eu nasci pra ser parteira
escrito por: Tricia em quarta-feira, outubro 11, 2006 às 4:31 PM.
3 Comentários
alguma coisa quebrou dentro de mim depois de ler essa transcrição da palestra da Naoli Vinaver (ai embaixo).
Há algum tempo tenho sentido um desejo indescritivel de acompanhar gestantes em trabalho de parto. Não que isso me venha como uma nova área de trabalho pra ganhar o pão de cada dia, não. Seria por paixão mesmo. Tenho uma verdadeira paixão por grávidas. Elas carregam consigo não apenas um bebê, mas algo profundo e misterioso que me encanta. Não tem explicação, não é neurose, é instinto. É vontade, que aparece do nada, e me move.
Pra mim, no fundo do meu coração, trabalhar com gestantes seria um bálsamo, algo divino, como uma missão de vida mesmo. Não foi a primeira vez me peguei pensando que escolhi a profissão errada. Ser publicitária é bacana, me transformo em mil ao mesmo tempo pra dar conta de aprender a cada dia. Mas me falta algo, me falta o sentimento de realização pessoal que só vem preencher o peito quando ajudamos o outro.
Alguma coisa não encaixava direito, um ponto de interrogação enorme continuava rondando minha cabeça oca. Essa vontade, esse elo com as minhas próprias raizes na verdade estava escondido até o dia em que nasceu minha filha. Foi ali que renasci. Através daqueles 8 cortes, da dor, do desespero, meu lado mãe foi forjado. (poético não? hehehe). Além disso alguns "sinais" me dizem o tempo todo que eu estou indo no caminho certo.: re-encontros com antigas amigas que agora estão grávidas, e outras que não via há muito tempo. O encontro com duas médicas maravilhosas que atendem partos naturais. O meu amadurecimento pessoal em relação a minha cirurgia. E os sonhos... esses sim, tem sido bem frequentes e marcantes.
Há algumas semanas tenho sonhado toda santa noite com grávidas, de todos os tipos, altas, magras, novas, velhas, amigas, desconhecidas. Inclusive comigo mesma, gravida em todas as etapas, no inicio, no fim, em trabalho de parto. Por fim, em cada sonho, me vinha sempre conforto na alma de que eu era uma boa parteira. Além disso, a água sempre estava presente. Água limpa, profunda, em forma de rio, as vezes calmo, as vezes revolto, mas muita água. Uma vez inclusive eu era um barco, carregando pessoas comigo no meio de uma tempestade.
Pra completar esse carrossel de coincidências, tenho que admitir aqui o meu grande defeito: a capacidade de se adaptar, mudar, me transformar, de acordo com as pessoas com quem eu convivo. Sim, não tenho personalidade forte, não sou de bater-boca, mudo conforme o vento. Simplificando: sou igual à Mistica, mutante-lagarta do X-Man. Hohoho. Chega a ser patético, sério, basta eu conversar dois tempos com alguém de sotaque forte, já me pego falando do mesmo jeito. Concordo com tudo, vejo pessoas e sempre absorvo sua personalidade. Herdei isso de meu pai, somos assim, bobos demais. Então, depois que a Naoli falou que parteiras são como água, tomam a forma do vaso que lhes carrega. Pronto, quebrou. Aliás, tudo se encaixou. Tive a certeza de que é isso ai, essa é a linha que costura todo o tecido.
No entando, nunca ouvi falar de uma parteira que não fosse velha, experiente, e que já tivesse parido e criado seus filhos. Vocês já? Deve ser algo como um curriculo, uma bagagem necessária. Elas têm que ter experiência, têm que ter passado pelo fogo, têm que ter independência (de ter filhos grandes, crescidos, criados) para poder se colocar à disposição de mulheres por vários dias.
Eu? Apesar do "chamado" vir de várias formas todos os dias, não tenho nem metade dessa bagagem. Minha filha ainda mama, usa fraldas, e precisa de mim o tempo todo. Nunca pari pelas vias normais, mas pretendo (hihihih). E sou muito nova ainda. Tenho que levar muita porta na cara pra ter respeito.
Fica ai registrado pra mim mesma um dia, essa confissão. Eu nasci pra ser parteira. Se eu tivesse nascido há um século atrás, com certeza estaria aparando bebês. Quem sabe um dia...
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Parteiras na Bíblia
Reza a Bíblia que a profissão das parteiras é sagrada. Foram elas que salvaram os hebreus da fúria dos faraós. No Egito antigo, um faraó indignou-se com a presença hebraica em suas terras. Os judeus eram numerosos e não paravam de se multiplicar. Ora, em caso de guerra, eles poderiam sair vitoriosos. O faraó, então, dirigiu-se às parteiras dos hebreus — Séfora e Fua — e determinou que elas matassem todos os bebês homens desta raça que trouxessem ao mundo. Tementes a Deus, elas não obedeceram. Não mataram um bebê sequer, e Moisés, inclusive, só recebeu os Mandamentos de Deus porque foi salvo por uma parteira. No livro bíblico Êxodos, é possível conferir. ‘‘Deus beneficiou as parteiras: o povo continuou a multiplicar-se e a se espalhar. Porque elas haviam temido a Deus, ele fez prosperar suas famílias.’’
retirado do site: Correio Brasiliense
Marcadores: depoimento, parteira
Identifiquei-me com as suas palavras, não sou mãe mas sinto que nasci para o ser e para ser mãe.
Um abraço e obrigada por partilhar
Lua
Essa vontade, ou desejo, ou impulso, ou seja lá que nome tiver; deve ser devirado do seu nome "tricia" de obstetricia e significa "aquela que cuida", era usado para parteiras, por isso, deu a nomenclatura para a especialida...ah!eu sei o que voçê sente, é estranho mesmo, apesar de feito poucos partos, pois minha area é APH, é sempre um deleite,...meu nome é Tricia.
Estou tentando uma vaga para ser Hebbamme ( parteira em portugues). Moro na Alemanha e aqui tem profissionalizacao como parteira. É como um curso técnico no Brasil. Sao 3 anos de estudo teórico e prático.
Mas no Brasil minha irma estudou enfermagem, e hoje atua na área como auxiliar de médico obstetra , ou seja, parteira.
Boa sorte!.
Marcia Meurer