, está tendo uma transformação. Por exemplo, as mulheres que estão tendo nenê hoje, ficam até sentidas, porque elas não tem mais aquelas parteiras fortes como tinha... A Madrinha Cristina, a Maria Nogueira, parteira que a mulher confiava, sabia que o negócio era
curto. Hoje em dia não está tendo uma formação assim como a Mãinha que passou pra Madrinha Cristina. Não sei a madrinha Cristina já espalhou muito. Mas não sei se despertou uma como ela. As filhas dela são todas muito jeitosas, mas não sei se tem uma que tenha recebido da senhora o bastão, a vocação. Será?
Madrinha - A Sílvia, ela se dedica para as outras mulheres.
Adelise - Mas a Sílvia chega a fazer parto?
Madrinha - Sozinha não.
Lúcia - Sozinha não, mas ela tinha aquela presença, quando ela chega ela sabe administrar um Daime, ela sabe fazer uma massagem na mulher. São presenças, para um parto caseiro, muito importante. Faz uma reza, faz uma corrente, percebe no ambiente se a mulher esta esmorecendo. Parto em casa precisa da corrente das mulheres. Embora, que são partos
muito naturais, muito silenciosos. Tem uma coisa interessante, você só contagia com a presença da criança, diz o sexo, depois que a mulher desocupou. Antes disso o trabalho tá fechado ainda, nenê já nasceu. A madrinha também é muito jeitosa com o nenê. Mesmo que ela não esteja fazendo o parto, o pessoal quer que ela esteja ali pra pegar o nenê.
Parto normal, tudo bem ritualizado.
Adelise - O que é desocupar?
Madrinha - É a saída da placenta. Aí eu rezo uma prece:
"Minha Santa Margarida, não sou prenha
nem parida, me tira essas carne morta, que
eu tenho dentro da minha barriga, que eu
quero passar pelo rol das paridas."
Aí dá uma cutucadinha na placenta, na barriga...
Lúcia - Se for preciso, mais um Daimezinho.
Madrinha - Mais um Daimezinho... Manda se levantar um pouco, ficar em
pé um pouco também. Aí fico ali, dou um Daimezinho, dou massagem, mando
sentar de novo. A gente bota água quente num vaso, manda sentar em cima
e observar, quando demora... quando não demora. Logo... De repente vem.
Depois de sair, aí fica todo mundo animado. Aí a animação reina na
casa.
Lúcia - Tem um ritual também, quando o nenê tá nascendo a gente canta o
hino do Mestre Irineu.
Madrinha - Sol, Lua, Estrela. Quando ele vem apontando, vem saindo...
Shuuummm! Aí ele sai...
Lúcia - Então eu acho, que é mais uma força espiritual que chega. Na hora, ela tem o dom de curandeira, tem aquele olho bom pra saber o que precisa naquela hora. Que é mais essa sensibilidade... Não é uma coisa técnica.
Madrinha - A intuição é quem manda na hora, né.
Lúcia - A intuição não só pra parto, todo mundo quando tem nenê sente.
Madrinha - Os caboclos, revela tudo. As vezes tem muita gente que atua nos aparelhos, se vê os caboclos atuados, na hora que a gente tá no trabalho espiritual. A gente não sabe nem explicar, mas você, porque toma Daime, também sabe, e faz o parto também, sabe como é... Então, não tem nada pra explicar, já tá tudo dito.
Num outro momento da entrevista Lúcia canta um hino presenteado para a
Madrinha Cristina
Estou aqui, estou aqui,
Porque Deus me determina
Eu estou com a Virgem Mãe,
Meu Padrinho e minha Madrinha
Meu Padrinho e minha Madrinha
Eu quero vos agradecer
Por essas lindas palavras
Que me fez renascer
Na alegria e na esperança
Dentro do meu coração
De receber a vida
Através da respiração
Confia, confia, confia
Nas minhas palavras
Que há muito tempo eu deixei contigo
Através da linda mensagem
Mesmo com todo sofrimento
Não queira esmorecer
Te firma na vida nova
Que a mensagem vem dizer
Madrinha - É este o presente.
Lúcia - Na Nova Jerusalém, o hino que é o presente da madrinha Cristina é a Mensagem que fala da vida nova. Então aí, passado esse tempo... A Nonata, num trabalho forte dela, recebeu esta mensagem diretamente dele, do Padrinho Sebastião, pra entregar pra Madrinha, reforçando a fé, a esperança de uma cura, de uma melhora.
Madrinha - Acho que ele tá por aqui!
Madrinha Cristina contando um pouco da sua história
- A Madrinha Rita casou com o Padrinho Sebastião, ficaram morando lá...
E o Neo veio pra Rio Branco com o pai dele. A D. Maria Francisca das
Chagas e o pai dele, a Júlia, a Tetê e o Neo. Aí vieram morar lá no Rio
Branco, perto da gente. Aí eu conheci eles. E por aí começou tudo! Aí
casei com ele, com o Neo e fui morar na Colônia Cinco Mil. Aí o
Padrinho quis vir aonde estava o seu Idalino com sua família. E veio...
Quando ele chegou na Cinco Mil eu tava morando lá. Já tinha a primeira
filha que é a Sílvia. Foi quando eu conheci os dois, (Padrinho
Sebastião e Madrinha Rita).
