Ministério da Saúde promove ações para humanização do parto e apoia parteiras
escrito por: Tricia em segunda-feira, maio 29, 2006 às 9:23 AM.
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Entre as medidas, estão a presença de acompanhante para a mãe e iniciativas para estimular a redução no número de cesáreas
Gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ganharam o direito de escolher, entre amigos e parentes, alguém de sua confiança para estar presente na sala de parto e também no pós-parto. A medida faz parte de uma série de ações do Ministério da Saúde para melhorar a qualidade do atendimento às gestantes e humanizar os partos no país.
A portaria que regulamenta a Lei 11.108, de abril de 2005, foi assinada pelo ministro Saraiva Felipe durante a II Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento, no Rio de Janeiro, em dezembro, e estabeleceu um prazo de seis meses para que os hospitais adaptem suas instalações e procedimentos à nova regra.
“A presença do acompanhante é um direito de todas as mulheres da sociedade. O Ministério da Saúde trabalhou para que essa conquista acontecesse, porque entende a importância da humanização do parto. A lei parece pequena, mas é grandiosa: além de ser uma vitória da sociedade, irá proporcionar melhores condições na assistência obstétrica", afirma a diretora do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, Cristina Boaretto.
A presença de um acompanhante no período de parto e pós-parto é um dos fatores que contribuem para a humanização desse procedimento e que podem ajudar na redução do número de cesarianas. De acordo com 14 estudos científicos, nacionais e internacionais, realizados em mais de 5 mil mulheres, as gestantes que contaram com a presença de acompanhantes se sentiram mais seguras e confiantes durante o parto. Nessas circunstâncias, registrou-se também a redução da necessidade de medicações para alívio da dor, da duração do trabalho de parto e do número de cesáreas. Alguns estudos ainda sugerem a possibilidade dessa presença trazer outros efeitos a médio prazo, como a diminuição dos casos de depressão pós-parto.
“Durante o parto, o medo leva à tensão, que leva à dor, que leva a mais medo. A presença de uma pessoa de confiança da mulher transmite mais segurança durante o trabalho de parto”, garante Daphne Rattner, técnica especializada da área técnica da Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde.
Caminhadas pelo corredor – A brasiliense Juliana Cristina atesta a experiência de ter tido um filho em ambiente com a presença de um acompanhante. Evelin nasceu no dia 21 de dezembro de 2005, no Hospital Materno-Infantil de Brasília, de parto normal. Juliana chegou à maternidade no dia 20, para uma consulta, mas, como o líquido amniótico (que envolve o bebê) havia diminuído de volume, foi logo internada. A avó fez companhia para Juliana, auxiliando-a a caminhar pelo corredor, para diminuir as dores que aumentavam a cada contração. Dona Josélia Maria da Conceição, de 60 anos, chorou quando viu a bisneta nascer. “Foi uma grande emoção”, lembra.
“O melhor foi que a presença da minha avó me fez sentir muito mais confiante e segura”, recorda Juliana. “Ela segurou minha mão o tempo todo, enquanto eu fazia força para minha filha nascer”, conta a moça, que já pensa em outra gravidez: “Gostaria que da próxima vez meu marido me acompanhasse. Acho que ele adoraria ver o nascimento do filho”.
Profissionais de saúde já constataram a relação entre a participação dos companheiros na assistência ao parto e a redução nos casos de violência familiar. Segundo esses especialistas, ao acompanhar o processo o homem começa a admirar e valorizar mais a companheira. Para especialistas, há um momento no pós-parto em que se estabelece o vínculo emocional entre mãe e filho e, se o pai participa, isso fortalece esse laço na família e desenvolve-se uma relação de respeito entre seus membros.
Daphne Rattner, especialista do Ministério da Saúde, explica que “nos partos cirúrgicos, em que raramente é permitido que o companheiro participe, perde-se a chance de viver essa experiência”.
Com os avanços da tecnologia, da medicina e dos diagnósticos nas últimas décadas, houve muitas mudanças na forma de atendimento aos partos. Medicamentos passaram a ser administrados mais freqüentemente e os protocolos ficaram cada vez mais rígidos quanto à permanência de pessoas que não são do corpo clínico durante o parto. Nessa situação, a mulher se sente sozinha, no meio de pessoas estranhas com as quais não tem qualquer intimidade. E em muitos hospitais as rotinas impõem aos bebês uma série de procedimentos antes que sejam levados, finalmente, à mãe.
