VERGONHA NA SAÚDE (2/7/2006)
A cesárea é um procedimento cirúrgico desenvolvido para salvar a vida da mãe e/ou da criança, quando ocorrem complicações durante a gravidez ou do parto.
A cesárea não é isenta de riscos, estando associada, no Brasil e em outros países, a maior morbi-mortalidade materna e infantil, quando comparada ao parto vaginal. A escolha de qualquer intervenção médica, em termos éticos, deve basear-se no balanço entre riscos e benefícios. Na maioria dos continentes, no entanto, a cesárea tem sido abusiva, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Porto Rico e no Brasil. Eles ultrapassaram, a partir dos anos 80, o índice de 15% considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a taxa máxima aceitável de cesárea.
Se EUA, Canadá, Porto Rico e Brasil ultrapassam os índices recomendados pela OMS, a maioria dos países europeus, na mesma época, apresentou taxas entre 10% e 14%, com exceção da Holanda, onde o sistema de atenção ao parto privilegia o atendimento domiciliar e conta com a participação efetiva de parteiras. Ali, as taxas foram próximas a 7%. O grande número de cesarianas realizadas na América Latina aumenta o risco de mortes e complicações pós-parto para as mães e bebês. A conclusão é de um estudo que a OMS publicou na revista médica ´The Lancet´.
Segundo os dados coletados, as mortes pós-parto subiram em até 20% com o aumento do número de cesarianas. O estudo selecionou aleatoriamente 120 hospitais públicos e privados em oito países: Argentina, Brasil, Cuba, Equador, México, Nicarágua, Paraguai e Peru. Um terço dos 97 mil partos analisados durante o período do estudo foi realizado por cesariana. Segundo a análise, os hospitais com o maior número de partos realizados por meio de cesarianas eram os que apresentavam maiores taxas de doenças maternas, mortes e uso de antibióticos após a gravidez.
No trabalho feito pela OMS, foram observados 15 hospitais públicos e quatro privados no Brasil. Nesses hospitais, notou-se um volume de cesarianas próximo da média da região, de 33%. Os hospitais privados tiveram uma média maior do que os públicos. Ainda segundo o estudo, em países como México e Equador essa taxa foi muito maior. No México, por exemplo, nos hospitais privados observados, as cesarianas chegam a
80% dos partos realizados.
No Brasil como um todo, segundo números oficiais (os mais recentes são de 2004) a taxa de cesarianas está em 33,8% dos 2,5 milhões de partos realizados. No mesmo ano, em média, 79,7% dos partos na rede particular foram cesáreas. Segundo Heloísa Lessa, secretária-executiva da ONG Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento, nos grandes centros brasileiros há hospitais em que até 99% dos partos são cesariana.
Lessa acrescenta que as brasileiras urbanas correm sete vezes mais risco de morrerem no parto do que as que vivem no meio rural. Segundo ela, já há no país iniciativas como o Pacto Nacional Para Redução da Mortalidade Materna, patrocinada pelo Ministério da Saúde, que reduz o pagamento de cesáreas para hospitais. Se mais de 40% dos partos forem cesarianas, os hospitais deixam de ganhar adicionais. O ministério também promove o Programa de Humanização no parto e as perspectivas são de que os números venham a baixar.
Em toda a América Latina, dois milhões de crianças estão nascendo de cesáreas a cada ano, a um custo extra de US$ 350 (cerca de R$ 700) cada. O dinheiro que, segundo o estudo, poderia ser usado para melhorar outras áreas do tratamento das mães e dos bebês e pagar pesquisas necessárias. O motivo para um volume alto de cesarianas vai desde pressões sociais à percepção da segurança da cirurgia.
Os dados da OMS, no entanto, contradizem a idéia de que a cesariana, quando feita de forma desnecessária, é tão segura quanto o parto normal. Para o chefe da equipe que realizou o estudo, o médico José Villar, ´as maiores taxas de nascimento por cesariana não necessariamente indicam boa qualidade de serviços ou de tratamento´.
A produtora de eventos, Claudinária Almeida, espera a segunda filha. Ela torce que Sofia também venha ao mundo através de parto normal, ´que é mais saudável tanto para a mãe para como para a criança´. A primeira filha, Dandara, já tem 15 anos.