Quando ele chegou eu já sofria muito, sofria de muita coisa e ninguém
sabia o que era. No fim, quando ele chegou, ele já trabalhava no
espiritual, sem Daime mesmo. Porque ele começou sem Daime. Com Daime
que ele recebeu mais coisas. Aí foi pra minha casa e lá ele viu e
começou a me tratar. Fazer aqueles trabalhos e tal... Então, eu senti
que fui melhorando daquelas coisas que me perseguiam. A gente quando é
espírita, as vezes nem dá fé, chegam aquelas coisas... leva pancada,
leva dor, e grita, e... As vezes são os espíritos... Daí pra cá ele foi
me desenvolvendo e tal. Aí fui melhorando e me agarrei com ele, segura
mesmo e tô aqui. Sofrendo mais sou feliz. Porque tenho ele no meu
coração, entreguei meu amor a ele. Embaixo de Deus, de Jesus e ele na
terra que me ensinou. Através de Jesus, mandaram tirar eu daquela
escuridão que é coisa ruim. Aí fiquei com ele. Depois ele entrou no
Daime, botou nós e eu tô feliz de tomar este líquido.
"Quem não provou, venha provar,
esta bebida que aqui está."
Tu conhece o meu hinário?
Adelise - Conheço. O Parto que fiz da Cristal, filha da Elisa e do
Roberto em Dois Irmãos, na primeira fase do trabalho de parto, nós
escutamos o seu hinário.
Madrinha - Ah!... Então, foi bom! É um pouco sofrido meu hinário... que
eu também sofri muito... até ver, sentir... mas tô bem...
Madrinha Cristina contando sobre sua família
- 14 filhos, 36 netos, 9 bisnetos e a vizinhança da comunidade que tem
umas quatrocentas pessoas. Quase todos me consideram como uma madrinha,
uma mãe. Aí, to aí... Nós que leva junto com a Madrinha Rita e o
Padrinho Alfredo. Não é fácil!
Adelise - A senhora chegou a fazer parto com os pais participando junto?
Madrinha - As vezes eles estão em casa, as vezes estão viajando.
Adelise - Quando estavam junto eles ajudavam?
Madrinha - Ajudam. Eu chamo pra segurar a mulher, pra eles ver também.
Pra eles ver o movimento da história como é e, pra sentir um pouco o
que uma mulher passa. Muita coisa, né? Pra dar valor ao nascimento.
Eles ficam contentes, tem deles que choram.
Adelise - A senhora percebeu alguma coisa excepcional que relacionou
com o fato de usar o Daime no parto?
Madrinha - Esse do nenê que nasceu de bunda, porque eu tenho isso como
um milagre. Um milagre que eu vi se realizar assim, de repente. Com isso a gente fica mais contente, né? Todo serviço com o Daime acaba ficando todo mundo bem, não dá hemorragia, a criança nasce bem, fica viva, graças a Deus tudo tem sido bem.
Adelise - Quando a senhora fazia parto, dava Daime para todos os que estavam na casa ou só para a mulher grávida?
Madrinha - Dou para os assistentes todos. Se tem três ou quatro pessoas, todos tomam.
Adelise - Mas não na mesma freqüência que a mulher grávida?
Madrinha - Não, ela é mais, e a gente que tá assistindo ali...É umas duas ou três pessoas no quarto, o restante fica lá fora pra o que a gente precisar, chamar. Mas todos tomam Daime, trabalhando na casa e o hinário rola, a gente bota as fitas pra tocar e então a gente canta. As
vezes tá com disposição e a gente fica cantando, é bom.
Adelise - Então, madrinha obrigada pelo seu tempo, onde a senhora contou um pouco da sua história, seu trabalho de parteira, dessa sua vocação.
Madrinha - Nada, eu é que agradeço de você escutar essas palavras
cansadas. Também que eu me acho um pouco cansada pra explicar, também
não sei conversar muito...
Adelise - Mas o que importa é sua sabedoria...
Madrinha - Mas a sabedoria divina que Deus me dá, eu... não tenho que
negar, não é?
Adelise - Isso mesmo, então, muito obrigada.
Madrinha - De nada querida. Que Deus abençoe você.
FONTE: Blog Alto das Estrelas
Por Adelise Noal Monteiro - médica e parteira
(Esta entrevista foi divulgada na lista "Hinos da Semana", do Cefluris, dia 8 de agosto de 2005. A autora participou do Painel Arte de Partejar apresentado através da Associação C.H.A.V.E. Centro de Harmonia, Amor e Verdade Espiritual, no Fórum Social Mundial de 2005, sediado em Porto Alegre. Adelise ganhou o I Prêmio Nacional Amigas do Parto 2005).
Adelise - Como começou seu trabalho de parteira? Como a senhora
aprendeu?
Madrinha - Rapaz!... o trabalho começou pela intuição, meu padrinho me mandou, pra eu fazer um parto com o Santo Daime e eu fiz. Chego lá, faço as minhas preces a Nossa Senhora do Bom Parto, acendo o ponto da vela junto com o Santo Daime e aí início, rezando a prece. Dou um pouquinho de Santo Daime pra mulher e nós ficamos ali, dando aquela assistência a ela conforme as contrações que ela vai sentindo. Porque às vezes vêm as contrações e não é a hora do parto. Quando dá a primeira dose do Santo Daime ele vem e controla. As vezes passa o dia, quando é no outro é que vai iniciar. As vezes é pra logo e então, em pouco tempo antes de terminar a vela o trabalho tá realizado. Aí eu dou a segunda dose, vem vindo as contrações e eu vou ajudando também. Quando chega a hora, o nenê vem fácil, eu pego. Depois vem a placenta.
Adelise - E os instrumentos?
Madrinha - Os instrumentos, eu mesma faço. Depois que nasce o nenê, eu não corto o cordão em seguida, deixo ele ali. Aí, vou rezando as minhas preces, mexendo na mulher manipulação do abdômen, massagens) pra placenta descer, quando ela desce, aí, eu vou e corto. Corto com tesoura, pinças que me deram. Amarro com um cordão, coloco o Santo Daime com algodão. Faço isso até cair. Todo dia molhar com Santo Daime.
Adelise - Como a Senhora aprendeu o ofício de parteira? Como foi seu primeiro parto? Quem lhe ensinou?
