Em Portugal, quase um terço dos partos já são cesarianas
escrito por: Tricia em terça-feira, março 27, 2007 às 9:27 AM.
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22.03.2007 - 09h08 Catarina Gomes
A proporção de partos por cesariana continua a aumentar. Os indicadores de 2006 do Ministério da Saúde revelam que 32 por cento dos partos feitos em hospitais públicos portugueses foram por acto cirúrgico, um acréscimo de 5,4 por cento face a 2004.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha 15 por cento e a meta traçada pelo Governo para 2010 situa-se nos 20 por cento.
O Plano Nacional de Saúde, documento estratégico do Governo com as metas para 2010, partia de uma taxa de cesarianas de 24 por cento (dados de 2001). Se nada fosse feito para travar o aumento esperava-se que chegasse aos 28 por cento em 2010; com medidas correctivas pretende-se que o valor nesse ano desça para 20 por cento. O documento constata que "a maior parte dos partos são realizados nos hospitais do SNS (mais de 90 por cento), com taxas de cesarianas demasiado elevadas, superiores a 20 por cento".
Mas a OMS aconselha valores ainda mais baixos pelo facto de a cesariana poder ter "efeitos negativos" e estar-se "a sobremedicalizar um acontecimento normal na vida da mulher".
Em 2004 a proporção de cesarianas em Portugal era de 30,3 por cento, subiu para 31,6 em 2005 e no ano passado chegou aos 32 por cento. Mas em números absolutos tanto o número de partos como o de cesarianas tem vindo a descer, traduzindo a descida de natalidade.
No ano passado fizeram-se 87.631 partos em hospitais públicos, uma descida de 4,6 por cento face a 2004 (91.849). Os números totais de cesariana acompanham a tendência, mas de forma mais ligeira: foram apenas menos 29 (menos 0,1 por cento).
Existe uma percentagem de cesarianas com indicação médica absoluta, mas Luís Graça, presidente do colégio de especialidade da Ordem dos Médicos de ginecologia e obstetrícia, admite que algumas são medicamente desnecessárias.
O médico defende, contudo, que taxas em torno dos 30 por cento não estão desfasadas de países como os Estados Unidos. E os 32 por cento nacionais não reflectem, por exemplo, a sua experiência de terreno como director do bloco de partos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Aí, as cesarianas têm diminuído, estando nos 28 por cento. Explica que há "uma acção pedagógica com os profissionais", de modo "a não se fazerem cesarianas desnecessárias".
Mães mais velhas
Mas mesmo com todos os esforços acredita que não irá muito abaixo dos 25 por cento. Até porque a própria tendência de ter mães mais velhas (em torno dos 40 anos) aumenta a probabilidade de ter que se recorrer à cesariana. "A anatomia não é a mesma aos 20 e aos 40 anos", sublinha.
A falta de médicos e enfermeiros disponíveis para as urgências obstétricas é um dos factores que pode explicar este aumento, defende o director do serviço de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, Manuel Hermida.
"A diminuição do número de profissionais nos blocos de parto condiciona as oportunidade para o parto vaginal", que podem arrastar-se durante horas. Há menos tempo e tranquilidade para dar à mulher a hipótese de esperar pelo parto natural, nota. Ao mesmo tempo a mulher muitas vezes quer ter o parto com o médico que a assistiu e que está de urgência até determinada hora.
FONTE: Publico PT
A proporção de partos por cesariana continua a aumentar. Os indicadores de 2006 do Ministério da Saúde revelam que 32 por cento dos partos feitos em hospitais públicos portugueses foram por acto cirúrgico, um acréscimo de 5,4 por cento face a 2004.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha 15 por cento e a meta traçada pelo Governo para 2010 situa-se nos 20 por cento.
O Plano Nacional de Saúde, documento estratégico do Governo com as metas para 2010, partia de uma taxa de cesarianas de 24 por cento (dados de 2001). Se nada fosse feito para travar o aumento esperava-se que chegasse aos 28 por cento em 2010; com medidas correctivas pretende-se que o valor nesse ano desça para 20 por cento. O documento constata que "a maior parte dos partos são realizados nos hospitais do SNS (mais de 90 por cento), com taxas de cesarianas demasiado elevadas, superiores a 20 por cento".
Mas a OMS aconselha valores ainda mais baixos pelo facto de a cesariana poder ter "efeitos negativos" e estar-se "a sobremedicalizar um acontecimento normal na vida da mulher".
Em 2004 a proporção de cesarianas em Portugal era de 30,3 por cento, subiu para 31,6 em 2005 e no ano passado chegou aos 32 por cento. Mas em números absolutos tanto o número de partos como o de cesarianas tem vindo a descer, traduzindo a descida de natalidade.
No ano passado fizeram-se 87.631 partos em hospitais públicos, uma descida de 4,6 por cento face a 2004 (91.849). Os números totais de cesariana acompanham a tendência, mas de forma mais ligeira: foram apenas menos 29 (menos 0,1 por cento).
Existe uma percentagem de cesarianas com indicação médica absoluta, mas Luís Graça, presidente do colégio de especialidade da Ordem dos Médicos de ginecologia e obstetrícia, admite que algumas são medicamente desnecessárias.
O médico defende, contudo, que taxas em torno dos 30 por cento não estão desfasadas de países como os Estados Unidos. E os 32 por cento nacionais não reflectem, por exemplo, a sua experiência de terreno como director do bloco de partos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Aí, as cesarianas têm diminuído, estando nos 28 por cento. Explica que há "uma acção pedagógica com os profissionais", de modo "a não se fazerem cesarianas desnecessárias".
Mães mais velhas
Mas mesmo com todos os esforços acredita que não irá muito abaixo dos 25 por cento. Até porque a própria tendência de ter mães mais velhas (em torno dos 40 anos) aumenta a probabilidade de ter que se recorrer à cesariana. "A anatomia não é a mesma aos 20 e aos 40 anos", sublinha.
A falta de médicos e enfermeiros disponíveis para as urgências obstétricas é um dos factores que pode explicar este aumento, defende o director do serviço de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, Manuel Hermida.
"A diminuição do número de profissionais nos blocos de parto condiciona as oportunidade para o parto vaginal", que podem arrastar-se durante horas. Há menos tempo e tranquilidade para dar à mulher a hipótese de esperar pelo parto natural, nota. Ao mesmo tempo a mulher muitas vezes quer ter o parto com o médico que a assistiu e que está de urgência até determinada hora.
FONTE: Publico PT
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