Pajés e parteiras indígenas ganham novos conhecimentos sem renunciar a sua cultura
escrito por: Tricia em sexta-feira, novembro 24, 2006 às 8:59 AM.
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Juracy Xangai
Mais de 380 parteiras indígenas, pajés e agentes de saúde indígena participaram das oficinas realizadas ao longo deste ano para a troca de experiência sobre os cuidados no parto e a saúde nas aldeias.
As oficinas vem sendo realizadas pela Organização das Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia (Sitoakore) liderada pela índia Letícia Yawanawa.
Segundo ela, esse é um trabalho de resgate e valorização das funções das parteiras e pajés que ao longo dos últimos anos foram sendo postos de lado pelas autoridades dos serviços públicos de saúde em seus programas. Assim, possivelmente sem ter esse objetivo, acabaram por prejudicar a força e a continuidade de muitas tradições, que tem sido fundamentais para a agregação social e a sobrevivência dessas comunidades.
“Infelizmente os serviços oficiais de saúde não reconhecem nossas parteiras com seus conhecimentos tradicionais, nem os pajés como nossos médicos que são. Estas pessoas já contribuíram e continuam contribuindo para a sobrevivência de nosso povo e a preservação de nossa cultura”, afirma Letícia.
Ela reclama do fato de que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) quando chama a parteira ou o agente de saúde para um treinamento, não convida junto o pajé que é o primeiro a ser procurado pelas pessoas da aldeia quando sentem problemas de saúde física ou espiritual.
“Essa situação em se que cria uma separação que tradicionalmente não existe em nossa cultura porque pajé e parteira trabalham juntos e tem o respeito de todos. Ao chamar o pajé para discutir as questões da saúde está sendo dado maior valor à pessoa dele, ao mesmo tempo que ele estará aproveitando novos conhecimentos para orientar os jovens e mulheres das aldeias”.
A série de oficinas que vem sendo realizadas nos municípios do Acre, será encerrada em março do ano que vem com a realização de um encontro estadual de parteiras tradicionais e pajés que acontecerá em Rio Branco.
“Nele estaremos discutindo a formação de uma política pública destinada a atender de maneira diferente os serviços de saúde destinados às comunidades indígenas, até porque é possível levar novos conhecimentos às parteiras e pajés sem desrespeitar nossos costumes e tradições”.
FONTE: UOL
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