Madrinha - Eu assisti em mim mesma, que a minha sogra fez e eu prestava atenção. Depois eu já era ajudante dela.
Adelise - A sua sogra era uma parteira! Como era o nome dela?
Madrinha - Maria, Maria Francisca das Chagas, já faleceu.
Adelise - Morava no Mapiá?
Madrinha - Era a mãe do meu esposo, aí aprendi com ela. Ela foi ficando velha e passaram pra mim e eu fui fazendo e fui passando pra outras.
Adelise - Pra quem que a senhora passou?
Madrinha - As que estão com a gente. A Maria Brilhante, sua filha Osmarina também. A Dalvina e a Maria Francisca. Elas aprenderam com a mãe delas que também era parteira. A Maria Corrente. A Maria Nogueira a mais antiga, chamada para os partos mais complicados. Ela é rezadeira. A Silvia, minha filha e a Rosa acompanham, dão assistência as parteiras. Assim a gente vai aprendendo umas com as outras. A gente se reúne, aí fica junto (ficar junto com um sentimento de comunhão). E agora apareceu na nossa comunidade uma médica. Então, ela ajuda mais porque é médica.
Adelise - Quando uma mulher entra em trabalho de parto vocês vão juntas?
Madrinha - Não, vai uma ou duas pra auxiliar. Depois a gente vai lá fazer uma visitinha. Porque ninguém quer muita gente, é bom pouquinha gente pra dar assistência ali. A gente sempre se reúne e conversa quando tá junto, passando como é e tal... Aí cada uma tem as suas
entidades que acompanham a gente e que pode ajudar naquele trabalho.
Adelise - Nesse sentido espiritual, quem a senhora buscava quando fazia
os partos?
Madrinha - Rapaz!... Eu sempre busco Deus primeiramente nas alturas e
meu Padrinho foi quem me deu essa virtude aqui na terra.
Adelise - Padrinho Sebastião?
Madrinha - Sim, e também a minha sogra, porque eu aprendi com ela e eu sinto ela ao meu lado. E o meu protetor, que eu também tenho, o meu anjo da minha guarda, meu guia espiritual.
Adelise - Quantos partos a senhora fez?
Madrinha - Uns 50 partos. Aí parei. Quando me chamam eu boto outra, porque peguei esta doença aí. Ela tem DBPOC - doença pulmonar obstrutiva crônica. Pra fazer parto é preciso ser sadio. As vezes o nenê nascia e eu não tinha os aparelhos. Era preciso colocar a boca pra
tirar as secreções do nariz, puxar pra ele respirar. Eu fazia tudo isso porque não tinha os aparelhos.
Adelise - Quando tinha laceração do períneo, como fazia?
Madrinha - Ficava assim mesmo, fazia cozimento de ervas, banho de assento todo dia, de manhã e de tarde. Passava mercúrio e até o Santo Daime no local.
Adelise - Quais as plantas usadas?
Madrinha - Cajueiro, algodoeiro, as folhas. Ia cicatrizando, era assim, tudo naturalmente.
Adelise - A senhora teve algum problema de hemorragia no parto?
Madrinha - Graças a Deus não. Já nasceram dois nenês de bunda.
Adelise - A senhora nem sabia?...
Madrinha - Nem sabia, quando vi fiquei admirada. Mas aí tem que confiar. Botei a mulher num assento, num banquinho. Porque deitada é muito ruim. Ou até de pé mesmo. Seguro... A mulher faz força e mando abaixar... Uma delas, foi a filha do Padrinho e outra senhora lá. Mas
foi rápido, foi saindo, eu fui ajudando com a mão e com o dedo, na força... A gente pega... não é como no hospital... e dá assistência a mulher e o nenê durante 8 dias depois do parto. Fico cuidando do nenê, dando banho, cuidando do nenê até o umbigo cair. Só depois vai. Sendo perto de casa, a gente vai todo dia, até completar 8 dias.
Adelise - E fica durante todo trabalho de parto com a mulher ali?
Madrinha - Todo tempo. Ninguém sai. A gente fica, dá um purgante. Óleo de rícino e chá de laranja.
Adelise - Massagem a senhora faz?
Madrinha - Fazia sim. Apalpava... balanço nas cadeiras na hora da contração... É muito bom! As mulheres dizem:
- Ai Madrinha! Chega aqui!... Passa a mão aqui!... Que alívio!
Adelise - E o Daime, como a senhora avaliava a dose a ser tomada?
Madrinha - As vezes eu dava assim... Primeira dose dois dedos. Na primeira hora, se acelerava, dava mais um dedo. Se a contração aumentava, eu dava mais um pouco, um dedo, de meia em meia hora. As vezes é rápido. E tem vezes que depois da primeira dose, o Daime
acalma. Parece uma força de lua, uma coisa que o nenê tá sentindo. E as vezes passa uma noite e volta no outro dia e recomeça a tomar o Daime, e vem...
Adelise - E o período expulsivo como a senhora conduzia?
Madrinha - A hora que dá vontade de empurrar... Toma o Daime mais um
pouquinho... as vezes fica ali, vai e volta, e com o Daime... Tuft!... E sai mesmo. A placenta se demora, com o Daime sai. Vai balançando o cordão. E ela vem, se puxar... Aí, fica tudo limpinho. Peguei meus netos, todos os bisnetos e outros. Um punhado de gente. Eu sou a mamãe velha!...
Adelise - Quando a senhora fazia os partos, trabalhava com alguém lhe auxiliando?
Madrinha - Com uma filha ou sempre com a assistência daquelas que fazem
parto também, a Dalvina que a mãe dela também foi parteira. Nós duas juntas, era uma beleza! Ela tem a força dela, eu tenho a minha. A gente junta as duas forças. Ela sabe como é. Fica tudo mais fácil.
