Brasil resiste ao parto domiciliar


escrito por: Tricia em terça-feira, maio 30, 2006 às 10:30 AM.

Brasil resiste ao parto domiciliar

FONTE: Diário de Pernambuco

O parto natural tem sido cada vez mais reconhecido como uma opção segura às gestantes - desde que alguns cuidados sejam tomados. Internacionalmente, ele adquiriu respaldo e proteção da Organização Mundial da Saúde, que diz que apenas entre 10% e 20% dos partos precisam de intervenção clínica, e instituiu o 5 de
maio como o Dia Mundial da Parteira.

"A segurança no parto domiciliar tem sido discutida por sociedades médicas, de enfermagem e pelas gestantes. No Brasil, há resistência de uma parte dos profissionais de saúde, por temor de que sintomas imprevisíveis possam atrapalhar o trabalho de parto. Essa realidade se distancia do que é praticado em países como a Holanda, onde 40% dos partos são domiciliares", diz a médica obstetra Melania Amorim. Alguns números comprovam a afirmação. No ano passado, a revista especializada British Medical Journal (BMJ) publicou uma pesquisa feita na América do Norte com mais de 5 mil mulheres que tiveram parto natural. Destas, 12% precisaram ir a um hospital; 8,3% fizeram cesariana, e 0,17% bebês tiveram mortalidade perinatal.

Um bom começo para entender os prós e os contras do parto natural é ir às reuniões para casais e gestantes, promovidas semanalmente pela ONG Cais do Parto e pelo Instituto Nômades. A médica Leila Katz, que vem fazendo um trabalho de orientação em grupos como esses, diz que qualquer mulher que fez pré-natal, não teve nenhuma complicação na gravidez, e não apresentou doenças associadas (por exemplo, cardiopatia, hipertensão, hemorragia ou diabetes), pode ter um parto natural domiciliar. "Sou a favor do parto humanizado, não importa se natural ou clínico, no hospital ou em casa. Nele, a relação da mãe com o bebê se enriquece muito, na medida em que eles viveram esse processo. Isto é empoderar a mulher como protagonista, e isso começa na escolha do local e se ela quer ser acompanhada por um médico ou parteira", afirma Katz.

Ela também ressalta que, no parto domiciliar, é preciso prestar atenção a imprevistos, como alteração na pressão da gestante e na freqüência cardíaca do bebê. Caso aconteça, deve haver transferência imediata para o hospital. "Se for humanizado, mesmo o parto hospitalar não perde o que tem de natural. Isto
significa não partir direto para cesária, evitar estourar a bolsa, estimular a mulher a escolher a posição mais confortável e privilegiar os métodos não-farmacológicos, como massagens, banhos, e principalmente a presença do companhante", orienta a médica. (A.D.)

Serviço em RECIFE:
Associação das Parteiras de Jaboatão: 3251-3325
Cais do Parto: 3429-8661
Instituto Nômades: 3454-2505

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Tricia Cavalcante: Doula na Tradição, formada pela ONG Cais do Parto, mãe de três, e doula pós-parto.Moro em Fortaleza-CE.


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