Centros de parto normal – O Ministério da Saúde incentivou a partir de 2001 a abertura de 14 Centros de Parto Normal. O ambiente nesses locais procura proporcionar bem-estar às pacientes, com paredes coloridas e músicas relaxantes. Os quartos têm espaço suficiente para que a mulher se movimente à vontade, buscando posições que aliviem a dor e banheiros para que possa tomar banhos quentes e relaxantes – o que atenua a espera.
Os lanches podem ser servidos junto com as enfermeiras, obstetras e outros funcionários. Assim, as parturientes vão aos poucos ganhando intimidade com as pessoas que lhes ajudarão na hora do nascimento. Nesse momento, as mulheres podem optar por ter o parto na posição que lhes for mais confortável – até mesmo dentro d’água. O mais importante é que elas sempre têm por perto alguém de sua confiança, seja o companheiro, um familiar ou amigo.
Existem 14 Centros de Parto Normal. Sete funcionam fora de hospitais: em Itaiçaba (CE), Brasília (DF), Juiz de Fora (MG), Rio de Janeiro (RJ), duas unidades em Natal (RN) e São Paulo (SP). Outros sete desenvolvem suas atividades dentro de unidades hospitalares – em Pindoretama e Fortaleza (CE), Ceres (GO), Belo Horizonte (MG), dois em São Paulo capital e um em Itapecerica da Serra (SP).
Cesarianas demais
Nos últimos cinco anos, a taxa média de cesarianas nos hospitais que atendem pelos serviços públicos e privados ficou em torno de 40%, apesar de a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) ser de 15% O percentual corresponde à proporção média de casos em que o parto normal traria riscos para a mulher ou para o bebê, fazendo da cesariana uma intervenção necessária.
Os partos por cesariana podem influenciar a taxa de mortalidade entre mães e bebês. A cesárea é uma cirurgia, com todos os riscos de uma intervenção desse tipo e representa uma chance seis vezes maior de a mulher morrer do que com o parto é normal. A cesariana também aumenta a possibilidade de a parturiente contrair uma infecção ou sofrer uma hemorragia. Para os bebês, o risco de eles terem que ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) quadruplica. No caso dos nascidos de parto normal, esse índice é de 3% e pula para 12% entre os nascidos por cesariana.
Segundo médicos, o trabalho de parto exerce papel fundamental para o desenvolvimento dos pulmões das crianças. As contrações liberam substâncias que ajudam na maturação do pulmão do bebê e estimulam os movimentos de sucção, o que melhora qualidade da amamentação. Como, na maioria das vezes, a data das cesarianas é fixada levando em consideração apenas a conveniência do médico e da mãe, independentemente do início do trabalho de parto, muitas crianças nascem sem estar totalmente prontas, sem os pulmões plenamente capacitados.
Qualificação – O Ministério da Saúde está atento para o problema e atua em duas frentes. A primeira é a qualificação de profissionais para incentivar o parto normal. A Saúde promove cursos nas maternidades vinculadas ao SUS, para conscientizar esses profissionais para a necessidade de mudar práticas e humanizar partos. A Agência Nacional de Saúde (ANS), que regulamenta as operadoras de saúde, realiza encontros periódicos com médicos e gestores privados para informar sobre a necessidade de se diminuir o número de cesarianas. Em 2004, houve encontros dos técnicos do Ministério da Saúde com diretores, chefes de obstetrícia, de neonatologia e de enfermagem dos principais hospitais de referência de todos os estados, que atendem ao SUS.
Em 2005, o ministério promoveu (com o apoio das secretarias estaduais e municipais, organizações profissionais e organismos internacionais) os seminários de Qualificação na Atenção Obstetrícia e Neonatal Humanizados, com Base em Evidências Científicas. Reuniram-se maternidades de referência de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Paraíba, Pará, Paraná, Santa Catarina e Roraima. Os encontros se estenderão aos estados restantes neste ano. Ao todo, cerca 130 maternidades já tiveram seus funcionários qualificados. A previsão é capacitar profissionais de outras 300 instituições.