Adelise - A senhora nunca fez parto sem o Daime?
Madrinha - Nunca fiz. Só os meus, dos primeiros filhos foram sem Daime.
Adelise - Então a sua sogra já era parteira antes do Daime?
Madrinha - Depois que eu passei pro Daime, mudou o ritmo da gente com o Santo Daime. Tinha a bebida e era natural o nascer.
Adelise - Como a senhora combinava para fazer o parto? Acompanhava a gravidez ou era só na hora do parto?
Madrinha - As vezes eu tava em casa quando chegava alguém:
- Madrinha! Mandaram buscar a senhora para fazer um parto. E eu ia. As vezes nem conhecia. Ali no Purus. As vezes no trabalho de Daime começava e eu tinha que sair do trabalho para fazer o parto. Era assim, eu não dei assistência os nove meses. A gente dava umas orientações
quando elas pediam e algumas massagens. Só agora com a Guete, se faz isso. Ela é médica.
Adelise - E o material para fazer o parto?
Madrinha - A gente comprava uma tesourinha... queimava com álcool. O cordão umbilical prendia com cordão
Adelise - Quando aparecia uma mulher com parto complicado ou gravidez de risco, como vocês descobriam o problema?
Madrinha - A gente via e levava pra Boca do Acre. Mas eu, graças a Deus, no tempo que eu pegava menino, nunca tive este problema. Agora tem uma médica lá, que faz o encaminhamento, se precisar. Na floresta a gente tem que se socorrer com o Senhor Divino, com Deus e tomo Daime e expulso tudo. Muita gente sangra muito, toma Daime e fica bom.
Adelise - O que a senhora entende sobre a ação do Daime na hora do parto? Como ele funciona? Ajuda na força da contração, no alívio da dor, na mãe que fica calma?
Madrinha - Ele ajuda, funciona muito bem. A gente reza confiando em Deus, primeiramente, que está nas alturas e naquela bebida que a gente consagra, um Ser divino, na Virgem Mãe Soberana que é nossa guia. Nós chamamos pela Virgem Soberana Mãe e o Nosso Patriarca, e eles vêm nos ajudar. E eu acho que ele dá aquela força muito boa, expulsa muito bem,
cuida muito bem. Porque o invisível é coisa que a gente não vê. Ele chega e faz o trabalho e você fica até admirada! Agora, o invisível é coisa que a gente não pode explicar pra ninguém. A Nossa Santa Maria, a Nossa Santa Mãe de Deus que nos ajuda a dar calma e paciência e é a
Nossa Diretora de todo nosso trabalho, que sem a Mãe nós não somos nada. Só é com o Pai, a Mãe e o Filho e o Espírito Santo que é o Divino e com esses nós estamos aqui. Não posso dizer que não estou com estes seres porque é quem nos acompanha. Consagro no meu coração e serei eternamente filha de Deus.
- Desculpe sou chorona! Me emocionei...
Adelise - Não Madrinha, a senhora é uma flor! É que o parto tem uma intensidade emocional muito grande, então, a senhora, lembrando de tudo...
Madrinha - É coisa muito fina mesmo, a gente ali tá, chega na hora do parto, a responsável por tudo é a gente e na floresta principalmente. Por isso que eu digo, eu confio nos seres que me acompanham. Se eu não confiasse, eu não faria. Por que eu não sei, quem sabe é ele, o Daime. Ele me ensina, e eu faço. E aí, eu apresento o saber que ele me ensina!
Adelise - A senhora chegou a fazer partos em mulheres que não eram do Santo Daime? Ou todas sempre eram da comunidade?
Madrinha - Não, eu fiz sem ser do Santo Daime.
Adelise - Então a senhora levava o Daime pra elas tomarem?
Madrinha - Levava, se ela quisesse com o Daime eu fazia, se não quisesse eu não fazia. Só se o menino estivesse saindo eu pegava, mas dizia também que eu não era responsável.Com o Daime, eu sou. – Quer tomar o Daime? Se ela falava quero... Então, tomou... Aí eu ficava tudo bem, aí muda tudo, Porque a gente tá com o Daime e ele é quem... Mais sem o Daime... Rapaz! Sem o Daime, eu não faço parto não! Se ela diz: -
Eu quero. Aí eu dou.
Adelise - As que não eram da comunidade e tomavam o Daime no trabalho de parto, como reagiram, o que elas disseram?
Madrinha - Muito bem, se sentiram muito bem, carinhosas!... Também eu dou de conformidade porque eu não vou... Eu dou pra ajudar a fazer o parto. Depois, se ela quiser continuar, né... Se não quiser... As vezes continua, as vezes não. Só vem na hora da história mesmo e deixa... Isso é de cada um, mas o meu trabalho, eu só apresento com ele.
Adelise - Quais são as outras coisas que a senhora faz durante o trabalho de parto?
Madrinha - Defumação. Eu faço aquela defumação no quarto. "Defuma esta casa bem defumada, com a cruz de Deus ela vai ser rezada". Aí a gente defuma todo quarto, defuma a mulher também. Isso é uma ajuda espiritual. Afasta também aqueles espíritos que estão ali nos arrodeando para incorporar naquele ser que vai nascer. A gente fica chamando as coisas boas, cantando hinário, liga o gravador, cantando os nossos hinos, as nossas chamadas. Boto o hinário do Padrinho Sebastião, da Madrinha Rita, bota do Mestre Irineu, do Padrinho Alfredo, aí vem chamando até que chega o nenezinho. Todo mundo feliz, satisfeito. Então esta defumação, são as ervas que nos ajudam a afastar as coisas ruins que nos arrodeiam. A gente só chama coisa boa.
Adelise - A senhora lembra de algum parto que lhe chamou mais atenção e que quisesse contar pra nós?
