Medo do parto normal


escrito por: Débora, em sexta-feira, dezembro 15, 2006 às 12:44 PM.


"Estou com 34 semanas de gestação,e morro de medo de fazer um parto normal. Eu sou mais uma dessas que gostaria de marcar uma cesárea pra bebe nascer...mas sei que é um parto mais persistente e doloroso após,na hora de recuperar-se,mas prefiro sentir dor após o bebe nascer do que antes.Tenho medo de não conseguir ter força suficiente pra conseguir empurrar o bebê. Minha médica disse que vai anestesiar minha coluna, mas todos dizem que é impossível, pq minhas pernas ficaram adormecidas e não sentirei elas. Então,essa é minha dúvida.É possível,ter um parto normal com anestesia peridural? Qual dor diminui, a de passagem do bebe,ou as contrações?
Muito obrigado por dividir conosco suas dúvidas e confiar em nossa equipe. As informações que vamos dar aqui não substituem o apoio e a orientação do seu médico ta?? Sempre tire todas as suas dúvidas com ele. Queremos apenas ajudá-la a ter um parto tranqüilo e feliz, compartilhando com você o que sabemos sobre partos.
Em primeiro lugar queremos pedir a você que relaxe e aproveite todos os momentos da sua gravidez, pois é um momento muito especial e precisar ser desfrutado. Em segundo lugar não é necessário ter tanto medo assim da hora do parto. Tenha a certeza de que você como mulher, já veio a este mundo pronta para o parto e tem todas as "ferramentas" necessárias para isso. O momento do parto é algo mágico, onde você realmente entende o significado da vida. É um momento onde você poderá experimentar o que realmente significa o amor.

Quando ocorre um acompanhamento pré-natal adequado, a gestante deve estar informada e preparada para o trabalho de parto e o parto em si. As orientações sobre a mãe e os cuidados com o bebê, técnicas de respiração, como lidar com a dor, a participação do pai e a importância de conhecer o mecanismo do parto, devem estar bem esclarecidas, e isso quem deve fazer é seu ginecologista. Converse com ele e tire todas as suas dúvidas, não tenha vergonha.
O trabalho de parto envolve várias fases e a gestante em geral dispõe de um tempo suficiente para chegar ao hospital e ter um atendimento adequado. No início do trabalho de parto você irá sentir uma maior pressão sobre a bexiga, poderá apresentar diarréia e uma dor forte nas costas. As contrações, embora ainda não dolorosas, se tornam mais freqüentes. Nessa fase o colo do útero "amolece", iniciando o seu processo de dilatação. Geralmente ocorre o que se chama de perda do tampão mucoso, com o aparecimento de um corrimento espesso e sanguinolento. Quando as contrações uterinas começam a ficar mais intensas e regulares, pode ou não ocorrer o rompimento da bolsa de líquido amniótico, que muitas vezes escorre pelas pernas, molhando as roupas. Na maior parte dos casos essa é a hora de ir para a maternidade.
No momento da internação, serão realizados vários procedimentos de rotina, como a medida da temperatura, da pressão arterial e da freqüência cardíaca da mãe e do feto. Você receberá instruções para permanecer deitada de lado, em jejum, podendo ingerir apenas água. Uma via intravenosa, para receber líquidos, pode ser instalada. Medidas como a lavagem intestinal e a raspagem dos pêlos pubianos também poderão acontecer.
Quando as contrações uterinas adquirem um ritmo constante e regular, inicia-se a fase ativa do trabalho de parto. Nessa fase é importante o monitoramento adequado da freqüência cardíaca fetal, atentando para sinais que indiquem sofrimento do feto. Se as contrações se tornarem muito dolorosas pode ser necessário algum tipo de medida para aliviar a dor. A mais usada é a chamada analgesia peridural (já vamos falar mais sobre ela). O andamento do trabalho de parto é acompanhado através de um gráfico chamado de partograma. Com isso, é possível detectar precocemente alterações que venham interferir na boa evolução do trabalho de parto, antecipando situações que podem determinar a necessidade de uma intervenção cirúrgica, conhecida por cesariana. Como você pode perceber tudo é muito bem controlado e não há necessidade de se ter medo. Se concentre apenas em seu bebê, pois em pouco tempo você estará com ele nos braços! Isso não é uma maravilha? Tire todos os pensamentos negativos da sua mente, pense só nas coisas boas, isso ajuda muito.
No final dessa fase, com o colo uterino dilatado, a gestante sente uma pressão maior no períneo e a necessidade de empurrar como se fosse evacuar. Na maioria das vezes a gestante é levada para a sala de parto. Colocada em uma cama especial, em posição ginecológica e com a cabeceira elevada, iniciam-se as manobras que facilitarão o nascimento. Algumas vezes pode ser necessário realizar uma pequena incisão, geralmente lateral no períneo, para facilitar a saída do bebê.

Em seguida ao nascimento, o cordão umbilical é clampeado e cortado. O bebê será levado para receber os primeiros cuidados por um médico pediatra e em seguida ele será colocado junto a você! Que momento lindo! Mãe e filho finalmente se conhecem e o amor cresce ainda mais entre eles! Esse é o verdadeiro milagre da vida!
A diferença entre as anestesias:
# A Raqui promove o bloqueio sensitivo e motor, ou seja, a paciente deixa de sentir e movimentar as pernas e o baixo ventre. Esse tipo de anestesia proporciona um relaxamento maior da região pélvica e sua instalação é mais rápida.
# A Peridural promove apenas o bloqueio sensitivo, ou seja, a paciente deixa apenas de sentir, permanecendo a movimentação; eliminando a dor, mas não interferindo nas contrações uterinas.
A cesariana é indicada em casos especiais, e ela é uma intervenção cirúrgica, por isso pense bem antes de se decidir.
Nós desejamos a você um lindo parto e que seu bebê nasça com muita saúde! Um grande abraço!"
Fonte: CyberAmelia


Encontrei essa pérola num site e achei interessante colocar aqui. O medo da mulher com relação ao parto normal é acolhido com um "não se preocupe, os médicos sabem o que fazer". Ao mesmo tempo em que o consultor fala que a mulher nasceu pronta para parir, ele descreve um show de horrores como sendo um parto normal. Essa é nossa cultura, o modelo obstétrico que temos. A informação que é passada com esse tipo de orientação é a de que a mulher está perdida, ela precisa da ajuda dos médicos e enfermeiras que sempre sabem o que fazer e cuidam de tudo. Às mulheres cabe somente deitar e esperar que alguém suba em sua barriga pra que o bebê nasça, afinal eles cuidam sempre de tudo. Triste, muito triste.

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Tricia Cavalcante: Doula na Tradição, formada pela ONG Cais do Parto, mãe de três, e doula pós-parto.Moro em Fortaleza-CE.


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