“A meta do Ministério da Saúde ao fim de 2006 é ter 420 equipes, para qualificar maternidades responsáveis por cerca de 70% dos nascimentos em hospitais públicos no Brasil”, prevê o coordenador do Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal do Ministério da Saúde, Adson França. Para ele, esses encontros servirão para mudar as práticas tradicionais de atendimento à gestante e ao bebê.
O parto normal também é estimulado em cursos para enfermeiras obstetras. Cerca de 1.500 profissionais já receberam qualificação. O ministério também tem investido na qualificação de doulas (mulheres que não são necessariamente parentes ou profissionais de saúde mas que trabalham como acompanhantes durante o parto). Foram treinadas 350 em 13 cursos.
O ministério também desenvolve, desde 2000, o programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais. A iniciativa pretende melhorar a atenção ao parto domiciliar e busca sensibilizar os gestores do SUS e profissionais de saúde para que reconheçam as parteiras como parceiras e desenvolvam ações para apoiar e qualificar o trabalho. Até outubro deste ano, o programa capacitou 904 parteiras tradicionais e 549 profissionais de saúde.
Outra frente de atuação é o incentivo à redução das cesarianas. O Ministério da Saúde instituiu, em 2000, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), para assegurar acesso e qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, pós-parto e neonatal.
O programa repassa incentivos financeiros a municípios e maternidades que ofereçam, em sua rede de serviços, atenção ao pré-natal, ao parto e a possíveis complicações obstétricas. O incentivo financeiro aumenta a cada ano. Em 2004, foram repassados R$ 24,8 milhões, o que representou um reajuste de 42% em relação ao ano de 2003. Ao todo, 4.951 cidades já aderiram ao programa, o que corresponde a 89% do total de municípios do país.
O Ministério da Saúde também trabalha na formulação do Pacto pela Redução da Cesárea Desnecessária, com previsão de lançamento até o final do primeiro semestre deste ano.
Fonte: Agência Sáude
Ministério da Saúde apóia parteiras
Programa do governo busca resgatar e valorizar esse trabalho e articular a atividade com o Sistema Único de Saúde
As parteiras são figuras muito importantes dentro da cultura popular brasileira. Ainda hoje essas mulheres têm papel essencial em muitas comunidades, principalmente em locais de difícil acesso e onde há carência de profissionais de saúde. O Ministério da Saúde reconhece o trabalho delas e criou o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais, em março de 2000, para melhorar a assistência ao parto domiciliar.
O Trabalhando com Parteiras Tradicionais busca sensibilizar secretarias estaduais e municipais de Saúde e profissionais da área para desenvolverem ações de resgate, apoio e qualificação dessas mulheres. O programa faz parte das estratégias do Ministério da Saúde para reduzir o adoecimento e a morte dos recém-nascidos e das mães durante a gestação, parto e no período logo depois do parto. O Programa estimula a troca entre os saberes tradicionais e o técnico-científico. Também contribui para a produção de novos conhecimentos e tecnologias no setor da saúde.
O Ministério da Saúde entende que, em um país como o Brasil, com enorme diversidade cultural, geográfica e sócio-econômica, é necessária a adoção de diferentes formas de atenção à gestação, ao parto e ao recém-nascido. Nesse contexto, chama a atenção o grande número de nascimentos fora dos serviços de saúde. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 1996 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrava que cerca de 20% dos partos em áreas rurais e de difícil acesso aconteciam em casa e tinham a assistência de parteiras. Nas regiões ribeirinhas, áreas rurais, indígenas e quilombolas, o trabalho das parteiras muitas vezes é a única alternativa para as mulheres e os seus bebês. Deve-se mencionar que a maior parte das pessoas que se dedicam a essa atividade trabalha voluntariamente, movida por um sentimento de solidariedade.
Na esfera pública, é responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) promover a melhoria da assistência ao parto domiciliar. As secretarias estaduais e municipais de saúde devem realizar a articulação do trabalho das parteiras com os serviços de saúde locais, principalmente com as equipes de Saúde da Família. Entre as ações que devem ser realizadas estão: fazer o levantamento da situação do parto domiciliar em sua região, realizar o cadastramento e a capacitação dessas mulheres, além de adquirir e distribuir o kit da parteira (com materiais básicos para a realização do parto domiciliar).