Madrinha - Só esse mesmo de dois, que precisou ir na maternidade. Lá na Cinco Mil ainda -perto de Rio Branco, no Acre. Porque teve o primeiro, foi normal, mas o segundo quando veio, eu não tinha feito nenhum parto assim de dois. Ele botou só a mão e eu não sabia movimentar nem nada, ainda até levei lá. O médico tinha dito pra mulher que um estava bem e o outro atravessado, que ela fosse ter no hospital, mas ela não queria ir. Aí eu disse, vou pegar o menino, mas se houver um problema na hora eu mando levar e assim a gente fez. Levamos, teve que operar.
Adelise - Deu tempo de salvar o nenê?
Madrinha - Não, quando chegou lá, ele faleceu. Só esse, por aí eu fui ficando meio... Esse negócio de dois eu não quis saber não. Mas já faz anos, foi quando eu comecei. Agora já os meninos, tá tudo grandão, os que eu peguei. Só esse, o resto tudo foi bem.
Adelise - Quanto tempo faz que a senhora parou de fazer parto?
Madrinha - Acho que foi do Artur o último. Faz 7 anos. Lúcia Arruda (acompanhante da Madrinha) - Mais sempre ela dá assistência.
Madrinha - Uma assistenciazinha ali...
Lúcia - O pessoal confia muito.
Madrinha - De eu estar lá.
Lúcia - O pessoal pede, mesmo que a senhora não pegue, esteja perto.
Que ela dá ajuda as parteiras mais novas, então, mesmo que ela não
esforce...
Adelise - Ela dá segurança.
Madrinha - Dou segurança ali.
Lúcia - "Faz isso menina. Manda a mulher pra deitar." Eu já vi ela fazer esse trabalho, e sei que é muita intuição. Ela tem muito jeito. Pra cada caso... não é uma coisa técnica, igual pra todas. Ela tem aquela sensibilidade para saber o que a mulher precisa. Mulheres mais
agitadas, ela consegue acalmar. Mulheres que são mais moles, ela já agita pra mulher não dormir. Ela tem a sensibilidade pra saber se está perto, se vai demorar, coisas que o olho dela vê. O olho já espiritualizado nesse sentido. As vezes, é engraçado, ela descobre quando a mulher tá grávida e a mulher nem sabe ainda. As próprias mulheres que estão gestantes confiam muito nela, as vezes mais que em médico. Então, isso não deixou que ela deixasse de vez, se aposentasse dessa tarefa. Tem casos que a mulher grávida diz: "Madrinha, eu quero
que a senhora esteja. A senhora tem que estar!" Ultimamente ela não tava nem bem, com falta de ar. Uma mulher foi ter nenê, foi preciso ela ir, foram buscar. Foi ela botar o pé lá. O nenê foi nascendo. Só a presença dela assim dando força, sabendo dar uma dose boa de Daime.
Porque o Daime sabe, na hora da contração. Aí o Daime vai, e dá pra mulher o que ela precisa. A calma ou a força, e a Madrinha tem muito essa sensibilidade intuitiva. Quando começou a chegar a medicina, eu notei que as próprias parteiras ficaram mais inseguras. Quando era só elas na comunidade, não tinha pra onde correr, só elas mesmas. Mas agora como chegou médico, elas já ficam mais inseguras ou as próprias gestantes também ficam mais medrosas. Tudo isso tem. Chegou uma modernidade e as próprias gestantes vão procurar o centro médico, têm medo, vão fazer cesariana essas coisas todas que chegou.
Madrinha - Mas a Guete (médica da comunidade) também é com o Daime. Ela entra com a gente também. Ela dá uma força também. Se precisar cortar ela sabe, pontear também. A gente dá a assistência pras irmãs, mas nenhuma de nós temos documento de ser parteira profissional. Só parteira da nossa comunidade. A gente é chamada pra aqui e acolá, e a
gente vai.
Adelise - A senhora sabe se já tem uma parteira do Daime no Juruá?
Madrinha - Sei não, eu fui lá só uma vez, logo quando começou, quando abriu. Agora nunca mais. Mais elas normalmente andam umas com as outras, as irmãs nossas com as outras caboclas. Tem muita velha, idosa, antiga. Isso tudo é velho e sabido. Lá é que é bom fazer essas coisas com aquelas velhas lá. Ir lá, dá uma viajada lá, É uma beleza assim... De conhecer, vai lá você um dia, mais a turma aí. Pois é, tem que dar uma combinada aí com o Padrinho Alfredo e vai fazer estes trabalhos lá.
Adelise - E a Madrinha Rita tem este ofício?
Madrinha - Não, parteira não. Ela tinha a mãe dela que era minha sogra, mãe do Neo que era parteira.
Lúcia - Já é falecida a Mãinha, mãe da madrinha Rita e do Padrinho Neo. Ela que era a grande parteira da família que ensinou pra Madrinha Cristina.
Adelise - Como era o nome dela?
Madrinha - Maria Francisca das Chagas.
Lúcia - Ela tinha todo material necessário. Uma balancinha.
Madrinha - Quem tinha era a Dona Maria Corrente, mãe da Dalvina. Quando ela faleceu passou pra mim. Ganhei dela. Mas a gente dá pra uma, dá pra outra, e quando vê, perderam. A Dona Maria Corrente tinha a bolsa que ela fez lá em Rio Branco.
Adelise - Ela fez um curso de parteira?
Madrinha - Eu acho que sim, que ganhou a bolsa... Mas tá bom. Depois vocês... Pra frente todos chega... Uma nova documentação...
Adelise - Então, a Maria Francisca da Chagas, mãe da Mad. Rita, Pad. Neo e Mad. Júlia é quem a senhora considera como sendo a primeira parteira, a mais antiga?
Madrinha - Pra mim foi, que eu aprendi com ela. Ela fazia em mim, por mim, eu via ela fazendo em mim.