O movimento ´Partonosso´ elaborou 50 motivos para se evitar uma cesárea desnecessária. Entre os perigos, para o bebê, estão o risco de complicações e desconforto respiratório, com risco de morte 10 vezes maior, além de maior dificuldade no aleitamento. Para a mãe, o ´Partonosso´ prevê risco de ruptura uterina e a dificuldade de encontrar médico que faça partos normais após cesáreas, pois ficam dependentes de drogas utilizadas anteriormente.
Luciano Luque / Suzete Nocrato
luque@diariodonordeste.com.br
INGLATERRA (2/7/2006)
Psiquiatra infantil dá à luz aos 63 anos de idade
Em breve, a psiquiatra infantil Patrícia Rashbrook, de 63 anos, se tornará uma das britânicas mais velhas a dar à luz. No oitavo mês de gravidez, ela defende o seu direito de ser mãe nesta idade. Patricia tem dois filhos crescidos de um casamento anterior. Ela se casou de novo e passou por um tratamento de fertilidade.
Ao lado do marido, John Farrant, Patricia revelou que a gravidez não foi algo fácil: ´Um grande plano foi feito para garantir o bem-estar da criança no presente e no futuro, em termos materiais, sociais e de saúde. Estamos muito contentes de dar vida a um bebê que já é muito amado e nosso desejo agora é dar a ele a paz e a segurança de que precisa´.
O casal não disse por qual tratamento passou Patricia. A imprensa especula que ela pode ter sido auxiliada pelo especialista italiano em fertilidade Severino Antinori, que em 1994 ajudou um mulher de também 63 anos a engravidar com uma técnica que combinou doação de óvulos com tratamento hormonal. A maior parte das críticas contra a decisão da psiquiatra tem vindo de grupos conservadores, que se opõem às técnicas de reprodução assistida. ´É extremamente difícil para uma criança ter uma mãe que é tão velha quanto uma avó. Isso tem a ver com a sociedade consumista, que sempre quer absolutamente tudo e nunca pensa que uma criança não é um produto´, disse a co-fundadora do Grupo de Ética Reprodutiva, Josephine Quintavalle,
James Healy, da Autoridade Britânica de Fertilização Humana e Embriologia, disse que a lei não impõe limites para a idade da gravidez. ´A lei diz que se deve levar em conta o bem-estar da criança, incluindo as condições de saúde, idade e habilidade dos pais para proverem as necessidades do filho´. Neste caso, o parto cesáreo será inevitável, evitando complicações para a mãe e para o bebê.
Outra mãe idosa já deu à luz no Reino Unid: Liz Buttle, de Gales, que tinha 60 anos quando teve um menino, em 1997. No resto do mundo, a mulher mais velha a dar à luz é a romena Adriana Iliescu, que em 2005 teve uma filha em Bucareste aos 66 anos de idade.
DAR À LUZ (2/7/2006)
Método do parto na água vem desde a Antiguidade
Tem-se informações de que civilizações da Antiguidade utilizavam água durante o trabalho de parto. Algumas chegavam a dar à luz dentro da água. Como é o caso de civilizações amazônicas, tanto no Peru como no Brasil.
O russo Igor Tiarkovski começou a pesquisar no inicio da década de 60 os efeitos da água na saúde do ser humano e incluiu partos na água. Depois começou a trabalhar para a criação de uma super-raça, de seres que deveriam estar quase adaptados à vida aquática. O modelo de Tiarkovski acabou naufragando, mas sua contribuição motivou muita gente a experimentar o parto aquático.
Outra grande defensora do parto na água é Sheila Kitzinger, que escreveu mais de 20 livros sobre o momento do parto e nascimento. Com Janet Balaskas o parto ativo e depois o parto dentro da água foram abrindo espaço na obstetrícia britânica, desde 1987. Desde então, muitos outros centros hospitalares do Reino Unido passaram a ter banheira em suas instalações. Hoje em dia 96% dos hospitais da rede publica na Inglaterra possuem uma banheira em sala de parto.