Desde o início do Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais, em 2000, até 2005, já foram alcançados resultados como a capacitação de aproximadamente 1.170 mulheres e 570 profissionais de saúde. Também houve aumento no reconhecimento de situações de risco pelas parteiras, com encaminhamentos oportunos para os serviços do SUS. Treze estados participam do programa: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Alagoas, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.
Uma das estratégias desenvolvidas pelo Programa é a troca de saberes entre os profissionais de saúde e as parteiras para garantir condições seguras para o parto domiciliar. Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres que auxiliam o parto enfrentam muita discriminação, preconceitos e proibições por parte dos profissionais de saúde. Entretanto, em geral, seu trabalho é reconhecido e respeitado em sua comunidade. “Gestores e profissionais precisam abandonar o preconceito. Muitos dos princípios atualmente preconizados para a humanização do parto e nascimento já se encontram presentes na prática da parteira tradicional”, afirma Isa Paula Abreu, técnica do Programa Saúde da Mulher do Ministério da Saúde.
Troca de saber – O Ministério da Saúde reforça que, embora muitas das parteiras apresentem baixo ou nenhum nível de escolaridade, elas revelam outras aptidões adquiridas com a prática, com a observação e com os ensinamentos transmitidos ao longo de gerações. Essas mulheres costumam se reunir e trocar experiências. As mais velhas procuram passar o que consideram importante às novatas.
Moradora de Jaboatão dos Guararapes (PE), Maria do Carmo dos Santos, conhecida como Dona Chica, de 53 anos, trabalha há 28 como parteira. “Com apenas um toque eu consigo saber se o bebê está em uma posição difícil para sair ou se o parto acontecerá tranqüilamente”, revela. Sua filha, Regiane Maria da Silva, de 37 anos, também resolveu seguir o caminho da mãe. “Eu sempre quis aprender como fazer o parto. Desde cedo eu via minha mãe trabalhando e ficava curiosa. Sentia muita vontade de ajudar as mulheres da minha região”, lembra Regiane.
Nas capacitações promovidas pelo Ministério da Saúde, as parteiras relatam como desenvolvem seu trabalho, falam sobre as dificuldades que enfrentam e trocam conhecimentos com os profissionais de saúde. Nessas ocasiões, são orientadas, por exemplo, a reconhecer as situações de risco na gestação e no parto, para realizarem encaminhamentos aos serviços de saúde. Além disso, recebem informações sobre como esterilizar a tesoura utilizada para cortar o cordão umbilical e sobre a importância de lavar as mãos e usar luvas. “Quando vejo que o bebê não quer sair, sei que não tenho mais como ajudar. Nessa hora, o melhor é procurar um atendimento médico”, conta Dona Chica, que também estimula as gestantes de sua comunidade a buscar o pré-natal.
Para Isa Paula Abreu, do Ministério da Saúde, as autoridades podem contribuir para proporcionar melhores condições para que as parteiras exerçam sua atividade. “O trabalho dessas mulheres não é fácil. Para atender à comunidade, elas viajam longas distâncias, em qualquer hora do dia ou da noite, a pé ou de barco. Também têm de atuar em condições de higiene precárias e em certos lugares onde nem mesmo há água ou energia elétrica”, afirma Isa Paula.
Livro fala das técnicas das parteiras
O Ministério da Saúde elaborou duas publicações em parceria com a ONG Grupo Curumim Gestação e Parto para apoiar a capacitação de parteiras e de profissionais de saúde. São elas: O “Livro da Parteira”, com um conteúdo rico em ilustrações explicativas para que o material possa ser compreendido por mulheres que, em sua maioria, não sabem ler; e o manual “Trabalhando com Parteiras Tradicionais”, voltado para os profissionais de saúde, com sugestão de técnicas apropriadas para a educação popular e orientações sobre como organizar oficinas de capacitação.
Outra ação importante que deve ser desenvolvida por secretarias estaduais e municipais de Saúde é a aquisição e distribuição de kits de trabalho. Esses kits devem conter materiais básicos para a realização do parto domiciliar como tesoura, gaze, álcool, luvas, sabão, escovinha de unha e lanterna com pilhas.