Adelise - Quantos filhos a senhora teve?
Madrinha - Eu tive 14. E ela foi quem... Só dois que eu não tive com ela. Fui pra maternidade no primeiro e o segundo tive na casa da minha mãe. Aí depois, foi só com ela mesmo. A família foi crescendo e eu não podia mais sair de casa e ela sabia fazer. Eu disse: - É aqui mesmo. O resto todos foi com ela.
Adelise - E quando é que começou a usar o Daime nos seus partos?
Madrinha - Meu mesmo, só tive o último com o Daime. Os outros todos nãousava Daime, ainda.
Adelise - Ela usava alguma erva?
Madrinha - Só usava o purgante de mamona com chá de hortelã, chá de sene...
Adelise - E as ervas pra fazer banho de assento?
Madrinha - E estas ervas que a gente fazia os banhos de assento... Só
isso.
Adelise - A senhora pode repetir pra mim?
Madrinha - Folha de algodão, casca de cajueiro. A gente bota pra cozinhar, faz aquele chá, uma pitada de sal, um óleo de andiroba, copaíba que a gente faz. Tudo isso é cicatrizante. Também as garrafadas de cachaça, tomilho, alfazema que a gente fazia. Outras ervas pra toda hora que tomava banho, tomava um dedinho, pra fazer uma limpeza por dentro. Nesse tempo que a gente não tomava Daime.
Lúcia - Então, está tendo uma transformação. Por exemplo, as mulheres que estão tendo nenê hoje, ficam até sentidas, porque elas não tem mais aquelas parteiras fortes como tinha... A Madrinha Cristina, a Maria Nogueira, parteira que a mulher confiava, sabia que o negócio era
curto. Hoje em dia não está tendo uma formação assim como a Mãinha que passou pra Madrinha Cristina. Não sei a madrinha Cristina já espalhou muito. Mas não sei se despertou uma como ela. As filhas dela são todas muito jeitosas, mas não sei se tem uma que tenha recebido da senhora o bastão, a vocação. Será?
Madrinha - A Sílvia, ela se dedica para as outras mulheres.
Adelise - Mas a Sílvia chega a fazer parto?
Madrinha - Sozinha não.
Lúcia - Sozinha não, mas ela tinha aquela presença, quando ela chega ela sabe administrar um Daime, ela sabe fazer uma massagem na mulher. São presenças, para um parto caseiro, muito importante. Faz uma reza, faz uma corrente, percebe no ambiente se a mulher esta esmorecendo. Parto em casa precisa da corrente das mulheres. Embora, que são partos
muito naturais, muito silenciosos. Tem uma coisa interessante, você só contagia com a presença da criança, diz o sexo, depois que a mulher desocupou. Antes disso o trabalho tá fechado ainda, nenê já nasceu. A madrinha também é muito jeitosa com o nenê. Mesmo que ela não esteja fazendo o parto, o pessoal quer que ela esteja ali pra pegar o nenê.
Parto normal, tudo bem ritualizado.
Adelise - O que é desocupar?
Madrinha - É a saída da placenta. Aí eu rezo uma prece:
"Minha Santa Margarida, não sou prenha
nem parida, me tira essas carne morta, que
eu tenho dentro da minha barriga, que eu
quero passar pelo rol das paridas."
Aí dá uma cutucadinha na placenta, na barriga...
Lúcia - Se for preciso, mais um Daimezinho.
Madrinha - Mais um Daimezinho... Manda se levantar um pouco, ficar em
pé um pouco também. Aí fico ali, dou um Daimezinho, dou massagem, mando
sentar de novo. A gente bota água quente num vaso, manda sentar em cima
e observar, quando demora... quando não demora. Logo... De repente vem.
Depois de sair, aí fica todo mundo animado. Aí a animação reina na
casa.
Lúcia - Tem um ritual também, quando o nenê tá nascendo a gente canta o
hino do Mestre Irineu.
Madrinha - Sol, Lua, Estrela. Quando ele vem apontando, vem saindo...
Shuuummm! Aí ele sai...
Lúcia - Então eu acho, que é mais uma força espiritual que chega. Na hora, ela tem o dom de curandeira, tem aquele olho bom pra saber o que precisa naquela hora. Que é mais essa sensibilidade... Não é uma coisa técnica.
Madrinha - A intuição é quem manda na hora, né.
Lúcia - A intuição não só pra parto, todo mundo quando tem nenê sente.
Madrinha - Os caboclos, revela tudo. As vezes tem muita gente que atua nos aparelhos, se vê os caboclos atuados, na hora que a gente tá no trabalho espiritual. A gente não sabe nem explicar, mas você, porque toma Daime, também sabe, e faz o parto também, sabe como é... Então, não tem nada pra explicar, já tá tudo dito.
Num outro momento da entrevista Lúcia canta um hino presenteado para a
Madrinha Cristina
Estou aqui, estou aqui,
Porque Deus me determina
Eu estou com a Virgem Mãe,
Meu Padrinho e minha Madrinha
Meu Padrinho e minha Madrinha
Eu quero vos agradecer
Por essas lindas palavras
Que me fez renascer
Na alegria e na esperança
Dentro do meu coração
De receber a vida
Através da respiração
Confia, confia, confia
Nas minhas palavras
Que há muito tempo eu deixei contigo
Através da linda mensagem
Mesmo com todo sofrimento
Não queira esmorecer
Te firma na vida nova
Que a mensagem vem dizer
Madrinha - É este o presente.
Lúcia - Na Nova Jerusalém, o hino que é o presente da madrinha Cristina é a Mensagem que fala da vida nova. Então aí, passado esse tempo... A Nonata, num trabalho forte dela, recebeu esta mensagem diretamente dele, do Padrinho Sebastião, pra entregar pra Madrinha, reforçando a fé, a esperança de uma cura, de uma melhora.