FONTE: Diario do Nordeste
A cesárea é um procedimento cirúrgico desenvolvido para salvar a vida da mãe e/ou da criança, quando ocorrem complicações durante a gravidez ou do parto.
A cesárea não é isenta de riscos, estando associada, no Brasil e em outros países, a maior morbi-mortalidade materna e infantil, quando comparada ao parto vaginal. A escolha de qualquer intervenção médica, em termos éticos, deve basear-se no balanço entre riscos e benefícios. Na maioria dos continentes, no entanto, a cesárea tem sido abusiva, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Porto Rico e no Brasil. Eles ultrapassaram, a partir dos anos 80, o índice de 15% considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a taxa máxima aceitável de cesárea.
Se EUA, Canadá, Porto Rico e Brasil ultrapassam os índices recomendados pela OMS, a maioria dos países europeus, na mesma época, apresentou taxas entre 10% e 14%, com exceção da Holanda, onde o sistema de atenção ao parto privilegia o atendimento domiciliar e conta com a participação efetiva de parteiras. Ali, as taxas foram próximas a 7%. O grande número de cesarianas realizadas na América Latina aumenta o risco de mortes e complicações pós-parto para as mães e bebês. A conclusão é de um estudo que a OMS publicou na revista médica ´The Lancet´.
Segundo os dados coletados, as mortes pós-parto subiram em até 20% com o aumento do número de cesarianas. O estudo selecionou aleatoriamente 120 hospitais públicos e privados em oito países: Argentina, Brasil, Cuba, Equador, México, Nicarágua, Paraguai e Peru. Um terço dos 97 mil partos analisados durante o período do estudo foi realizado por cesariana. Segundo a análise, os hospitais com o maior número de partos realizados por meio de cesarianas eram os que apresentavam maiores taxas de doenças maternas, mortes e uso de antibióticos após a gravidez.
No trabalho feito pela OMS, foram observados 15 hospitais públicos e quatro privados no Brasil. Nesses hospitais, notou-se um volume de cesarianas próximo da média da região, de 33%. Os hospitais privados tiveram uma média maior do que os públicos. Ainda segundo o estudo, em países como México e Equador essa taxa foi muito maior. No México, por exemplo, nos hospitais privados observados, as cesarianas chegam a
80% dos partos realizados.
No Brasil como um todo, segundo números oficiais (os mais recentes são de 2004) a taxa de cesarianas está em 33,8% dos 2,5 milhões de partos realizados. No mesmo ano, em média, 79,7% dos partos na rede particular foram cesáreas. Segundo Heloísa Lessa, secretária-executiva da ONG Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento, nos grandes centros brasileiros há hospitais em que até 99% dos partos são cesariana.
Lessa acrescenta que as brasileiras urbanas correm sete vezes mais risco de morrerem no parto do que as que vivem no meio rural. Segundo ela, já há no país iniciativas como o Pacto Nacional Para Redução da Mortalidade Materna, patrocinada pelo Ministério da Saúde, que reduz o pagamento de cesáreas para hospitais. Se mais de 40% dos partos forem cesarianas, os hospitais deixam de ganhar adicionais. O ministério também promove o Programa de Humanização no parto e as perspectivas são de que os números venham a baixar.
Em toda a América Latina, dois milhões de crianças estão nascendo de cesáreas a cada ano, a um custo extra de US$ 350 (cerca de R$ 700) cada. O dinheiro que, segundo o estudo, poderia ser usado para melhorar outras áreas do tratamento das mães e dos bebês e pagar pesquisas necessárias. O motivo para um volume alto de cesarianas vai desde pressões sociais à percepção da segurança da cirurgia.
Os dados da OMS, no entanto, contradizem a idéia de que a cesariana, quando feita de forma desnecessária, é tão segura quanto o parto normal. Para o chefe da equipe que realizou o estudo, o médico José Villar, ´as maiores taxas de nascimento por cesariana não necessariamente indicam boa qualidade de serviços ou de tratamento´.
A produtora de eventos, Claudinária Almeida, espera a segunda filha. Ela torce que Sofia também venha ao mundo através de parto normal, ´que é mais saudável tanto para a mãe para como para a criança´. A primeira filha, Dandara, já tem 15 anos.