Fonte: Agência Saúde
http://guiadobebe.uol.com.br/novidades/ministerio_da_saude_apoia_parteiras.htm
Ministro lança Campanha Nacional de incentivo ao parto normal
Ministro lança Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal
[30 Maio 10h12min 2006]
O ministro da Saúde, Agenor Álvares, lança a Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal e Redução da Cesárea, às 11h30, no auditório Emílio Ribas, do ministério. Na mesma cerimônia, será apresentado o balanço do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, firmado em 2004. Também haverá o lançamento da Agenda da Mulher, cartilha destinada à população feminina brasileira com mais de 10 anos de idade, e da quinta edição do Prêmio Nacional Professor Galba de Araújo.
Para marcar o Dia Mundial de Luta pela Humanização do Parto, comemorado nesta terça, o Movimento pela Valorização das Parteiras Tradicionais abre a exposição fotográfica Mães da Pátria, no corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados. A mostra fica aberta até 14 de junho.
De acordo com dados de 2004 do ministério, 41,8% dos partos realizados no Brasil foram cirúrgicos. A campanha visa a conscientizar a gestante para os benefícios do parto normal com a distribuição de cerca de 90 mil cartazes e de 3 milhões de folhetos em todo o país. O público-alvo são mulheres grávidas e profissionais dos serviços de saúde públicos e privados que trabalham no setor de obstetrícia.
Campanha nacional quer diminuir em 5% as cesarianas
O Ministério da Saúde lança nesta terça uma campanha nacional para incentivar a realização de partos normais e reduzir as cesarianas desnecessárias
[30 Maio 11h57min 2006]
Uma campanha nacional para incentivar a realização de partos normais e reduzir as cesarianas desnecessárias será lançada nesta terça (30), em Brasília, pelo Ministério da Saúde. Dados de 2004 do Sistema de Nascidos Vivos (Sinasc) do ministério apontam que cerca de 42% dos partos realizados em todo o país foram cesarianas, ou seja, cirúrgicos. A proposta da campanha é diminuir em 5% o número de partos cirúrgicos em todo o país.
Em entrevista à TV NBR, da Radiobrás, a coordenadora da Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal e Redução da Cesárea Desnecessária, Maria José Oliveira Araújo, disse que as pesquisas científicas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o parto normal como o ideal para a maioria das mulheres.
Segundo a coordenadora, o parto normal ajuda a mulher a se vincular mais rapidamente ao bebê e diminui os riscos de hemorragias, infecções, coágulos que podem se descolar e ir para órgãos importantes, como o pulmão e o coração. Para o bebê, também há benefícios. As crianças que nascem de parto normal correm menos risco de serem prematuras e terem problemas respiratórios.
Um dos argumentos mais utilizados para que as mulheres prefiram as cirurgias é a questão da dor. Maria José Oliveira Araújo explica que o Ministério da Saúde paga aos hospitais a anestesia do parto normal, que ajuda a reduzir o desconforto. Ela lembrou ainda que a presença de um acompanhante na hora do parto é um direito da mulher, regulamentado pela Lei 11.080, da senadora Ideli Salvatti.
A lei garante a presença de um acompanhante da escolha da mulher antes, durante e depois do parto, tanto nos hospitais públicos quanto nos privados. Os hospitais têm até julho deste ano para cumprirem a lei. "Além disso, está provado cientificamente que as mulheres que têm acompanhantes durante o trabalho de parto, uma pessoa que possa lhe ajudar a reduzir a dor, reduzem também o tempo do trabalho de parto", diz a coordenadora do ministério.
"Nós encontramos hospitais privados que têm 90% de cesáreas. Isso é um absurdo, não pode acontecer. É evidente que têm hospitais que recebem mulheres em estados mais graves, que nós consideramos de alto risco. Agora, não há razão de um hospital, público ou privado, ter um índice de cesárea de 81%."
A preferência pela cesariana também seria uma questão cultural no Brasil. Muitos profissionais estimulariam as mulheres a realizar o parto cirúrgico com promessas de que elas vão sentir menos dor e não terão alargamento vaginal. A possibilidade de fazer laqueadura de trompas na mesma cirurgia, prática proibida por lei, também motivaria a opção pela cesárea.
"É toda uma cultura, nós temos profissionais de saúde que acreditam que a cesárea é melhor, eles não têm tempo, por causa da quantidade de empregos, para ficar cuidando das mulheres, então é um ciclo, são vários fatores", destaca Maria José Oliveira Araújo.
Agência Brasil
FONTE: Noolhar.com.br
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