Madrinha - Acho que ele tá por aqui!
Madrinha Cristina contando um pouco da sua história
- A Madrinha Rita casou com o Padrinho Sebastião, ficaram morando lá...
E o Neo veio pra Rio Branco com o pai dele. A D. Maria Francisca das
Chagas e o pai dele, a Júlia, a Tetê e o Neo. Aí vieram morar lá no Rio
Branco, perto da gente. Aí eu conheci eles. E por aí começou tudo! Aí
casei com ele, com o Neo e fui morar na Colônia Cinco Mil. Aí o
Padrinho quis vir aonde estava o seu Idalino com sua família. E veio...
Quando ele chegou na Cinco Mil eu tava morando lá. Já tinha a primeira
filha que é a Sílvia. Foi quando eu conheci os dois, (Padrinho
Sebastião e Madrinha Rita).
Quando ele chegou eu já sofria muito, sofria de muita coisa e ninguém
sabia o que era. No fim, quando ele chegou, ele já trabalhava no
espiritual, sem Daime mesmo. Porque ele começou sem Daime. Com Daime
que ele recebeu mais coisas. Aí foi pra minha casa e lá ele viu e
começou a me tratar. Fazer aqueles trabalhos e tal... Então, eu senti
que fui melhorando daquelas coisas que me perseguiam. A gente quando é
espírita, as vezes nem dá fé, chegam aquelas coisas... leva pancada,
leva dor, e grita, e... As vezes são os espíritos... Daí pra cá ele foi
me desenvolvendo e tal. Aí fui melhorando e me agarrei com ele, segura
mesmo e tô aqui. Sofrendo mais sou feliz. Porque tenho ele no meu
coração, entreguei meu amor a ele. Embaixo de Deus, de Jesus e ele na
terra que me ensinou. Através de Jesus, mandaram tirar eu daquela
escuridão que é coisa ruim. Aí fiquei com ele. Depois ele entrou no
Daime, botou nós e eu tô feliz de tomar este líquido.
"Quem não provou, venha provar,
esta bebida que aqui está."
Tu conhece o meu hinário?
Adelise - Conheço. O Parto que fiz da Cristal, filha da Elisa e do
Roberto em Dois Irmãos, na primeira fase do trabalho de parto, nós
escutamos o seu hinário.
Madrinha - Ah!... Então, foi bom! É um pouco sofrido meu hinário... que
eu também sofri muito... até ver, sentir... mas tô bem...
Madrinha Cristina contando sobre sua família
- 14 filhos, 36 netos, 9 bisnetos e a vizinhança da comunidade que tem
umas quatrocentas pessoas. Quase todos me consideram como uma madrinha,
uma mãe. Aí, to aí... Nós que leva junto com a Madrinha Rita e o
Padrinho Alfredo. Não é fácil!
Adelise - A senhora chegou a fazer parto com os pais participando junto?
Madrinha - As vezes eles estão em casa, as vezes estão viajando.
Adelise - Quando estavam junto eles ajudavam?
Madrinha - Ajudam. Eu chamo pra segurar a mulher, pra eles ver também.
Pra eles ver o movimento da história como é e, pra sentir um pouco o
que uma mulher passa. Muita coisa, né? Pra dar valor ao nascimento.
Eles ficam contentes, tem deles que choram.
Adelise - A senhora percebeu alguma coisa excepcional que relacionou
com o fato de usar o Daime no parto?
Madrinha - Esse do nenê que nasceu de bunda, porque eu tenho isso como
um milagre. Um milagre que eu vi se realizar assim, de repente. Com isso a gente fica mais contente, né? Todo serviço com o Daime acaba ficando todo mundo bem, não dá hemorragia, a criança nasce bem, fica viva, graças a Deus tudo tem sido bem.
Adelise - Quando a senhora fazia parto, dava Daime para todos os que estavam na casa ou só para a mulher grávida?
Madrinha - Dou para os assistentes todos. Se tem três ou quatro pessoas, todos tomam.
Adelise - Mas não na mesma freqüência que a mulher grávida?
Madrinha - Não, ela é mais, e a gente que tá assistindo ali...É umas duas ou três pessoas no quarto, o restante fica lá fora pra o que a gente precisar, chamar. Mas todos tomam Daime, trabalhando na casa e o hinário rola, a gente bota as fitas pra tocar e então a gente canta. As
vezes tá com disposição e a gente fica cantando, é bom.
Adelise - Então, madrinha obrigada pelo seu tempo, onde a senhora contou um pouco da sua história, seu trabalho de parteira, dessa sua vocação.
Madrinha - Nada, eu é que agradeço de você escutar essas palavras
cansadas. Também que eu me acho um pouco cansada pra explicar, também
não sei conversar muito...
Adelise - Mas o que importa é sua sabedoria...
Madrinha - Mas a sabedoria divina que Deus me dá, eu... não tenho que
negar, não é?
Adelise - Isso mesmo, então, muito obrigada.
Madrinha - De nada querida. Que Deus abençoe você.
FONTE: Blog Alto das Estrelas
O consumo da ayahuasca por mulheres grávidas, em período de amamentação e por crianças é um dos capítulos mais polêmicos do uso da ayahuasca no Brasil. Embora o governo brasileiro tenha reconhecido, na última resolução de 2004, o direito de uso da ayahuasca por menores de idade e grávidas em contexto religioso, o assunto continua despertando controvérsia e permanece muito pouco discutido na literatura.
Na linha do Cefluris/Santo Daime, o Daime é consumido, ao lado de outras ervas medicinais, durante o parto, que é geralmente conduzido por parteiras locais. A criança recebe uma gota simbólica de Daime por ocasião de seu batismo e depois passa a participar de cerimônias especiais voltadas para crianças e, em seguida, para adolescentes, chamadas respectivamente de “trabalho de crianças” e “trabalho de jovens”.