O movimento ´Partonosso´ elaborou 50 motivos para se evitar uma cesárea desnecessária. Entre os perigos, para o bebê, estão o risco de complicações e desconforto respiratório, com risco de morte 10 vezes maior, além de maior dificuldade no aleitamento. Para a mãe, o ´Partonosso´ prevê risco de ruptura uterina e a dificuldade de encontrar médico que faça partos normais após cesáreas, pois ficam dependentes de drogas utilizadas anteriormente.
Luciano Luque / Suzete Nocrato
luque@diariodonordeste.com.br
INGLATERRA (2/7/2006)
Psiquiatra infantil dá à luz aos 63 anos de idade
Em breve, a psiquiatra infantil Patrícia Rashbrook, de 63 anos, se tornará uma das britânicas mais velhas a dar à luz. No oitavo mês de gravidez, ela defende o seu direito de ser mãe nesta idade. Patricia tem dois filhos crescidos de um casamento anterior. Ela se casou de novo e passou por um tratamento de fertilidade.
Ao lado do marido, John Farrant, Patricia revelou que a gravidez não foi algo fácil: ´Um grande plano foi feito para garantir o bem-estar da criança no presente e no futuro, em termos materiais, sociais e de saúde. Estamos muito contentes de dar vida a um bebê que já é muito amado e nosso desejo agora é dar a ele a paz e a segurança de que precisa´.
O casal não disse por qual tratamento passou Patricia. A imprensa especula que ela pode ter sido auxiliada pelo especialista italiano em fertilidade Severino Antinori, que em 1994 ajudou um mulher de também 63 anos a engravidar com uma técnica que combinou doação de óvulos com tratamento hormonal. A maior parte das críticas contra a decisão da psiquiatra tem vindo de grupos conservadores, que se opõem às técnicas de reprodução assistida. ´É extremamente difícil para uma criança ter uma mãe que é tão velha quanto uma avó. Isso tem a ver com a sociedade consumista, que sempre quer absolutamente tudo e nunca pensa que uma criança não é um produto´, disse a co-fundadora do Grupo de Ética Reprodutiva, Josephine Quintavalle,
James Healy, da Autoridade Britânica de Fertilização Humana e Embriologia, disse que a lei não impõe limites para a idade da gravidez. ´A lei diz que se deve levar em conta o bem-estar da criança, incluindo as condições de saúde, idade e habilidade dos pais para proverem as necessidades do filho´. Neste caso, o parto cesáreo será inevitável, evitando complicações para a mãe e para o bebê.
Outra mãe idosa já deu à luz no Reino Unid: Liz Buttle, de Gales, que tinha 60 anos quando teve um menino, em 1997. No resto do mundo, a mulher mais velha a dar à luz é a romena Adriana Iliescu, que em 2005 teve uma filha em Bucareste aos 66 anos de idade.
DAR À LUZ (2/7/2006)
Método do parto na água vem desde a Antiguidade
Tem-se informações de que civilizações da Antiguidade utilizavam água durante o trabalho de parto. Algumas chegavam a dar à luz dentro da água. Como é o caso de civilizações amazônicas, tanto no Peru como no Brasil.
O russo Igor Tiarkovski começou a pesquisar no inicio da década de 60 os efeitos da água na saúde do ser humano e incluiu partos na água. Depois começou a trabalhar para a criação de uma super-raça, de seres que deveriam estar quase adaptados à vida aquática. O modelo de Tiarkovski acabou naufragando, mas sua contribuição motivou muita gente a experimentar o parto aquático.
Outra grande defensora do parto na água é Sheila Kitzinger, que escreveu mais de 20 livros sobre o momento do parto e nascimento. Com Janet Balaskas o parto ativo e depois o parto dentro da água foram abrindo espaço na obstetrícia britânica, desde 1987. Desde então, muitos outros centros hospitalares do Reino Unido passaram a ter banheira em suas instalações. Hoje em dia 96% dos hospitais da rede publica na Inglaterra possuem uma banheira em sala de parto.
FONTE: Diario do Nordeste
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