Em linhas gerais, pode-se dizer que o consumo do Daime por menores de idade se dá em conjunção com a criação de uma identidade religiosa, mediada pelo aumento progressivo das doses segundo aspectos individuais (características pessoais do jovem) e determinados valores culturais grupais. Faz-se necessário a realização urgente de pesquisas etnográficas e biomédicas sobre este tema.
Veja abaixo algumas das resoluções oficiais e notícias sobre pesquisas em andamento ou concluídas sobre o consumo da substância por grávidas e menores de idade. Em seguida, leia uma entrevista com a Madrinha Cristina, parteira do Cefluris/Santo Daime, importante liderança daquela comunidade (hoje falecida), onde ela narra a utilização do Daime durante os partos.
A Resolução Nº 4-CONAD, de 4 de novembro de 2004, postula:
"CONSIDERANDO que a participação no uso religioso da ayahuasca, de crianças e mulheres grávidas, deve permanecer como objeto de recomendação aos pais, no adequado exercício do poder familiar (art. 1.634 do Código Civil), e às grávidas, de que serão sempre responsáveis pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, à preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro;"
O Relatório final do Grupo Multidisciplinar de Trabalho - GMT Ayahuasca - do Conad, apresentado em 23.11.2006, afirma:
"IV.VIII – USO DA AYAHUASCA POR MENORES E GRÁVIDAS.
"GRÁVIDAS
35. Tendo em vista a inexistência de suficientes evidências cientificas e levando em conta a utilização secular da Ayahuasca, que não demonstrou efeitos danosos à saúde, e os termos da Resolução nº 05/04, do CONAD, o uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634 do CC); e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro."
Não ha notícias de pesquisa sobre o uso da ayahuasca por grávidas e em fetos e crianças. No site da União do Vegetal (UDV), há a seguinte informação sobre uma pesquisa em andamento, entitulada "Efeitos da Hoasca na Gestação":
"Com o objetivo de investigar os efeitos do chá Hoasca na gestação e no desenvolvimento de crianças nascidas de mães que o utilizaram durante a gravidez, um grupo de profissionais de saúde da UDV ligados ao Demec realizou na cidade de Fortaleza, Ceará, um estudo piloto retrospectivo. Através de entrevistas e aplicação de questionários e testes, procurou-se estabelecer a ocorrência de patologias obstétricas entre aquelas gestantes, além de avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças nascidas dessas gestações. Os resultados obtidos necessitam de avaliação metodológica crítica e tratamento estatístico adequado para serem publicados". Não foi possível obter maiores informações sobre o andamento desta pesquisa.
FONTE: Blog Alto das Estrelas
Na linha do Cefluris/Santo Daime, o Daime é consumido, ao lado de outras ervas medicinais, durante o parto, que é geralmente conduzido por parteiras locais. A criança recebe uma gota simbólica de Daime por ocasião de seu batismo e depois passa a participar de cerimônias especiais voltadas para crianças e, em seguida, para adolescentes, chamadas respectivamente de “trabalho de crianças” e “trabalho de jovens”.
Em linhas gerais, pode-se dizer que o consumo do Daime por menores de idade se dá em conjunção com a criação de uma identidade religiosa, mediada pelo aumento progressivo das doses segundo aspectos individuais (características pessoais do jovem) e determinados valores culturais grupais. Faz-se necessário a realização urgente de pesquisas etnográficas e biomédicas sobre este tema.
Veja abaixo algumas das resoluções oficiais e notícias sobre pesquisas em andamento ou concluídas sobre o consumo da substância por grávidas e menores de idade. Em seguida, leia uma entrevista com a Madrinha Cristina, parteira do Cefluris/Santo Daime, importante liderança daquela comunidade (hoje falecida), onde ela narra a utilização do Daime durante os partos.
A Resolução Nº 4-CONAD, de 4 de novembro de 2004, postula:
"CONSIDERANDO que a participação no uso religioso da ayahuasca, de crianças e mulheres grávidas, deve permanecer como objeto de recomendação aos pais, no adequado exercício do poder familiar (art. 1.634 do Código Civil), e às grávidas, de que serão sempre responsáveis pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, à preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro;"
O Relatório final do Grupo Multidisciplinar de Trabalho - GMT Ayahuasca - do Conad, apresentado em 23.11.2006, afirma:
"IV.VIII – USO DA AYAHUASCA POR MENORES E GRÁVIDAS.
"GRÁVIDAS
35. Tendo em vista a inexistência de suficientes evidências cientificas e levando em conta a utilização secular da Ayahuasca, que não demonstrou efeitos danosos à saúde, e os termos da Resolução nº 05/04, do CONAD, o uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634 do CC); e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro."
Não ha notícias de pesquisa sobre o uso da ayahuasca por grávidas e em fetos e crianças. No site da União do Vegetal (UDV), há a seguinte informação sobre uma pesquisa em andamento, entitulada "Efeitos da Hoasca na Gestação":
"Com o objetivo de investigar os efeitos do chá Hoasca na gestação e no desenvolvimento de crianças nascidas de mães que o utilizaram durante a gravidez, um grupo de profissionais de saúde da UDV ligados ao Demec realizou na cidade de Fortaleza, Ceará, um estudo piloto retrospectivo. Através de entrevistas e aplicação de questionários e testes, procurou-se estabelecer a ocorrência de patologias obstétricas entre aquelas gestantes, além de avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças nascidas dessas gestações. Os resultados obtidos necessitam de avaliação metodológica crítica e tratamento estatístico adequado para serem publicados". Não foi possível obter maiores informações sobre o andamento desta pesquisa.
FONTE: Blog Alto das Estrelas
Marcadores: gestação